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Gleisi acusa governadores de direita de favorecer intervenção dos EUA

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© Joédson Alves/Agência Brasil
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A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, acusou governadores alinhados à direita de minar a unidade nacional e, com isso, facilitar a ingerência dos Estados Unidos nos assuntos internos do Brasil. Em publicação nas redes sociais, ela afirmou que esses líderes — com destaque para Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) — preferem “a divisão política” à colaboração com o governo federal no combate ao crime organizado.

O alvo da crítica foi a recusa desses governadores em apoiar a PEC 18/2025, conhecida como PEC da Segurança Pública, enviada ao Congresso pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A proposta prevê que a União defina diretrizes nacionais de segurança, de observância obrigatória pelos estados — embora mantenha as polícias sob gestão estadual. Para Gleisi, a iniciativa é essencial para coordenar esforços contra o crime organizado. “Segurança pública é uma questão muito importante, que não pode ser tratada com leviandade e objetivos eleitoreiros”, destacou.

Autonomia ou fragmentação?

Governadores como Caiado argumentam que a PEC retira dos estados a autonomia constitucional sobre suas forças de segurança. “Querem transferir nossa autonomia e transformar em diretriz geral do Ministério da Justiça. É intervenção direta nas polícias dos estados”, afirmou o goiano. A Constituição de 1988, de fato, atribui aos governadores o comando das polícias militares e civis — um ponto central no embate federativo atual.

O governo federal, por sua vez, insiste que a proposta não altera essa estrutura, mas apenas cria um arcabouço estratégico comum, com base em dados e inteligência compartilhada. Afinal, o crime organizado não respeita fronteiras estaduais — e muito menos burocracias.

Consórcio da Paz: cooperação sem Brasília?

Na quinta-feira (30), sete governadores lançaram o chamado Consórcio da Paz, uma aliança interestadual para troca de inteligência e apoio logístico no combate ao crime. Participaram do encontro no Rio de Janeiro os governadores de Minas Gerais, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal e São Paulo — este último por videoconferência.

O grupo elogiou a recente operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou na morte de 121 pessoas — incluindo quatro policiais — e na apreensão de 93 fuzis. Romeu Zema chegou a classificar a ação como “a mais bem-sucedida da história da segurança pública no Brasil”. No entanto, o principal alvo, Edgar “Doca” Andrade, líder do Comando Vermelho, não foi capturado e permanece foragido.

Entre Caracas e Brasília

Gleisi também fez uma ligação geopolítica delicada: comparou a postura desses governadores à de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos EUA desde março e é acusado de pressionar por sanções contra o Brasil — como a aplicação da Lei Magnitsky e restrições a vistos de autoridades brasileiras. “Não conseguem esconder seu desejo de entregar o país ao estrangeiro, do mesmo jeito que Eduardo Bolsonaro e sua família de traidores da pátria fizeram”, afirmou.

O contexto regional não é trivial. O governo norte-americano tem posicionado navios no Caribe, alegando combate ao narcotráfico, mas o presidente venezuelano Nicolás Maduro denuncia uma tentativa de golpe. Nesse cenário, qualquer sinal de instabilidade interna no Brasil pode ser explorado — algo que, segundo Gleisi, certos atores políticos parecem ignorar… ou até incentivar.

O projeto, diga-se, é uma aposta ousada: unificar a segurança num país onde a desconfiança entre esferas federativas muitas vezes fala mais alto que o interesse público. E enquanto governadores constroem muros, o crime organiza pontes — entre favelas, estados e até fronteiras.

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