2023 é o ano da Copa do Mundo feminina de futebol, que será realizada entre 20 de julho e 20 de agosto na Austrália e Nova Zelândia. Com toda essa atmosfera de atenção crescente para o esporte, acontece O Maior Festival Feminino de Várzea do Mundo – III Edição no dia 16 de julho, das 8h às 17h, no Parque Sete Campos, na Zona Sul de São Paulo. Oitenta times, formados por mulheres das periferias da cidade e mais de mil jogadoras, ocupam simultaneamente os campos, quadra de futsal e de futebol de sete.
O evento é uma realização da Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros, uma entidade independente e formada por voluntárias apaixonadas pelo esporte. O festival ainda conta com a correalização do Museu do Futebol, do Sesc São Paulo e da Prefeitura de São Paulo, além do apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, da Secretaria Nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, do Ministério do Esporte, do Governo de São Paulo, da Poker Esportes e do app Ritmo do Esporte.
Cada parceiro e apoiador contribuiu com uma parte do trabalho e estrutura para organização, que também possui uma programação com oficinas de skate e de pipa, circo, música, além de um bate-papo com Roseli (ex-jogadora da seleção brasileira de futebol) e a narradora esportiva Vivi Falconi. Diferente de um torneio, o festival não tem caráter competitivo. O objetivo é reunir as atletas amadoras para um grande momento de celebração e confraternização, entre elas e suas famílias.
O futebol de várzea feminino é uma prática de amor e resistência das mulheres da periferia paulista e vem florescendo na última década. Entre 1941 e 1979, as mulheres foram proibidas por lei de jogar futebol no Brasil. Embora a prática tenha continuado com base em muita resistência e resiliência mesmo nesse período, a proibição prejudicou o desenvolvimento da modalidade até mesmo como lazer, fazendo com que os campos de várzea fossem ocupados quase que inteiramente por homens. Atualmente, a paixão renovada pelo esporte é o que move as atletas amadoras a buscar espaços para jogar, mas ainda tendo que enfrentar muita resistência e preconceito.
“Há menos de 5 anos era evidente o desconhecimento da prática do futebol amador por mulheres na cidade de São Paulo. Elas não só jogam hoje como fazem isso há mais de 100 anos. Tanto o Festival como as pesquisas acadêmicas recentes têm sido estratégicas em visibilizar esse futebol e reivindicar políticas públicas próprias para fortalecer o esporte como um direito”, ressalta a historiadora do esporte Aira Bonfim, uma das voluntárias na organização do Festival.
HISTÓRICO
A Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros, encabeçada Maria Amorim, jogadora, técnica e dirigente de várzea da equipe Apache, nasceu de forma orgânica da articulação e visibilidade da modalidade feminina de futebol, no boca a boca, de rede em rede social, colocando em contato mulheres varzeanas de diferentes lugares da cidade através do WhatsApp.
Em 2019, poucos anos após sua criação, a Liga já somava mais de 100 agremiações, com um conjunto expressivo localizado nos bairros da zona sul de São Paulo. Abrangência que estimulou a organização de um festival esportivo – modalidade tradicional do cenário varzeano – só com equipes de mulheres da cidade de São Paulo e redondezas. Em conjunto com os dirigentes das agremiações responsáveis pelos campos de futebol do Complexo Esportivo do Campo de Marte, foi organizada, em 15 de novembro de 2019 e 2021, feriado nacional, as primeiras edições do Festival, disputada simultaneamente nos seis campos do local.
NÚMEROS
Com um trabalho de pesquisa por meio de um projeto de extensão da PUC-SP, coordenado por Aira Bonfim, Alberto Luiz dos Santos, Enrico Spaggiari e José Paulo Florenzano, foi realizado um extenso levantamento sobre o futebol de várzea feminino junto com a Liga Feminina de Futebol Amador de Parelheiros e outras jogadoras. A iniciativa teve como objetivo mapear a distribuição espacial das equipes femininas amadoras de futebol na região metropolitana de São Paulo (SP) e traçar um perfil social da composição dos times.
De acordo com o mapeamento realizado em 2022, foram identificados 146 times de várzea em atividade na Grande São Paulo, dos quais 95 concordaram em participar da pesquisa. O estudo apontou que a principal dificuldade enfrentada pelas jogadoras é o acesso aos campos e quadras, com times masculinos resistindo em ceder o espaço. Os times femininos simbolizam espaços de inclusão, com 28,2% deles tendo atletas trans em suas equipes.
A pesquisa ainda revela uma minoria de mulheres na liderança deste futebol, seja gerindo uma equipe ou administrando um campo de futebol. O levantamento mostrou que 67,4% das equipes são treinadas por homens e somente 29,5% têm mulheres como treinadoras.
Programação
Gramado (espaço do parque em torno dos campos)
*9h às 16h – Recreação Esportiva (Futebol Callejero, bambolê, cabo de guerra, paraquedas, estafetas);
*9h às 16h – Oficina de pipa;
*9h às 11h – Oficina de malabarismo – com a Cia Supercirco;
*10h30 – Aula de ritmos com educadores do Sesc Santo Amaro;
*12h – Aula de ritmos com educadores do Sesc Santo Amaro;
*13h às 14h – Festa no Céu e outras alegrias – contação de histórias;
*15h às 16h – Olimpíada de malabarismo – espetáculo com a Cia Supercirco.
Pista de Skate
*9h / 16h – Vivência de Skate.
Campo de Futebol
*9h / 16h – DJ Licciss e MC Brisa De La Cordillera (locução e intermediação dos jogos).
*10h30 – Bate-papo com Roseli (ex-jogadora da seleção brasileira de futebol) e Vivi Falconi (Narradora esportiva);
SERVIÇO
O Maior Festival Feminino de Várzea do Mundo – III Edição
Parque Sete Campos – Estrada do Alvarenga, s/n – Cidade Ademar, São Paulo
16 de julho de 2023 – Das 8h às 17h. Entrada Gratuita