O governo Trump ordenou que o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas) suspenda temporariamente as operações de prisão em locais como fazendas, hotéis e restaurantes. A decisão surge em meio a temores do impacto econômico causado pela repressão migratória em setores que dependem fortemente da mão de obra imigrante.
A medida representa uma mudança de rota diante da escalada nas ações contra imigrantes sem documentos. Dados apontam que a média diária de prisões em junho dobrou em relação ao início do mandato de Trump. O governo busca, agora, proteger setores-chave da economia, sem abrir mão da fiscalização sobre imigrantes com antecedentes criminais.
Para o advogado e professor Dr. Vinicius Bicalho, membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), a decisão mostra claramente como a realidade econômica impõe limites à política migratória. “É uma sinalização clara de que, apesar do discurso duro contra a imigração, há um reconhecimento de que setores inteiros dependem da força de trabalho dos imigrantes, documentados ou não”, afirma Dr. Vinicius Bicalho.
Ele explica que a decisão não representa necessariamente uma mudança de postura humanitária, mas sim um ajuste forçado pela pressão econômica. “O foco permanece nos imigrantes com antecedentes criminais. O que muda, neste momento, é a estratégia para não prejudicar cadeias produtivas essenciais, especialmente na agricultura, hotelaria e serviços”, observa.
O especialista destaca que a política do governo Trump vem sendo confrontada diretamente com a realidade econômica do país. “Por mais que o governo queira combater a imigração ilegal, esse combate desmedido gera uma série de impactos econômicos. Naturalmente, ele é forçado a moderar o discurso e a ajustar a atuação dos oficiais de imigração e do ICE, alinhando essas operações aos interesses econômicos dos Estados Unidos. Caso contrário, essa caça desenfreada a imigrantes indocumentados pode levar o país a uma crise econômica profunda”, alerta Dr. Bicalho.