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Veterano do programa Proantar se “aposenta” das viagens à Antártica
O geólogo Jefferson Cardia Simões, ex-vice-presidente do Comitê Científico sobre Pesquisa Antártica (Scar), anunciou esta semana o fim de suas incursões para a Antártica, depois de 40 anos em missões polares. Em entrevista a Agência Brasil, ele falou sobre o que mudou nas últimas décadas no Programa Antártico Brasileiro (Proantar), sobre o que se conhece e o que ainda é preciso conhecer sobre esse continente.
“Depois de 29 missões polares, meu papel é outro. Estou com 66 anos, acredito em plano de carreira e estou em outro momento. Escreverei livros e artigos, tenho minha pesquisa em Porto Alegre, meus netos”, diz orgulhoso.
A primeira coisa que Simões fez questão de explicar é que viajar para o continente ao Sul é muito mais fácil hoje, uma facilidade relativa, claro, pois ainda se trata de um dos lugares mais inacessíveis do planeta. As viagens nos anos 1980 e 1990 dependiam exclusivamente da disponibilidade de equipes da Marinha, inclusive para chegar à base brasileira e realizar atividades de campo lá. Quando começou, por volta de 1992, a comunicação era por rádio, a localização era por bússola. Hoje se usa GPS e telefone por satélite, com ligação barata e constante. A reforma mais recente da base Comandante Ferraz é de 2020, e sua geração de instalações tem tecnologias mais atuais, inclusive de uso de energia renovável (eólica).
Embora a Marinha seja responsável por atividades e uma das componentes da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), a participação de equipes civis, principalmente na pesquisa, tem crescido. Um dos resultados é a maior autonomia em missões dentro do continente, onde as temperaturas da base brasileira de pesquisa, a Comandante Ferraz, parecem quentes.
Na Comandante Ferraz, que completou 41 anos em 6 de fevereiro, as temperaturas médias estão próximas de zero. Nos dois módulos de pesquisa brasileiros dentro do continente, nos quais a equipe de Simões faz visitas técnicas e experimentos, as temperaturas vão para a casa dos 35 graus negativos. A base criosfera 1 está a apenas 620 km do Polo Sul geográfico, e a 2.500 km da estação brasileira. Mesmo chegar até eles é perigoso e exige treinamento e equipamentos específicos, pois as geleiras têm áreas instáveis. Jefferson já perdeu dois colegas, de outros países, que se acidentaram no continente gelado.
Veterano do programa Proantar, o geólogo Jefferson Cardia Simões se “aposenta” das viagens à Antártica – Foto Jefferson Cardia Simões/Arquivo pessoal
Mas, afinal, por que atuar na Baía do Almirantado, onde fica a Ilha do Rei George e, nela, a base brasileira? É caro, é perigoso e difícil, disso sabemos. “A Antártica é um sorvedouro de energia, responsável pela formação de 80% da água de fundo dos oceanos, e é um lugar onde sinais de mudanças climáticas têm representatividade global”, diz Simões, que pesquisa algo que parece, aos leigos, variar pouco e ser fácil de achar por lá: gelo.
O trabalho do pesquisador consiste resumidamente em coletar gelo de grandes geleiras, em profundidades que têm camadas depositadas a centenas de milhares de anos ou em sua superfície, e analisar a composição e características desse material. Isso permite entender a correlação entre correntes de ar, correntes marítimas e exposição do planeta ao sol e a outras fontes de energia.
“A Antártica é tão importante quanto as florestas tropicais para o clima no Brasil, e hoje ela contribui com cerca de 5% do aumento do nível dos mares. Além disso, 90% do gelo e neve do planeta estão na Antártica. Isso afeta o sistema climático brasileiro, é responsável pela corrente das Malvinas, pelas frentes frias” afirma o professor.
“Nós também afetamos a região: o material que emitimos, como os subprodutos das queimadas, vai para lá e impacta na vida do continente, que tem fauna própria e muito particular, com espécies de mamíferos e aves que só estão presentes lá.”
