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Eficiência alimentar: a nova fronteira da pecuária brasileira

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Por Carina Ubirajara, Doutora em Ciência Animal e Professora Titular da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Uberlândia (FMZV/UFU)

A busca por touros melhoradores é uma tendência consolidada na pecuária brasileira. O produtor comercial já compreendeu que características como precocidade sexual, velocidade de ganho em peso e qualidade de carcaça são decisivas para a produtividade e a rentabilidade do rebanho. No entanto, uma característica estratégica ainda recebe pouca atenção: a eficiência alimentar.

De forma simples, eficiência alimentar é a relação entre a quantidade de alimento consumida pelo animal e o resultado em produtividade, seja em ganho de peso, na pecuária de corte, ou em produção de leite, na pecuária leiteira. Animais eficientes produzem mais consumindo menos alimento que o esperado.

A seleção baseada nessa genética eficiente impacta diretamente a rentabilidade da produção. A lógica é clara: menos custos com alimentação, mais lucro no rebanho. Estudos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) mostram que touros com DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) negativas em eficiência alimentar produzem crias, comprovadamente, mais eficientes. Isso significa retorno consistente para o produtor, especialmente no longo prazo.
 
De acordo com estudos desenvolvidos na UFU, animais mais eficientes podem consumir até 31,8% menos alimento na fase de confinamento. Isso é economia de praticamente um terço dos gastos em nutrição. O impacto também se estende ao gado criado a pasto: com animais mais eficientes, é possível aumentar a produtividade por hectare. Em um contexto no qual os gastos com alimentação representam aproximadamente 70% dos custos totais na criação a pasto e 80% em confinamento, essa economia se torna ainda mais relevante para o pecuarista.
 
Apesar dos benefícios, a eficiência alimentar ainda é pouco utilizada em critérios de seleção de grande parte dos rebanhos. Isso porque ela precisa caminhar junto com outras características produtivas, escolhidas de acordo com as metas de cada propriedade. Como costumo dizer: a eficiência alimentar é a cereja do bolo do melhoramento genético para uma produção lucrativa, o detalhe essencial que potencializa os resultados no bolso do produtor.
 
Outro fator que explica a lenta adoção é sua relativa novidade no Brasil. As primeiras coletas de dados para fins de avaliação genética datam de 2010, enquanto o primeiro sumário de touros (multi-rebanhos) foi publicado em 2017. Desde então, a mensuração avançou com cochos eletrônicos e análises precisas do consumo individual de cada animal, tornando possível selecionar de fato os mais eficientes.
 
Nesse processo, o papel da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) é essencial. Ao incentivar investimentos em genética e inseminação artificial, a entidade cria condições para que mais pecuaristas incorporem a eficiência alimentar em seus rebanhos, mostrando que melhoramento genético não é custo, mas investimento.

Pensar na pecuária do futuro exige olhar para dois pilares: produtividade e sustentabilidade. Países como a Austrália já colocaram a eficiência alimentar como prioridade para garantir competitividade e menor impacto ambiental. O Brasil, que é protagonista mundial no setor, não pode ficar para trás. Investir em genética eficiente é investir no futuro da pecuária.

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