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Lavínia Pannunzio estreia curta temporada de “Elizabeth Costello”  — monólogo do Nobel sul-afriano J.M Coetzee, com direção de Leonardo Ventura

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Lavínia Pannunzio estreia curta temporada de “Elizabeth Costello”  — monólogo do Nobel sul-afriano J.M Coetzee, com direção de Leonardo Ventura
Fotos de cena de João Maria
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Projeto teatral idealizado pela atriz Lavínia Pannunzio, que resultou no espetáculo Elisabeth Costello com dramaturgia e direção de Leonardo Ventura, sobre a obra homônima do laureado escritor sul-africano J.M Coetzee, considerado um dos principais escritores de língua inglesa. A peça fez temporadas no TUSP, no Sesc Bom Retiro, foi apresentada no Cultura em Casa, do Sesc Digital, durante a pandemia e agora volta ao cartaz, no Centro Cultural FIESP, a partir de 07 de setembro.

Uma velha escritora vive entre gatos em uma aldeia do interior. Enquanto faz uma profunda reflexão diante de um gravador, cria uma narrativa de ficção onde a personagem Elizabeth Costello, deve fazer declarações de crença diante de uma banca de juízes para passar por um misterioso portão. Diante das questões “No que creio? Por quê creio?”, Elizabeth Costello recorre à sua luta mais cara, a dos direitos dos animais para respondê-las. No entanto, sente-se inadequada com a recepção de suas ideias por parte da banca de seus ávidos juízes. Para encontrar uma maneira de falar que traga iluminação e não divisão, Elizabeth recorre à outros temas como: a filosofia e os animais; a poesia e os animais; o mal sob a ótica de um estupro que sofre ainda jovem; a análise crítica da lógica cristã em um potente embate com sua irmã na África; a empatia gestada pela sua perspectiva humanista, entre outros. Estes temas, ainda que não revertam sua condição inadequada, acabam por levar a escritora a um culminante contato com forças míticas ontológicas e primordiais de existência, revelando suas crenças sobretudo no que é real no âmbito da natureza.

Elizabeth Costello é um espetáculo que apresenta três planos temporais, resultantes do hibridismo narrativo presente na obra original e pautado, sobretudo, pelo trabalho da atriz na construção das diferentes narrativas e facetas da personagem.

Sobre a Dramaturgia por Leonardo Ventura

Elizabeth Costello, de J.M. Coetzee é dividido em oito “lições”, de escrita densa, com múltiplas camadas, referências literárias, filosóficas e com trânsito por diversos gêneros; além da presença de um narrador flutuante que assume diferentes perspectivas. Diante desta abrangência, nosso processo instaurou-se suprimindo toda matéria de reflexão literária, deixando emergir ações, circunstâncias, fortes imagens e sobretudo, o ponto de vista prismático da personagem.

Observamos que a questão do Mal era recorrente na narrativa, notadamente nas lições acerca da temática dos animais, do holocausto e do cristianismo: o mal como consequência dos desvios de processos civilizatórios; essas narrativas configuram a primeira metade da nossa peça.

Na lição a respeito das humanidades na África, o autor apresenta a cultura do Renascimento como uma possível via de conciliação civilizatória, tema que foi inserido no início da segunda parte da peça, e que abriu espaço para o retorno da personagem ao ambiente mítico presente nas últimas lições. Este retorno encerra o desfecho da nossa dramaturgia: o contato da personagem com os elementos e com as forças primordiais como sua proposta de civilidade.

Entretanto, precisávamos de uma ação geral como receptáculo dessa trajetória, que encontramos na última lição: uma mulher escrevendo uma declaração de crença diante de uma banca de juízes para atravessar um misterioso portão; cada narrativa escolhida tornou-se então, uma das declarações que Elizabeth escreve aos juízes. Por fim, o conto “A mulher e os gatos” (onde a personagem encontra-se exilada, metaforicamente para além deste portão), foi inserido, estabelecendo o tempo presente da ação geral dramatúrgica e a condição concreta da personagem: uma mulher, num lugar longínquo, ficciona esta personagem e estas narrativas diante de um portão.

Sobre a Encenação

         A encenação parte da lógica da dramaturgia, onde se têm três planos da personagem: a escritora exilada, velha, fazendo uma reflexão profunda diante de um gravador (já que não escreve mais) e criando uma narrativa de ficção que resulta na segunda Elizabeth Costello; esta, ficcionada, deve fazer uma declaração de crença diante de uma banca de juízes para passar por um misterioso portão. Estas declarações geram o terceiro plano, o de ações e circunstâncias desta personagem criada, como por exemplo, a narração de um estupro que sofre ainda jovem; a análise crítica da lógica cristã em um potente embate com sua irmã na África; a empatia gestada pela sua potente perspectiva humanista, revelada pela sua relação com seres muito diversos e o culminante contato com os mitos gregos e as forças primordiais de existência. Com os três planos em cena convencionou-se uma tradução em ação dos desdobramentos das narrativas que o autor propõe no material original. O cenário, a luz e o som ajudarão na definição destes diferentes planos, entretanto, a encenação é ancorada, sobretudo, no trabalho da atriz.

Sobre o autor

John Maxwell Coetzee é considerado um dos principais escritores de língua inglesa. Sul-africano nascido em 1940, Coetzee recebeu o Nobel de literatura em 2003, dois Booker Prize, entre outros importantes prêmios. Existem cerca de vinte livros do autor publicados no Brasil atualmente, embora a bibliografia de Coetzee seja bem mais vasta.

Sinopse

Para atravessar um enigmático portão, uma escritora deve apresentar a uma banca de juízes, uma declaração de crença. Ela discorre sobre temas como os direitos dos animais, a filosofia, a poesia, as humanidades, a antiguidade clássica e a natureza.

Ficha técnica – ELIZABETH COSTELLO

Autor: J.M. Coetzee

Direção e dramaturgia: Leonardo Ventura

Idealização e atuação: Lavínia Pannunzio

Espaço: Chris Aizner

Figurino: Cassio Brasil

Iluminação: Aline Santini

Sonoplastia e Engenharia de Som: L.P. Daniel

Operação de Luz: +1 Soluções Cênicas

Operação de Som: Lenon Mondini

Fotos: João Maria

Móveis cedidos ao espetáculo: Julia Krantz Designer gráfico- ZOOTZ COMUNICAÇÃO

Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro/oficiodasletras

Produção: Corpo Rastreado – Leo Devitto e Jacob Alves

Serviço

ELIZABETH COSTELLO

Teatro

ELIZABETH COSTELLO

Espaço Mezanino, no Centro Cultural Fiesp

Avenida Paulista 1313

Temporada: 7 de setembro a 1 de outubro de 2023

Quinta a sábado, 20h30. Domingo, 19h30

Classificação Indicativa: 16 anos

Reservas gratuitas pelo www.sesisp.org.br/eventos

Agendamento de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br

50 pessoas por sessão

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