Após fazer campanha pela presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o ex-atacante Ronaldo Fenômeno anunciou, por meio de suas redes sociais, o fim de sua candidatura.
Na sua postagem no Instaram, Ronaldo justificou sua saída da disputa pelo comando da CBF por conta das “portas fechadas” para qualquer tipo de diálogo em boa parte das federações estaduais de futebol:
“No meu primeiro contato com as 27 filiadas, encontrei 23 portas fechadas. As federações se recusaram a me receber em suas casas, sob o argumento de satisfação com a atual gestão e apoio à reeleição. Não pude apresentar meu projeto, levar minhas ideias e ouvi-las como gostaria”, relatou Fenômeno.
Apesar da importância de contar com o apoio direto dos clubes — cenário em que Ronaldo encontrou maior sucesso — seria obrigatório o apoio oficial de pelo menos quadro das federações espalhadas pelo país para pleitear oficialmente a presidência da confederação. Entretanto, nenhuma das instituições estaduais indicou que assinaria um documento oficial em prol da possível candidatura.
‘Mesada’ de Ednaldo Rodrigues justifica apoio massivo das instituições
Apesar dos últimos fracassos do futebol de seleções da base ao profissional, com um raro sucesso recente sendo a conquista do Sul-Americano Sub-20, as federações de futebol espalhadas pelo Brasil justificaram, em e-mails de retorno à equipe de Ronaldo Fenômeno, “apoio à brilhante gestão do presidente Ednaldo Rodrigues”.
Com os votos das federações estaduais tendo peso 2, seria impossível para Ronaldo se eleger mesmo que somasse todos os votos de times da Série A e Série B juntos.
Muito desse posicionamento coordenado e inabalado se deve às chamadas “mesadas” que Ednaldo Rodrigues direciona às federações, valores que, sobretudo no caso de parte das federações do norte e do nordeste brasileiro, representam mais de 90% da renda anual dessas instituições.
Mas apesar dos recursos fornecidos às entidades de cada estado, poucas são os campeonatos estaduais que dão algum tipo de premiação aos seus participantes. Nesse aspecto, o maior destaque vai para a Federação Paulista de Futebol que, além de bonificar equipes no decorrer dos jogos do Campeonato Paulista, ainda premia o campeão com R$ 5 milhões.
Depois do Paulistão, somente o campeonato do Distrito Federal paga mais de R$ 1 milhão ao seu vencedor, com o valor caindo consideravelmente e chegando à modesta premiação de R$ 45 mil no campeonato sul-mato-grossense.
Para completar a incoerência das Federações que recebem mesadas milionárias, mas não repassam os valores às equipes que levam o nome dos estados adiante, 14 federações não oferecem nenhuma premiação oficial mesmo às equipes vencedoras dos estaduais.
Os destaque negativos vão para as federações paranaense, carioca, gaúcha e mineira, que possuem múltiplos times de primeira e segunda divisão, além de campeões nacionais e internacionais, mas ainda assim não repassam qualquer remuneração às equipes integrantes.