A região também é um “laboratório” para pesquisas espaciais e astronômicas. Só o Atacama é equivalente, no planeta, em termos de qualidade. Hoje, há 33 países que atuam há 50 anos, desde o Tratado da Antártica, para promover ciências e ocupar a região. O Brasil assinou o tratado no ano de seu lançamento. A organização dessas atividades é feita por um comitê internacional, presidido por Simões durante oito anos. Essa ciência é compartilhada e gratuita.
˜Desde então descobrimos mais de 600 lagos entre gelo e rocha. Eles estão interligados, com área maior que a bacia do Amazonas. Não conseguimos acessar essa área ainda, que são rios de água doce dentro do oceano. Outra descoberta, em 1985, foi a do buraco de ozônio, comprovado durante a pesquisa antártica˜, explicou o professor.
As equipes têm encontrado vida em condições extremas, com organismos mais simples sobrevivendo a 35 graus negativos. Além disso, é um campo rico em fósseis e um bom lugar para monitorar a circulação de poluentes atmosféricos, como arsênio e urânio.
Notícias
Carolina Rossetto transforma princípios da engenharia de produção em uma estratégia global de eficiência de energia e impacto ambiental
A engenharia de produção — disciplina dedicada a projetar, implantar, operar, melhorar e manter sistemas produtivos integrados de bens e serviços — tem se configurado como uma base potente para impulsionar a inovação eficiente nas organizações.
No meio acadêmico e corporativo, profissionais que articulam de forma sistemática os princípios da engenharia de produção com abordagens de inovação obtêm impacto relevante em eficiência, competitividade e sustentabilidade. É exatamente nessa fronteira entre técnica e estratégia que atua Carolina Rossetto, engenheira de produção formada pela PUCRS, com MBA em Marketing Estratégico pela ESPM e especialização em Negotiation Mastery pela Harvard Business School.
Com mais de uma década de experiência em multinacionais, Carolina construiu uma carreira que une rigor operacional e visão de mercado. Hoje, como Diretora de Produtos de Home Comfort na Midea America Corp, nos Estados Unidos, ela lidera estratégias que movimentam milhões em faturamento anual, coordenando portfólios e equipes multiculturais distribuídas entre Brasil, México, Estados Unidos e China.
Para Carolina, inovar de forma eficiente significa transformar processos em resultados mensuráveis. “Não basta lançar produtos novos — é preciso garantir que a inovação seja sustentável relevante para o consumidor, e rentável ”, costuma dizer em entrevistas e apresentações internas.
Essa visão nasceu ainda no início da carreira, quando atuava na Midea Brasil, colaborando com o desenvolvimento da primeira linha de freezers horizontais com a maior eficiência energética do mercado, os quais atingiam 50% de economia de energia e tinham 10 anos de garantia no compressor. Seguiu a mesma tendência ao trabalhar como Product Manager no México, onde desenvolveu a linha mais econômica de freezers horizontais comparados à concorrência.
Anos depois, já à frente de categorias estratégicas nos Estados Unidos, Carolina liderou a expansão de linhas de ar-condicionado com tecnologia inverter, reduzindo o consumo energético e estabelecendo novos padrões de eficiência e conforto no mercado norte-americano.
Sua atuação não se limita a decisões comerciais: envolve também o domínio de processos produtivos, análise de rentabilidade (P&L), planejamento logístico e integração de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com marketing — uma abordagem clássica da engenharia de produção, mas aplicada com sensibilidade de gestora global.
Inovação com base científica
A capacidade analítica de Carolina também se reflete em suas contribuições acadêmicas.
Ela é autora de estudos sobre análise de riscos e viabilidade econômica de turbinas eólicas, publicados em revistas técnicas nacionais — entre elas, a Revista IME e a Revista Eletrônica PUC-RS — que abordam a importância da engenharia de produção na implantação de projetos de energia sustentável.
Uma carreira de resultados globais
Em cada mercado em que atuou, Carolina aplicou a lógica da engenharia de produção para otimizar portfólios, reduzir custos e aumentar o sell-through, atingindo liderança de mercado na categoria de ar condicionado e desumidificadores nos EUA.
Carolina também integrou o seleto Programa Voyager Midea, com treinamentos executivos na China, Tailândia e Dubai, voltado à formação de líderes globais.
