O Brasil sempre esteve entre os 5 ou 6 países que mais sofrem ataques cibernéticos no mundo, além de ser uma das maiores fontes geradoras de ataques globais. Com isso, muitos se perguntam se o Brasil tem capacidade e infraestrutura para lidar com essas ameaças. Para Guazzelli, diretor-geral da NETSCOUT Brasil, a resposta é afirmativa: “Nós temos um setor de infraestrutura muito bom, principalmente desde os anos 2000, quando aconteceu a abertura do mercado e a privatização desse nicho. Esse movimento garantiu uma evolução muito rápida e um crescimento tecnológico a galope”, explica o executivo.
Entretanto, o que acaba prejudicando o potencial máximo do país é a ainda deficitária formação de profissionais qualificados para acompanhar a velocidade em que a transformação digital ocorre atualmente, principalmente na questão técnica. Hoje, é necessário investimento e o incentivo ao desenvolvimento desses profissionais.
“Temos instituições fortes como INPE, ITA e também as FATECs regionais, e outras da iniciativa privada com grande potencial. Precisamos agora de foco e planejamento governamental para que o Brasil equilibre o potencial agrícola com a produção tecnológica, passando a desenvolver produtos de valor agregado também”, pontua Guazzelli.
A implementação de políticas públicas voltadas à formação técnica de profissionais é cada vez mais necessária. Uma iniciativa interessante seria incluir disciplinas relacionadas à tecnologia desde o ensino fundamental, despertando a curiosidade e conscientizando as crianças sobre a importância dessa área para o mundo atual. Além disso, essa medida pode contribuir para a redução do turnover no mercado de trabalho e para a continuidade de projetos privados e públicos, uma vez que os profissionais terão uma base sólida em tecnologia desde a sua formação. “O Brasil é um país jovem e capacitado. Portanto, é possível implementar tais políticas e investir na formação das gerações mais novas para um futuro mais próspero e tecnológico”, finaliza o especialista.
Recorte Brasil do relatório Global DDoS Threat Intelligence” da NETSCOUT
· Segundo o relatório “Global DDoS Threat Intelligence” da NETSCOUT, o Brasil segue como o maior alvo das organizações criminosas na América Latina, liderando o ranking de ataques DDoS sofridos com 285.529 (39.23% dos 727. 686 de toda a região) no segundo semestre de 2022.
· Neste mesmo ano, houve um crescimento de 19% no número de ataques cibernéticos na América Latina em relação do primeiro para o segundo semestre.
· Ainda segundo os dados da NETSCOUT, líder global de soluções de cibersegurança para empresas, os principais setores-alvos foram as operações de telecomunicação sem fio (33.593), telecomunicação com fio (10.050) e servidores de processamento de dados (7.584).