Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos em 20 de janeiro, Donald Trump tem conduzido um governo marcado por medidas controversas e impactos significativos, especialmente na política imigratória. Em apenas um mês, sua administração consolidou uma ofensiva contra imigrantes indocumentados, intensificou deportações e fortaleceu a segurança na fronteira com o México. Entre críticas severas e elogios pontuais, o governo Trump já deixou claro que sua abordagem é radicalmente diferente da de seu antecessor, Joe Biden.
A polêmica da cidadania por nascimento
Uma das mais controversas tentativas de Trump neste primeiro mês foi acabar com o direito de cidadania automática para aqueles nascidos em solo americano. Atualmente, a Constituição dos EUA garante que qualquer pessoa nascida no país seja cidadã. A administração Trump tentou reverter essa regra por meio de uma ordem executiva, restringindo o benefício para filhos de imigrantes indocumentados e de portadores de vistos temporários.
Porém, a Justiça americana suspendeu a efetivação da medida, que ainda será julgada no mérito. Para especialistas, como o professor e advogado de imigração e membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), Dr. Vinicius Bicalho, trata-se de uma ação flagrantemente inconstitucional. “A Constituição americana é clara e está em vigor há mais de um século. Qualquer tentativa de alterá-la por meio de uma ordem executiva desafia a própria estrutura legal do país”, afirma Bicalho.
Medidas restritivas e impacto humanitário
A agenda anti-imigração do governo Trump também incluiu a suspensão do programa de acolhimento a refugiados e a ampliação do expedited removal, um processo de remoção sumária que reduz significativamente os direitos de defesa de imigrantes indocumentados. A retórica do presidente em relação aos imigrantes ilegais tem sido especialmente hostil, o que tem levantado preocupações entre ativistas e entidades de direitos humanos.
“A postura do governo demonstra uma clara mudança de foco: saímos de uma administração com viés humanitário para um governo que prioriza interesses econômicos na política migratória”, explica Bicalho.
Resultados concretos e mudança de perfil migratório
Apesar das críticas, os dados do primeiro mês do governo Trump mostram uma queda de 95% no fluxo de imigrantes atravessando ilegalmente a fronteira sul, um dos principais objetivos de sua campanha. Além disso, houve uma aceleração no visa bulletin, o diário oficial da imigração, que regula a fila para vistos migratórios. Esse ritmo foi mais rápido do que no governo Biden, o que indica que a administração Trump pretende priorizar imigrantes qualificados que possam contribuir economicamente para o país.
A sinalização é clara: a imigração para os EUA sob Trump será cada vez mais voltada a profissionais especializados, enquanto a entrada de imigrantes de baixa qualificação ou em situação vulnerável será rigidamente controlada.
O futuro da imigração nos EUA
O primeiro mês da presidência de Donald Trump mostra que ele não pretende recuar de suas promessas de campanha, especialmente na política imigratória. Entre polêmicas e impactos concretos, sua administração impõe um novo paradigma na forma como os EUA lidam com a imigração.
O que se pode esperar daqui para frente? Mais embates judiciais, novas ordens executivas e um país cada vez mais dividido entre aqueles que veem Trump como um defensor da segurança nacional e os que o consideram uma ameaça aos valores democráticos do país.