O Dia Mundial de Combate ao AVC, em 29 de outubro, tem por objetivo divulgar e alertar a população sobre os sintomas da doença que em 2020 provocaram 6,6 milhões de mortes no mundo, e podem aumentar 50% nas próximas três décadas, atingindo cerca de 9,7 milhões de óbitos por ano até 2050, segundo recente estudo divulgado pela Organização Mundial do AVC.
No Brasil, dados divulgados pelo Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil informam que no mês de julho do ano passado, o AVC matou 8.758 pessoas, o equivalente a 11 óbitos por hora. No primeiro semestre de 2022 foram 56.320 vítimas fatais, número acima das mortes por infarto (52.665).
Os sintomas mais comuns durante um AVC são fraqueza de um dos lados do corpo, ‘sorriso torto’, alteração na fala ou na visão, falta de equilíbrio, dificuldade para falar e compreender a fala, tontura, dificuldade para caminhar e dor de cabeça sem causa aparente. Devemos ter atenção para esses sintomas para realizar um pronto atendimento evitando seqüelas graves.
Estudos apontam que nove em cada dez casos estão relacionados com fatores de risco que podem ser prevenidos como hipertensão, obesidade, diabetes, colesterol alto, tabagismo e sedentarismo.
O AVC é uma alteração do fluxo sanguíneo dentro do cérebro. Cerca de 15% dos casos ocorrem por extravasamento de sangue em alguma região do cérebro, provocando um coágulo, o chamado AVC hemorrágico. Os outros 85% acontecem por falta de sangue em alguma região do cérebro, provocando o AVC isquêmico.
Fumantes têm 50% a mais de chance de ter um AVC, tanto o hemorrágico como o isquêmico. O risco de AVC aumenta por causa do efeito da nicotina, que forma placas nas paredes internas das artérias.
Quando alguma placa se rompe pode ocorrer uma ruptura da parede da artéria fazendo um AVC hemorrágico. Mas essas placas podem aumentar tanto de tamanho que podem diminuir o fluxo de sangue em uma região do cérebro, fazendo assim uma isquemia cerebral.
O AVC ocorre de forma súbita e por isso é necessário procurar socorro imediato para que seja feito o diagnóstico e a pessoa recebe o tratamento adequado. Quanto mais rápido o atendimento, o paciente tem 30% mais chances de obter bons resultados e evitar seqüelas.
Embora a maioria dos acidentes vasculares nas pessoas com mais de 65 anos – o risco é de 30 a 50 mil nesta faixa etária -, hoje existe um aumento abrupto dos casos de AVC entre pessoas na casa dos 35 e 55 anos. As vítimas jovens de derrame se beneficiam mais do tratamento imediato.
A doença atinge mais o sexo masculino e está crescendo entre as mulheres, principalmente no período da menopausa. Uma pessoa que já teve a doença tem grandes chances de ter um segundo AVC. É muito importante descobrir a causa do primeiro para prevenir o segundo, que na maioria dos casos, possui seqüelas mais graves.
Conscientizar a população sobre a importância da adesão de hábitos saudáveis no dia a dia é apenas o começo da prevenção. É preciso que a sociedade entenda que o tratamento da pressão alta, do colesterol e diabetes são essenciais para manter-se sempre longe dos riscos do AVC.
Entre os fatores preventivos, não fumar e adotar uma alimentação saudável, com frutas, legumes, verduras e carnes magras, somadas a prática de exercícios físicos são essenciais.
André Lima é neurologista, membro da Sociedade Brasileira de Neurologia e diretor da Clínica NeuroVida.