Um relatório recente divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que até 2030 quase 500 milhões de pessoas desenvolverão doenças não transmissíveis devido à falta de atividade física. Na lista, aparecem disfunções como obesidade, diabetes, doenças cardíacas, entre outras. A saúde vascular, essencial para o bom funcionamento do organismo, também tem relação direta com a qualidade de vida, mas muitas vezes é deixada de lado, inclusive durante os exames de rotina.
Segundo o Dr. Marco Lourenço, médico e especialista em Cirurgia Vascular, Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular, assim como acontece com outras patologias, genética e alguns hábitos diários podem ser alguns dos fatores que potencializam a probabilidade do aparecimento de diferentes doenças como as dilatações, ou os chamados aneurismas, e os entupimentos nas artérias carótidas, que podem causar o AVC (derrames), ainda bastante desconhecidos pela população.
“Existem várias doenças vasculares, mas basicamente elas são alterações do sistema circulatório do corpo que irrigam órgãos, cabeça e membros. Quando algo está errado, no caso de um entupimento, pode acontecer a falta de circulação em um determinado órgão ou membro, comprometendo seu funcionamento. Além disso, pode ocorrer também um rompimento dos vasos que levam o sangue para o corpo, nos casos de aneurismas”, alerta o especialista.
Conheça algumas doenças vasculares ainda desconhecidas pela população:
Aneurismas não são apenas cerebrais:
É comum ocorrer a associação do aneurisma com problemas nas artérias intracranianas, mas o que poucos sabem é que existem outros tipos, como os de aorta torácica e aorta abdominal. A aorta é a principal artéria do corpo e é responsável pela distribuição de sangue para todos os órgãos e membros, dela se originam os vasos circulatórios que irrigam o cérebro, os órgãos do abdome, braços e pernas. O aneurisma de aorta acontece quando há uma dilatação desse vaso maior que 50% do seu diâmetro normal e com o passar do tempo, ele pode se romper causando uma grande hemorragia interna, levando à morte em até 90% dos casos.
Tabagismo, principalmente em conjunto com a hipertensão arterial, e histórico familiar são grandes fatores de risco. Quem tem o hábito de fumar, tem em torno de sete vezes mais probabilidade de desenvolver a doença. Não existe um medicamento específico, após o diagnóstico positivo, o tratamento, que pode ser até cirúrgico, vai depender dos sintomas relacionados. Para identificar a doença de forma precoce, é importante realizar avaliações periódicas com um cirurgião vascular.
Aterosclerose:
A doença nada mais é do que uma degeneração da parede da artéria levando à formação de placas de gordura. Esse envelhecimento dos vasos da circulação arterial pode desenvolver estreitamentos, entupimentos, ou até mesmo, um enfraquecimento dessa parede, evoluindo para dilatações das artérias, os chamados aneurismas.
Nas artérias carótidas, que irrigam o cérebro, aproximadamente 15% dos casos dessa interrupção de fluxo pode levar ao AVC.
Apesar do envelhecimento natural da circulação, e, consequentemente, o acometimento em pessoas mais idosas, condições e hábitos de vida do indivíduo como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, obesidade, colesterol alto, diabetes, pressão alta e histórico familiar são os principais índices de riscos ligados à doença, que não possui cura, apenas estabilização; e se não identificada de forma precoce, pode causar vários problemas ao corpo e órgãos.
Os sintomas dependem do local em que o dano acontece, como por exemplo, dores abdominais ao comer, caso a falta de circulação ocorra no intestino. Mas a aterosclerose também pode ser silenciosa, caso ocorra o desenvolvimento de um aneurisma na circulação arterial, podendo ser detectada apenas por exames.
Obstrução das carótidas:
De extrema importância para o corpo humano, as carótidas se originam na parte superior do tórax, passando pela região do pescoço e são as principais artérias responsáveis por irrigar e levar oxigênio para o cérebro por meio da circulação. Quando obstruídas, ocorre uma parada da irrigação em um determinado local do cérebro, levando a uma isquemia (falta de circulação) e, consequentemente, a morte da região afetada, o AVC.
O tratamento do estreitamento pode prevenir um acidente vascular. O uso de medicamentos diminui o risco da evolução ou aumento do estreitamento da carótida. Já nos casos mais graves, intervenções cirúrgicas podem corrigir o estreitamento e diminuir as chances de obstrução completa, ou que ocorra um desprendimento de fragmento de placa de gordura da carótida.
Engana-se quem pensa que as pessoas afetadas são apenas os adultos mais velhos, o estreitamento das carótidas também pode acontecer em jovens, principalmente por causa do aumento de alguns fatores de risco, como o uso de álcool excessivo, tabagismo, incluindo os cigarros eletrônicos, dieta desequilibrada, drogas, stress, ansiedade e outros problema.
“A qualidade de vida e escolhas dos indivíduos estão diretamente ligados à saúde vascular. A prevenção sempre será o melhor tratamento, por isso, em resumo, devemos evitar os hábitos já mencionados como tabagismo, alcoolismo e sedentarismo, que consequentemente, levam a outros problemas como colesterol alto, pressão elevada, obesidade e diabetes. Pode-se diminuir ou até estabilizar a evolução de doenças vasculares controlando diversos fatores de risco”. Finaliza o dr. Marco.
Sobre o Dr. Marco Lourenço | https://marcolourenco.com.br | @drmarcolourenco
Dr. Marco Lourenço é Especialista em Cirurgia Vascular, Angiorradiologia e Cirurgia Endovascular pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV) e Associação Médica Brasileira (AMB), registrado no Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM PR) e Membro Efetivo da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).
É pioneiro no Paraná no Tratamento Endovascular do Aneurisma de Aorta Abdominal (1998) e no Tratamento Endovascular do Aneurisma de Aorta Abdominal Roto (2001). É pioneiro no Brasil no Tratamento Endovascular do Aneurisma de Aorta Abdominal com endoprótese fenestrada para as artérias renais (2004) e na Técnica de Crioplastia para desobstrução de oclusões arteriais dos Membros Inferiores (2006). É também Criador da técnica minimamente invasiva para tratamento dos aneurismas complexos toracoabdominais, apresentada em congressos internacionais.