Enquanto o debate sobre imigração segue polarizado nos Estados Unidos, dados recentes e análises de economistas reforçam uma realidade cada vez mais incontornável: o país precisa dos imigrantes — legalmente admitidos — para sustentar sua economia e evitar um colapso demográfico e produtivo.
Estudos recentes conduzidos pela organização Unleash Prosperity, com base em dados do censo norte-americano, revelam que quase metade dos novos trabalhadores civis nos últimos dez anos são imigrantes, majoritariamente com status legal. Mais do que isso, projeções indicam que praticamente todo o crescimento líquido da força de trabalho nas próximas duas décadas virá da imigração. Sem esse fluxo constante, a população ativa dos EUA começará a encolher, ameaçando metas econômicas como o crescimento anual de 3%, o aumento da produtividade e a redução do déficit fiscal.
“Há uma falsa percepção de que os imigrantes tomam empregos dos americanos, mas os números mostram o contrário: há quase 8 milhões de vagas abertas no país, e muitas não são preenchidas por falta de trabalhadores qualificados ou dispostos”, explica o Dr. Vinicius Bicalho, advogado especialista em imigração, professor e membro da American Immigration Lawyers Association (AILA). Segundo ele, o perfil predominante dos imigrantes é composto por pessoas em idade produtiva, que chegam prontas para trabalhar — uma vantagem frente ao envelhecimento da população nativa.
A presença imigrante também se destaca no empreendedorismo: cerca de metade das empresas listadas na Fortune 500 foram fundadas por imigrantes ou seus filhos. Esse impulso à inovação é perceptível em setores diversos, da tecnologia à agricultura, e até no esporte, com atletas estrangeiros dominando prêmios de destaque na NBA nos últimos anos.
Para o Dr. Bicalho, “o desafio está em estruturar políticas migratórias que alinhem a demanda econômica com o ingresso legal e eficiente de trabalhadores estrangeiros. O Brasil pode se beneficiar desse movimento, tanto ao preparar profissionais qualificados quanto ao negociar melhores vias legais para imigração”.
Em tempos de escassez de mão de obra e baixa natalidade, os imigrantes deixam de ser um problema a ser contido e passam a ser um recurso vital para o futuro econômico dos Estados Unidos.