Neste Dia Nacional de Combate ao Tabagismo – 29 de agosto -, especialista aponta os males causados às estruturas ósseas do corpo humano. A inalação da fumaça aumenta em 60% o tempo necessário para a cicatrização das fraturas.
O cigarro é um dos maiores vilões da saúde, associado a uma série de doenças respiratórias e cardiovasculares. No entanto, seus efeitos negativos não se limitam a essas áreas. Uma preocupação crescente dos médicos é a relação maléfica entre o tabagismo e a saúde óssea. De acordo com pesquisas do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), a fumaça é a grande vilã do processo, pois, ao absorvê-la, 15% das células responsáveis pela condução do oxigênio deixam de funcionar adequadamente. Além disso, a inalação da fumaça aumenta em 60% o tempo da cicatrização de fraturas, ou seja, ela diminui a capacidade do organismo em curar lesões e compromete a absorção do cálcio pelos ossos. Assim, mesmo jovens que normalmente não são acometidos por doenças, como a osteoporose, iniciam precocemente uma fragilidade nos ossos.
Conforme a médica ortopedista Christine Muniz, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia e Traumatologia – Seção Ceará (SBOT-CE), muitas pessoas não estão cientes de como o tabagismo afeta diretamente a saúde dos ossos. “Ossos fortes são fundamentais para a qualidade de vida, permitindo a mobilidade e as atividades diárias. No entanto, o tabagismo pode comprometer a densidade mineral óssea, tornando os ossos mais frágeis e suscetíveis a fraturas”, explica a médica.
Para a presidente da SBOT-CE, um dos efeitos mais preocupantes do tabagismo é a redução da densidade mineral óssea. A nicotina e outras substâncias químicas presentes nos cigarros interferem na absorção de cálcio pelo organismo, comprometendo a formação e manutenção de ossos saudáveis. “O resultado é um aumento significativo no risco de desenvolver osteoporose, uma condição em que os ossos se tornam porosos e mais propensos a fraturas”, alerta.
Lesões
Além de afetar a densidade óssea, o tabagismo prejudica a capacidade do corpo de se recuperar após lesões. Christine Muniz destaca que a circulação sanguínea reduzida devido ao tabaco resulta em uma oferta insuficiente de oxigênio e nutrientes aos tecidos, incluindo os ossos. Isso retarda a cicatrização de fraturas e aumenta a probabilidade de complicações pós-cirúrgicas. “Pacientes fumantes têm risco aumentado de dificuldade na consolidação das fraturas, bem como no resultado de várias cirurgias ortopédicas, como por exemplo as artroplastias, cirurgia de substituição articular”, reforça.
Quando se trata de tratamento ortopédico, o tabagismo impõe desafios significativos. A capacidade prejudicada de cicatrização óssea e o aumento do risco de infecções pós-cirúrgicas podem comprometer o sucesso de intervenções cirúrgicas e prolongar a recuperação dos pacientes.
Apesar dos desafios, há esperança. O abandono do tabagismo é a medida mais eficaz para proteger a saúde óssea e melhorar o prognóstico de doenças musculoesqueléticas. “O corpo tem uma notável capacidade de se recuperar após o abandono do tabagismo. A saúde óssea pode ser restaurada e a qualidade de vida melhorada”, assegura a ortopedista Christine Muniz, presidente da SBOT-CE.