Home Estilo de vida Saúde Fiocruz/BA reúne especialistas em Fórum sobre riscos provocados por mofo e como evitar doenças graves
Saúde

Fiocruz/BA reúne especialistas em Fórum sobre riscos provocados por mofo e como evitar doenças graves

Envie
Envie

_Dra. Nelzair Vianna, pesquisadora em saúde pública, e Frederico Paranhos, da Ecoquest, estão entre os palestrantes de encontro_

Em tempos de crise climática, com enchentes e incêndios fora de controle trazendo riscos inesperados a nossa saúde, a atenção para focos de mofo e fungos (seja em casa ou local de trabalho) é importante para evitar problemas de saúde que vão além de micoses, alergias e inflamações. Estudos recentes confirmam que a exposição a esse ambiente no médio prazo pode resultar em quadros mais graves como pneumonias, meningite, além de depressão e déficit cognitivo, podendo em alguns casos específicos levar até a morte. O assunto será tema do “Forum Qualidade do Ar e Mofo nos Ambientes Internos: Riscos para a Saúde Humana”, promovido pela Fiocruz Bahia, em 28 de março na capital baiana.
O cuidado deve ser redobrado para ambientes com maior umidade e pouca ventilação ou na recuperação de locais que passaram por enchentes, como a ocorrida no semestre passado no Rio Grande do Sul, alertam os especialistas.
A reprodução dos fungos ocorre através de esporos e prospera em superfícies úmidas e ricas em celulose, como painéis de fibra, madeira, drywall e placas de gesso. Ambientes com umidade acima de 60%, material orgânico, e ventilação inadequada são os mais propensos à proliferação.

O perigo invisível
Segundo Nelzair Vianna, pesquisadora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz/Bahia, palestrante desse encontro que abordará o assunto da perspectiva científica, os fungos são organismos que ocorrem naturalmente no ambiente e é importante para degradação da matéria orgânica (é de onde identificamos o cheiro), mas o desequilíbrio e a proliferação de especies patogênicas são motivos de preocupação para a saúde. Em alguns casos eles são visíveis e em outros casos, mesmo não sentindo o cheiro, os esporos podem ficar dispersos no ar – daí vem o perigo e a dificuldade em eliminá-los.
Estudos apontam que a exposição ao mofo pode danificar as vias aéreas pela presença de toxinas. Também apontam para repercussões psiquiátricas e neurológicas em decorrência de inflamação. Casos veiculados amplamente pela imprensa internacional ligam a presença de mofo a problemas pulmonares e demência. Uma infecção fúngica no cérebro (meningite) se não for tratada adequadamente pode resultar em sequelas graves e até a morte. “Casos como estes infelizmente têm sido subdiagnosticados”, observa a pesquisadora.
Limpeza e higienização constante desses ambientes é a principal dica para se evitar a contaminação e proliferação desses microrganismos. A receita básica é simples: água sanitária e desinfetante – mas nunca misturados.
Consequências de médio e longo prazo
Mofo ou bolor é uma das estruturas que os fungos podem formar e seu acúmulo no longo prazo pode trazer sérios riscos à saúde. Fato é que com a liberação dos esporos a poluição do ar de ambientes internos tem consequências sérias imediatas e de longo prazo. Aliado a isso, sabemos que a preocupação com a qualidade do ar não tem sido considerado prioridade para a sociedade e empresas, embora uma vez instalada, este tipo de infecção pode depender de tratamento com elevado custo, também com relativa toxicidade ao paciente.
A pesquisadora defende uma mudança de paradigma, visto que já temos evidências científicas sobre a transmissão de doenças pelo ar e com a tecnologia atualmente disponível é possível controlar mais estas doenças por meio de técnicas já disponíveis para melhorar o ar interno e as condições gerais do ambiente. Na visão da especialista, as infecções fúngicas não é só um problema médico, precisamos da colaboração de outras áreas, como a engenharia, e medidas práticas como filtragem do ar, uso de máscaras e sistemas de ventilação adequados.
Soluções tecnológicas contra o mofo

Na última década foram desenvolvidas diversas tecnologias para a prevenção da formação do mofo em locais públicos, escritórios e residências. Em sua palestra, Frederico Paranhos, da MofoPro (Ecoquest) apresentará inovações tecnológicas para o combate ao problema. Segundo o especialista, cidades como Salvador, onde a umidade média varia entre 70% e 80%, oferecem condições ideais para a proliferação do mofo.

Paranhos destaca que produtos químicos apenas reduzem a presença visível do mofo, mas não eliminam completamente o foco. Além disso, se a fonte de umidade não for tratada, o mofo tende a voltar em menos de três meses, tornando a solução temporária e aumentando os custos de manutenção em até 40% em cinco anos.

Um exemplo real de sucesso na descontaminação ocorreu em um grande hotel de Salvador, que recebia cerca de cinco reclamações semanais sobre o cheiro de mofo. Após a implementação do sistema MofoPro, as reclamações caíram para zero.

O papel da engenharia ambiental na prevenção

O engenheiro Leonardo Cozac, CEO da Conforlab Engenharia Ambiental, reforçará os alertas da Dra. Nelzair ao falar sobre a importância de um diagnóstico preciso e da adoção de soluções eficazes para combater o mofo. Segundo Cozac, a poluição do ar interno ainda é um problema subestimado, apesar de seus impactos diretos na saúde humana e na segurança dos ambientes.

Ele destacará que pessoas sensíveis a fungos podem apresentar nariz entupido, olhos irritados, respiração ofegante e irritação na pele. Já os indivíduos alérgicos podem sofrer com dificuldade para respirar e falta de ar. Em casos mais graves, especialmente em pessoas com sistema imunológico enfraquecido ou com doenças pulmonares crônicas, a infecção por fungos nos pulmões pode levar a quadros clínicos severos.

Além disso, Cozac apresentará estratégias para melhorar a qualidade do ar interno em edifícios comerciais e residenciais, abordando boas práticas de ventilação, monitoramento da umidade e aplicação de tecnologias de filtragem do ar. Sua experiência na área de engenharia ambiental aplicada à qualidade do ar e da água permitirá aos participantes uma visão ampla sobre os desafios e soluções disponíveis para tornar os ambientes internos mais saudáveis.

Serviço
Impacto do mofo nos ambientes e os riscos para a saúde humana
📅Data:28 de março de 2025
⏰Horário: das 14h30 às 17h40
📍Local: Auditório Aloízio Prata, Fiocruz Bahia
📌Endereço: Rua Waldemar Falcão, 121 – Candeal – Salvador (BA)

O evento é uma oportunidade única para profissionais da saúde, engenharia, arquitetura, fiscais sanitários e áreas correlatas compreenderem melhor os impactos do mofo e das novas tecnologias disponíveis para combatê-lo.

Envie
Artigo relacionado
Saúde

Mutirão Agora tem Especialistas faz mais de mil cirurgias em todo país

O mutirão Agora tem Especialistas Dia-E realizou de forma simultânea, em 24 estados...

Saúde

Pesquisa com coautoria da USP pode avançar tratamento de doença rara

Um estudo clínico internacional, publicado no The New England Journal of Medicine, testou...

Saúde

Câncer de pulmão também pode assolar não fumantes

Poluição do ar e fumo passivo podem ser responsáveis pelo adoecimento desse...