O hábito de fazer refeições em casa voltou a crescer no Brasil — e já começa a redesenhar as estratégias da indústria e do varejo supermercadista. Segundo estudo da Worldpanel by Numerator, no primeiro trimestre deste ano, o consumo doméstico de alimentos e bebidas aumentou 5,5% em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o consumo fora do lar recuou 1,9%. Sinal de oportunidade para a indústria de alimentos e o setor supermercadista.
Esse movimento é ainda mais expressivo entre a Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), cujo consumo dentro de casa subiu 7,1%, especialmente em momentos de lanche e refeições rápidas durante a semana. As classes A e B também mostraram crescimento no consumo de itens tradicionais, como arroz, feijão e carnes. Já as classes D e E reduziram a presença de alimentos com maior teor de gordura, como queijos, ovos e refrigerantes — uma tendência possivelmente ligada à queda nos preços de algumas commodities e à redistribuição do orçamento com outras categorias.
Para acompanhar essa transformação nos hábitos alimentares, a Seara, por exemplo, anunciou que lançará mais de 90 novidades no Brasil até dezembro, alinhadas a três tendências que cresceram com o retorno do trabalho presencial: conveniência, indulgência e snacking time — pequenos lanches entre as refeições, especialmente à noite. A empresa aposta em snacks inéditos em parceria com a Netflix e na primeira linha do mercado desenvolvida especialmente para Airfryer, presente em 44% dos lares brasileiros. Também amplia sua linha proteica, voltada a quem busca ganho de massa magra ou segue dietas associadas às canetas emagrecedoras.
“O snacking time representa uma grande oportunidade, e estamos preparados para liderar inovações para atender a esse movimento no Brasil, trazendo soluções para estarmos presentes em todas as ocasiões de consumo”, afirma Rafael Palmer, diretor de marketing da Seara.
Outros fatores também influenciam essa transformação. A percepção de alimentação saudável, combinada ao envelhecimento da população e à busca por mais praticidade no dia a dia, têm impulsionado o uso de métodos como grelhados, forno e fritadeiras elétricas. Enquanto isso, o consumo de bebidas alcoólicas dentro de casa continua em queda entre todas as faixas etárias.
Para Fábio Queiróz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ), o estudo reforça a necessidade de que o varejo esteja preparado para oferecer soluções práticas e acessíveis ao novo perfil de consumidor. “Os supermercados devem enxergar essa tendência como um convite à inovação. Oferecer produtos que facilitem o preparo de refeições rápidas, saudáveis e saborosas têm grande potencial de venda. Além disso, kits prontos para lanches e refeições completas podem se tornar um diferencial competitivo importante”, afirma.
Queiróz ainda destaca o papel da Geração Z nesse cenário: “Os jovens estão moldando o futuro do consumo. Eles valorizam conveniência, preço justo e experiências de compra que dialoguem com seus valores. O supermercado que souber se comunicar com esse público e oferecer o que ele procura tem grandes chances de fidelizá-los no longo prazo”, conclui.
Na mesma linha, Renan Cavallieri, gerente sênior da Worldpanel by Numerator, empresa que realizou o estudo, reforça que entender esse novo perfil de consumidor é essencial para manter a relevância no mercado. “Entender essas transformações é essencial para as marcas que desejam se manter competitivas. Estar um passo à frente exige cada vez mais dados acionáveis, leitura constante do consumidor e agilidade para adaptar produtos, canais e narrativas às novas demandas”, afirma.
Com consumidores mais atentos à saúde, ao custo-benefício e à praticidade, o ambiente doméstico volta a ocupar o centro da rotina alimentar no Brasil. Essa mudança exige não apenas novas ofertas de produtos, mas também uma escuta ativa do mercado, com investimentos em inovação, agilidade e personalização. Para indústria e varejo, estar presente em cada ocasião de consumo — do almoço em família ao lanche rápido no meio do dia — será essencial para conquistar um consumidor em constante transformação.
Sobre a ASSERJ
Foi com um pequeno número de associados que nasceu a Associação de Supermercados do Rio de Janeiro – ASSERJ, mais precisamente em 1969, um ano após a atividade supermercadista ser definida e regulamentada no País. Criada com o intuito de fortalecer e defender a cadeia supermercadista do Estado, a ASSERJ atendeu bem ao seu objetivo principal. Há mais de cinco décadas representando e defendendo os interesses do setor, a ASSERJ adquiriu know-how no setor supermercadista, oferecendo aos seus associados cursos de aperfeiçoamento, palestras, consultoria e assessoria na área jurídica, gestão, recursos humanos, prevenção de perdas, alimentos seguros e marketing, além de muitas outras atividades relevantes para o setor.
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