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Janeiro Branco: saúde mental não pode ter cor, nem mês

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Janeiro Branco: saúde mental não pode ter cor, nem mês
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A importância de ampliar o debate da campanha para incluir questões sociais, raciais e da parentalidade, indo além de um mês específico

A psicóloga perinatal Natália Aguilar reflete sobre a importância de ampliar o debate do Janeiro Branco para além do mês e abordar as raízes sociais e raciais que impactam o bem-estar emocional.

Embora a campanha seja amplamente conhecida como o mês da conscientização sobre a saúde mental, para a psicóloga a campanha deve ser um ponto de partida, e não um limite, para um debate mais amplo e contínuo sobre o tema. “A saúde mental não é algo que se resolve em janeiro. Precisamos olhar para isso nos demais meses do ano, considerando as questões sociais e raciais que estão diretamente ligadas ao sofrimento emocional”, reflete Natália.

A especialista destaca que algumas críticas ao Janeiro Branco questionam o foco da campanha. “Enquanto o Janeiro for ‘branco’, estaremos perpetuando uma visão limitada da saúde mental. Não dá para ignorar que muitas das questões que impactam a mente das pessoas estão ligadas a desigualdades sociais, raciais e econômicas. Não adianta falar de saúde mental se as pessoas não têm comida na mesa ou acesso a serviços básicos”, pontua Natália.

No contexto da parentalidade e do luto, áreas em que Natália atua, as desigualdades sociais são ainda mais evidentes. “Pais e mães que vivem em situações de vulnerabilidade enfrentam desafios emocionais muito profundos. O estresse da insegurança alimentar, do desemprego ou da discriminação racial afeta diretamente não só eles, mas também o desenvolvimento emocional das crianças”, explica.

Natália defende que é necessário repensar a campanha e ampliá-la para incluir ações práticas que reflitam a complexidade da saúde mental. “É importante não restringir a saúde mental a um único mês ou a um nome que não considera as realidades diversas da nossa sociedade. É sobre criar um movimento que promova ações concretas o ano inteiro”, sugere.

A psicóloga também reforça que a saúde mental é indissociável das condições sociais em que vivemos. “Falar de saúde mental sem olhar para a base das questões sociais é como tratar os sintomas sem entender a causa. Precisamos, sim, de campanhas como o Janeiro Branco, mas com um olhar mais inclusivo e que se estenda para todos os meses do ano”, finaliza.

A saúde mental é um tema urgente que não pode ser limitado a campanhas temporais ou abordagens genéricas. É sobre criar um diálogo permanente que inclua todos, respeitando a diversidade e as especificidades de cada realidade. Parentalidade, saúde mental e questões sociais caminham lado a lado – e precisam ser tratadas assim, todos os dias do ano.

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