Com base técnica sólida, sensibilidade de liderança e uma visão de mundo cosmopolita, Carolina mostra que a engenharia de produção pode — e deve — ser o coração da inovação moderna.
Economia
G20 deve aprovar texto sobre minerais críticos
O G20 – grupo das maiores economias do mundo – prevê publicar um texto sobre minerais críticos que reforça a ideia de beneficiar esses produtos em seus países de origem. É um marco sob o ponto de vista de países em desenvolvimento, segundo o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, Philip Fox-Drummond Gough.

Nesta quarta-feira (19), o Ministério das Relações Exteriores realizou coletiva de imprensa, em Brasília, sobre a Cúpula de Líderes do G20, que ocorre no próximo sábado (22) e domingo (23), em Joanesburgo, na África do Sul, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste ano, o governo sul-africanos está na presidência do bloco.
O embaixador Gough já está na capital do país nas negociações que antecedem o encontro de alto nível e explicou que minerais críticos são prioridade da presidência da África do Sul. Ele participou da coletiva por videoconferência.
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“É a primeira vez que se consegue um texto sobre isso”, disse, explicando que o documento em negociação traz os princípios que devem ser observados na extração e beneficiamento de minerais críticos.
“Um dos pontos mais importante privilegia o beneficiamento na origem, nos países que extraem esses minerais. Vai em linha com as teses, sobretudo de países em desenvolvimento, que querem fazer o beneficiamento em seus próprios territórios e agregar valor à produção”, acrescentou Gough.
Os minerais críticos são recursos essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética, cuja oferta está sujeita a riscos de escassez ou dependência de poucos fornecedores. Eles incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.
O Brasil, por exemplo, possui cerca de 10% das reservas mundiais desses elementos, de acordo com o Instituto Brasileiro da Mineração (Ibram), entidade que representa o setor privado.
No país, pesquisa indica que a busca por minerais necessários para projetos de transição energética já vem causando conflito nas novas frentes exploratórias. Outro estudo mostra que essa procura acelera a crise climática.
Declaração de líderes
O G20 é o principal órgão para cooperação econômica internacional, criado em 1999, reunia apenas ministros de finanças e presidentes de bancos centrais. Com o tempo, ele ganhou também um caráter político e o formato atual já está em nível de chefes de Estado e de governo.
A cúpula será dividida em três sessões, duas no sábado e uma no domingo.
O principal documento do encontro será a declaração de líderes do G20, que está sendo negociada pelos embaixadores. Há entretanto, países que estão se opondo à declaração, em função da ausência dos Estados Unidos na reunião, e defendendo apenas uma carta da cúpula.
De acordo com o embaixador Philip Fox-Drummond Gough, a posição da presidência da África do Sul é que haja, sim, uma declaração e o Brasil apoia “firmemente” essa intenção. “Assim como houve declaração em todas as outras cúpulas”, disse.
Entre os temas que estão sendo negociados está a taxação dos super-ricos, que foi defendida pela presidência brasileira no G20, no ano passado, e deve constar na declaração dessa cúpula. Segundo Gough, o assunto será tratado em um evento paralelo nesta quinta-feira (20), sobre desigualdades, que é ponto importante da presidência da África do Sul.
Ainda de acordo com o embaixador, apesar do caráter também político do G20, a intenção é não ser “muito exaustivo” nas questões políticas globais para evitar que isso atrapalhe na declaração de líderes e no debate econômico-financeiro do grupo.
Nesse sentido, está em negociação uma simplificação no tratamento das questões políticas. Sobre guerras e conflitos, por exemplo, o documento final fala principalmente em princípios e direitos internacionais.
Além da declaração de líderes, também será publicada uma declaração na área financeira que trata de temas como sustentabilidade da dívida pública e facilitação e fomento de investimentos.
Agenda
O presidente Lula desembarca em Joanesburgo na sexta-feira (21) e deve manter encontros bilaterais com outros líderes, inclusive com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. No sábado e no domingo ele participa das sessões do G20.
