Mesmo com dieta equilibrada, prática de exercícios e disciplina, muitas pessoas relatam que o peso permanece o mesmo e o corpo parece resistente à perda de gordura. Um dos fatores menos discutidos, mas extremamente relevantes nesse cenário, é a inflamação crônica de baixo grau.
Segundo a endocrinologista Dra. Carolina Mantelli, referência em saúde hormonal e emagrecimento, a inflamação crônica é silenciosa, mas impacta profundamente o funcionamento do organismo. “Diferente da inflamação aguda, que aparece com febre ou infecção, a inflamação crônica é sutil, contínua e mantém o corpo em estado de alerta permanente, como se estivesse lutando contra um inimigo invisível”, explica.
Essa condição pode ser causada por alimentação inflamatória — rica em açúcar e ultraprocessados —, estresse constante, sono de má qualidade, desequilíbrios hormonais, disfunções intestinais e pelo acúmulo de gordura visceral, principalmente na região abdominal.
Quando o corpo está inflamado, diversos mecanismos ligados à regulação do peso são afetados. A resistência à insulina aumenta, facilitando o armazenamento de gordura. A ação da leptina, hormônio da saciedade, fica comprometida, dificultando o controle do apetite. Os níveis de cortisol se elevam, favorecendo compulsões alimentares e acúmulo de gordura abdominal. A tireoide tem seu funcionamento prejudicado, o que desacelera o metabolismo. E o intestino, quando desequilibrado, reduz a absorção de nutrientes e aumenta a permeabilidade intestinal.
“Um corpo inflamado entra em modo de defesa e resiste à perda de peso. É como se ele estivesse tentando se proteger, armazenando gordura como uma reserva estratégica. O emagrecimento, nesses casos, não acontece por falta de esforço, mas por falta de equilíbrio”, afirma a médica.
A desregulação hormonal, a fome emocional e as alterações de humor também são sintomas comuns nesse contexto, dificultando ainda mais o processo de emagrecimento. Para a Dra. Carolina, a solução está em tratar a base do problema: “Inflamação não se combate com dietas restritivas, mas com mais saúde de verdade.”
Entre as estratégias indicadas estão a redução de açúcares e alimentos industrializados, o aumento do consumo de alimentos anti-inflamatórios, como cúrcuma, frutas vermelhas, azeite de oliva e peixes ricos em ômega-3, além da correção de disfunções intestinais e hormonais, manejo do estresse, melhora da qualidade do sono e prática regular de atividades físicas.
“Quando o corpo se sente seguro e bem nutrido, ele responde. O emagrecimento flui de forma natural e mais leve. Não se trata de punição ou restrição extrema, mas de recuperar a confiança do corpo no próprio equilíbrio”, conclui a médica.