Projeto que iniciou no final de setembro, contempla uma cozinha com banheiro e biodigestor que produz gás a partir do esgoto e lixo orgânico, além de um banheiro coletivo separado com esgoto tratado com um vermifiltro
A demarcação de terras indígenas desempenha um papel crucial no Brasil, representando um compromisso com a preservação da diversidade cultural, ambiental e social do país. Essas áreas delimitadas não apenas garantem o direito ancestral dos povos indígenas à sua terra, mas também protegem ecossistemas únicos e contribuem para a manutenção do equilíbrio ambiental. Em São Paulo, um projeto da ONG Biosaneamento e da Mosaic Fertilizantes está ajudando a comunidade indigena Guarani M’bya, que está há aproximadamente sete meses instalada no território de 532 hectares em Jaraguá. Eles lutam pelo direito de preservar a cultura Guarani M’bya, proteção da mata Atlântica, o bem viver com o plantio da roça Guarani, proteção das nascentes. O plano é reflorestar com árvores nativas e frutíferas nas áreas da aldeia. Hoje, em algumas dessas áreas existe o plantio de eucalipto, que deverá ser substituído por Cedros, Pau Brasil, Aroeira, Paineira, Palmeiras e etc. Assim recuperando possíveis nascentes no local. Isso porque o Eucalipto é uma espécie importada da Austrália e para o território é prejudicial, podendo empobrecer o solo e secar as nascentes.
Para Neusa Poty, líder da comunidade indígena, é essencial que haja homologação da demarcação do território, registro de endereço oficializando logradouro, continuidade no apoio à saúde e educação com a preservação e respeito a cultura tradicional Guarani M’bya. Além disso, a comunidade ainda precisa de energia elétrica, divulgação da localização para apoios e visitas que promovem a prosperidade a partir da compra de artesanatos. “Demarcação dos territórios indígenas, tradicionalmente ocupados há milhares de anos, são essenciais para a preservação ambiental e troca cultural. Com proteção das nascentes, equilíbrio climático e sustentabilidade com o plantio do roçado indígena, teremos alimentos orgânicos, pomares e meliponários com a criação de abelhas nativas sem ferrão”, ressalta. Neusa ainda pontua que apesar dos desafios e conflitos encontrados desde o início da ocupação do território, eles esperam que o poder público seja um grande aliado nesta luta e que sirva de exemplo para outros povos que precisam ocupar seus espaços e trabalhar na preservação de sua cultura e do meio ambiente.
O projeto prevê uma cozinha com banheiro e um biodigestor que produzirá gás a partir do esgoto e lixo orgânico, além de um banheiro coletivo separado com esgoto tratado com um vermifiltro. De acordo com Luiz Fazio, Presidente da ONG Biosaneamento – organização que atua na universalização do saneamento básico – levar saneamento sustentável e criar estrutura para esta comunidade em crescimento é fundamental para mantê-los prestando os serviços ambientais e preservação da sua cultura, além de ser mais do que necessário e justo. “Ocupar uma parte da área indigena que estava desocupada é fundamental para que não seja invadida. Ao salvaguardar as terras indígenas, o Brasil reforça sua responsabilidade ambiental e social, contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva, sustentável e respeitosa com a diversidade que constitui a riqueza única do país”, destaca Luiz.