A conectividade de qualidade é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico de um país. No Brasil, embora o acesso à Internet tenha avançado nos últimos anos, uma parte expressiva da população ainda permanece excluída de uma conexão que realmente atenda às necessidades do cotidiano digital. Em meio a esse cenário, a expansão da fibra óptica surge como uma solução promissora — e um campo fértil de oportunidades e desafios para os provedores de Internet (ISPs).
De acordo com um relatório da operadora de satélites Viasat, 85% das organizações brasileiras relatam enfrentar dificuldades no desenvolvimento de soluções de Internet das Coisas (IoT), devido à falta de conectividade consistente e confiável nos locais onde os dispositivos precisam ser implantados. A ausência dessa infraestrutura básica impacta diretamente a adoção de tecnologias estratégicas em áreas como agricultura de precisão, cidades inteligentes, logística e automação industrial.
Outro estudo, conduzido pelo Cetic.Br, vinculado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), reforça o problema: apesar do alto índice de uso da Internet no país, 57% da população ainda está em situação de conectividade limitada. Isso significa que mais da metade dos brasileiros não possui acesso regular, estável ou com velocidade suficiente, e muitas vezes carece das habilidades digitais necessárias para aproveitar plenamente os recursos disponíveis online.
Assim, a fibra óptica é um verdadeiro instrumento de inclusão social e desenvolvimento regional. Com maior capacidade de transmissão de dados, menor latência e maior estabilidade, a tecnologia de fibra supera outras soluções, como rádio e satélite, quando o objetivo é oferecer conectividade de alto desempenho e preparar o país para demandas crescentes em banda larga.
Para os ISPs, a expansão da fibra óptica se apresenta como uma oportunidade estratégica. Em primeiro lugar, há uma ampla demanda reprimida em regiões rurais, periféricas e áreas urbanas menos atendidas, onde a presença de grandes operadoras ainda é limitada. O avanço da infraestrutura nesses territórios pode significar ganhos expressivos de mercado. Além disso, cresce a possibilidade de parcerias com setores como o agronegócio, a educação e a saúde, que estão cada vez mais dependentes de soluções digitais para operar com eficiência e inovação.
Entretanto, os desafios não são poucos, a conectividade em fibra teve avanços, o que torna ela tão competitiva quanto os métodos tradicionais. Soma-se a isso a burocracia envolvida na obtenção de licenças e autorizações para escavações e passagem de cabos, especialmente em áreas urbanas. Nas regiões mais remotas, a logística e os custos de manutenção também se tornam mais complexos e onerosos.
Superar esses entraves depende de uma ação coordenada entre governo, setor privado e sociedade civil. Políticas públicas de incentivo, como linhas de crédito específicas para infraestrutura de telecomunicações, desburocratização de processos e benefícios fiscais, podem acelerar a expansão da fibra em larga escala. Paralelamente, é essencial investir em programas de capacitação digital e garantir que o avanço da tecnologia chegue acompanhado de inclusão e acessibilidade.
A expansão da fibra óptica no Brasil é muito mais do que uma tendência, é uma necessidade que garante o desenvolvimento sustentável, competitividade global e equidade de acesso à informação. Os ISPs, por sua capilaridade e capacidade de inovação, têm um papel central nesse processo. Investir hoje nessa infraestrutura é pavimentar o caminho para um Brasil mais produtivo e conectado amanhã.
*Por Michel Conte Resende, head de engenharia da Agora Distribuidora.