Por Cesar Nanci, Vice Presidente de Produto da Gupy
Inovar e disruptar são verbos de ordem na nova economia. As gerações possuem expectativas diferentes em relação ao futuro e ao trabalho, os ciclos de desenvolvimento das lideranças estão cada vez mais curtos (para suprir as necessidades do negócio) e a Inteligência Artificial mudou de vez a maneira como nos relacionamos e interagimos com o mundo.
Em meio a esse mar de novidades, navega o profissional de Recursos Humanos, envolto de grandes dilemas e desafios, e tentando entender: como equilibrar a tecnologia e o “toque” humano? Como reduzir o risco de perder talentos? Como o RH pode ser mais relevante para a organização? O papel do RH vem mudando drasticamente, e as novas tendências e ferramentas estão transformando culturalmente os líderes e gestores de pessoas
Sempre que falamos sobre IA, independente da demanda ou área em que ela está sendo utilizada, é inevitável o questionamento sobre como usamos este artifício a nosso favor sem perder o viés humano. Em um primeiro momento, é natural o receio de que, de fato, as máquinas estejam ocupando o lugar das pessoas. Mas, com o tempo, percebemos que a tecnologia é favorável de diversas formas, e pode, efetivamente, contribuir para o desenvolvimento de pessoas e organizações em vários sentidos.
Não poderia ser diferente para os Recursos Humanos. Apesar da denotação importante que ele carrega em seu nome, a implementação de tecnologias e Inteligência Artificial vem se mostrando essencial para um setor que, até pouco tempo atrás, era associado a trâmites burocráticos relacionados à contratação, benefícios e demissão de colaboradores.
Nos últimos anos, o contexto de mercado contribuiu para que o RH ganhasse sua devida importância como uma área extremamente estratégica para o desenvolvimento de um negócio. Um estudo feito pela Revelio Labs neste ano, mostra que o setor já está liderando a adoção de IA no contexto administrativo. Recrutadores, Instrutores e Business Partners estão entre os cargos que mais exigem conhecimento em Inteligência Artificial para, entre outras necessidades, eliminar tarefas repetitivas.
Ao mesmo tempo, o novo cenário que provoca mudanças profundas no comportamento das pessoas e empresas, exige novas ferramentas, novas competências e uma nova mentalidade. Se antes as corporações ofereciam benefícios e plano de carreira como diferenciais, agora, outros fatores influenciam o interesse dos profissionais por determinada vaga e impactam a retenção de talentos e decisão de saída, tais como a cultura organizacional, modelos de liderança, gestão e a experiência do colaborador.
A IA atua como copiloto para um RH estratégico. O futuro da gestão de pessoas – que já está ao alcance das mãos – é contar com soluções que facilitem a escuta ativa dentro das companhias e ajudem no desenvolvimento de técnicas prescritivas, preditivas e descritivas para antecipar e resolver problemas críticos. O que as difere é o tempo de ação. A primeira se aplica quando analisamos um cenário futuro, ainda que próximo, e as demais, quando se tratam de situações no presente e passado, respectivamente. Ou seja, a Inteligência Artificial nos ajuda a agir de maneira estratégica a qualquer momento.
Um exemplo disso são as ferramentas de “pulso contínuo”, já disponíveis no mercado. O objetivo é medir constantemente o engajamento, performance, aprendizado, e até bem estar das pessoas colaboradoras, gerando informações e insights valiosos de causalidade sob diferentes dimensões do cotidiano em uma corporação,. Desta forma, o RH e a liderança conseguem atuar preventivamente para garantir a satisfação de seus colaboradores e, consequentemente, bons resultados para a empresa.
A transformação nas demandas e ferramentas, implica também na mudança de indicadores. Diferente do RH que estava, até agora, focado em desenvolver e automatizar processos, o RH do futuro se torna um designer de experiências, preocupado com a jornada das pessoas do começo ao fim de seu ciclo na empresa, assim como medidas de Diversidade & Inclusão, Employee Value Proposition, mobilidade interna, aumento do e-LTV, entre outros fatores que vão ganhando mais relevância para que a organização se diferencie enquanto marca empregadora e ganhe tração de negócio.
Durante muito tempo, o RH contou com sua intuição e um conhecimento avançado sobre comportamento humano como principal fator de competição com os demais cargos da organização. Agora, uma necessidade comum a qualquer negócio é que ele seja cada vez mais Data Driven e que as decisões sejam tomadas a partir da análise e interpretação dos dados. Para um futuro próximo, a tendência é que empresas e profissionais tornem-se, acima de qualquer coisa, Intelligence Driven , pedindo por uma diversificação nas fontes fornecedoras de dados para enriquecer a triagem, a análise e até as ações a serem tomadas.
O People Analytics chegou para ficar e já deixou de ser tendência: é um pré-requisito essencial na gestão de pessoas. O caminho, a partir de agora, é sermos cada vez mais humanos a partir da utilização de tecnologia para coletar dados e informações que contribuam para colocarmos projetos em prática, mudarmos cenários e elaborarmos estratégias, sempre alinhadas às perspectivas do negócio. A Inteligência Artificial com certeza se torna uma aliada cada vez mais presente no dia-a-dia da gestão de pessoas.