Jamil Chade e Marie Ange Bordas refletem sobre fronteiras, pertencimento e resistência em um dos momentos mais contundentes do festival literário
Numa época em que muros se erguem mais rápido que pontes, e passaportes se tornam escudos ou sentenças, a literatura resiste como território possível de memória, denúncia e reconstrução. No sábado, 17 de maio, às 15h30, a FLIMA – Festa Literária Internacional da Mantiqueira promove a mesa “Deslocamentos Forçados: Migração e Refugiados”, com Jamil Chade e Marie Ange Bordas, dois autores que transformam as fronteiras do mundo em linhas de escuta, crítica e empatia. A mediação será da jornalista Paula Carvalho.
No centro da conversa está o novo livro de Chade, “Crônicas de uma viagem pela distopia americana” (Editora Nós), uma obra que parte da reeleição de Donald Trump em 2024 para registrar, com apuro literário e rigor jornalístico, o esfacelamento de uma nação que um dia se projetou como farol democrático. Não se trata apenas de geopolítica — mas de vidas. Chade percorre campos de refugiados, cidades cortadas pela violência, desertos onde a esperança morre de sede, e revela o retrato de um país em colapso moral, onde a imigração é criminalizada e o ódio se institucionaliza. “Nas urnas, o que estava em jogo era a alma de um país”, escreve.
Ao seu lado, Marie Ange Bordas traz uma dimensão igualmente potente e visceral: a memória em trânsito. No vídeo que publicou nas redes veja aqui, a autora relembra sua passagem por campos de refugiados palestinos, e como ali ouviu histórias que ainda reverberam em seu corpo e obra. Artista, escritora e educadora, Marie Ange trabalha há mais de uma década com comunidades afetadas por deslocamentos forçados — crianças, migrantes, vítimas de desastres. Seu trabalho, que mescla palavra, imagem e presença, é uma escuta sensível dos mundos partidos, mas também da beleza que resiste entre ruínas.
Juntas, as vozes desses autores nos convocam a olhar de frente para aquilo que muitos preferem ignorar: os deslocamentos que não são apenas físicos, mas simbólicos, afetivos, políticos. Palestina, Brasil, Estados Unidos. Muros, valas, fronteiras. A mesa da FLIMA não oferece respostas prontas — mas convida à escuta. E esse já é um gesto radical.
Num mundo onde o exílio virou rotina e o pertencimento virou privilégio, pensar literatura é também pensar em travessias. Como transformá-las em linguagem, em gesto, em luta?
📚 Mesa – DESLOCAMENTOS FORÇADOS: MIGRAÇÃO E REFUGIADOS
🗓 Sábado, 17 de maio | ⏰ 15h30
📍 Auditório – FLIMA 2025 | Santo Antônio do Pinhal (SP)
👥 Com: Jamil Chade e Marie Ange Bordas
🎙 Mediação: Paula Carvalho
🎟 Entrada gratuita
📺 Transmissão com acessibilidade no YouTube da FLIMA
🌐 Programação completa: www.flima.net.br
♿ LIBRAS, audiodescrição e legendas disponíveis na transmissão online