Também no domingo, à margem do G20, está prevista reunião entre os líderes do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas). A iniciativa trilateral foi desenvolvida em 2003 no intuito de promover a cooperação entre os países do Sul Global.
Na sequência, Lula embarca para Maputo, capital de Moçambique, onde faz uma visita de trabalho.
Moçambique
Durante entrevista à imprensa, no Itamaraty, o secretário de África e de Oriente Médio, Carlos Sérgio Sobral Duarte, lembrou que, ao assumir o terceiro mandato, em 2023, o presidente deixou claro que retomaria a relação com os países africanos como prioridade da política externa.
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Em 2023 visitou África do Sul, Angola e São Tomé e Príncipe. Em 2024, esteve no Egito e na Etiópia, bem como recebeu o presidente do Benin em visita oficial. E em 2025, já recepcionou os presidentes de Angola e Nigéria. Além disso, o Brasil sediou, em maio deste ano, uma reunião de ministros de agricultura.
A viagem de Lula a Moçambique se insere nas comemorações de 50 anos das relações diplomáticas entre os dois países.
“É um país que tem uma tradição profunda e extensa no campo da cooperação com o Brasil”, disse o embaixador Duarte. Eles também são parceiros no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e há uma convergência na atuação em foros internacionais.
Moçambique é o maior beneficiário da cooperação brasileira com recursos da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) na África, cobrindo áreas diversificadas – saúde, agricultura, educação, formação profissional, entre outros – e envolvendo projetos estruturantes. Durante a visita, deverão ser revisitadas as cooperações em áreas como agricultura, empreendedorismo, saúde, educação e combate ao crime organizado.
Os dois países querem ainda, ampliar o comércio e os investimentos. Nesse sentido, está sendo organizado um fórum empresarial, que deve contar com a presença de 150 a 200 empresários brasileiros e moçambicanos, com painéis sobre agronegócio, indústria e inovação e saúde.
O secretário de Promoção Comercial, Ciência, Tecnologia, Inovação e Cultura do Itamarty, Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto, lembrou que o comércio bilateral com Moçambique é limitado, mas que as relações comerciais do Brasil com os países africanos fazem parte de um “projeto político maior” de aliar cooperação para o desenvolvimento e educação.
“É um projeto político que inclui cooperação, capacitação, educação, promoção comercial e ciência e tecnologia”, disse. “E não impomos regras e condições, propomos a cooperação técnica de acordo com o que esses países querem”, acrescentou o embaixador.
O intercâmbio comercial entre Brasil e Moçambique foi de US$ 40,5 milhões em 2024, com exportações brasileiras totalizadas em US$ 37,8 milhões, e importações de US$ 2,7 milhões.
Os produtos exportados são constituídos, sobretudo, por carnes de aves fresas, congeladas ou resfriadas (41%), produtos de perfumaria ou toucados (4,7%) e móveis e suas partes (5%). Já as importações são compostas por tabaco desqualificado ou desnervado (95%).
No dia 24, em Maputo, está prevista reunião de Lula com o presidente do país, Daniel Chapo, quando deve ser assinado um acordo sobre cooperação entre academias diplomáticas. Outros termos de cooperação técnica estão sendo negociados.
O presidente também participa do encerramento do fórum empresarial e deve receber o título de doutor honoris causa da Universidade Pedagógica de Maputo.
Notícias
Mapa mostra programação da Consciência Negra em todo país; confira
O Mapa da Igualdade Racial, lançado no início deste mês, reúne eventos e ações por todo o país que tenham relação com o Novembro Negro. Organizado pelo Ministério da Igualdade Racial (MIR), a ação tem como objetivo ampliar a visibilidade das atividades que valorizam o legado e as lutas da população negra e funciona de forma colaborativa. 

Organizadores de eventos podem cadastras suas iniciativas por meio de um formulário disponibilizado pelo ministério .
Ao clicar nos ícones, o mapa mostra informações detalhadas das ações, incluindo os responsáveis pela organização juntamente com data, local e horário. Cada ação será identificada por um pin, com destaque para aquelas conectadas com a conservação do meio ambiente e a COP30, que promovam a justiça racial ambiental.
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