A Umbanda é uma das religiões mais genuinamente brasileiras que existem. Nascida no Rio de Janeiro no início do século XX, ela é resultado da fusão de diferentes tradições espirituais de matriz africana e traz elementos da cultura indígena. O que torna a Umbanda tão fascinante é justamente essa mistura que reflete o próprio povo brasileiro, diverso, sincrético e cheio de fé.
Mas o que é a Umbanda?
Muitos definem a Umbanda como uma religião de amor e caridade, e não estão errados. Seu principal objetivo é fazer o bem, sem distinção.
Dentro dos terreiros, o que se busca é o equilíbrio entre o corpo, a mente e o espírito, por meio da ajuda de entidades espirituais que trabalham para orientar, curar e fortalecer as pessoas.
As giras, como são chamadas as sessões espirituais, são marcadas por tambores, cânticos e uma energia intensa que se sente no ar. Cada entidade que se manifesta tem sua forma própria de agir e ensinar.
Entidades
Os Pretos-Velhos transmitem sabedoria e paciência; os Caboclos trazem força e coragem; as Crianças ensinam leveza e pureza; e os Exus e Pombagiras ajudam na transformação e na abertura de caminhos.
Cada linha espiritual tem sua importância dentro da Umbanda, formando um grande sistema de equilíbrio e aprendizado.
Logo nos primeiros contatos com a religião, é comum perceber que ela não se baseia em julgamentos ou dogmas rígidos. A Umbanda é inclusiva e acolhe pessoas de todas as origens, crenças e classes sociais.
Em um terreiro, o que importa é a fé e a vontade de evoluir espiritualmente. Essa simplicidade é um dos grandes motivos pelos quais a Umbanda vem conquistando cada vez mais espaço e respeito no cenário religioso brasileiro.
Mas o que muita gente ainda não entende é que a Umbanda não tem nada a ver com “magia negra” ou rituais sombrios, uma confusão criada por preconceitos e falta de informação.
O que existe, na verdade, é uma prática de caridade espiritual, voltada para o auxílio e o crescimento das pessoas. É uma religião que trabalha com energias da natureza e com entidades que, mesmo não sendo humanas, carregam valores humanos: compaixão, justiça e amor.
Um dos aspectos mais simbólicos da Umbanda é a oferenda para entidades. Diferente do que muitos imaginam, as oferendas não são “pagamentos” nem “barganhas” com o mundo espiritual.
Elas são gestos de gratidão e conexão com as forças que ajudam nas giras. Uma oferenda pode conter flores, frutas, velas, bebidas, grãos ou outros elementos naturais, tudo escolhido de acordo com a entidade e o propósito. Por exemplo, um Caboclo pode receber frutas e folhas; uma Pombagira, rosas e champanhe; um Preto-Velho, café e fumo.
Intenção
O segredo da oferenda está na intenção. O que move a Umbanda é a energia colocada nos atos. Quando alguém faz uma oferenda com fé verdadeira, está materializando gratidão e respeito.
O mesmo vale para as velas acesas, os pontos cantados e as preces. Tudo é simbólico, mas cheio de significado.
Outro ponto importante é que a Umbanda não se opõe a outras religiões. Ela reconhece o valor da fé em todas as suas formas. Por isso, é comum encontrar umbandistas que também frequentam missas, cultos ou sessões espíritas.
Essa abertura é uma das maiores riquezas da religião, ela não impõe fronteiras, apenas propõe caminhos.
A força da Umbanda também está no seu caráter comunitário. Os terreiros são espaços onde as pessoas se apoiam, compartilham experiências e se ajudam mutuamente.
Não é raro ver famílias inteiras que frequentam juntas, passando seus aprendizados de geração em geração. Há um senso de pertencimento que vai além da espiritualidade: é um encontro de almas que buscam paz e evolução.
Uma religião de amor e caridade
Em um mundo cheio de pressa, conflitos e julgamentos, a Umbanda surge como um lembrete de que a espiritualidade pode ser simples e profunda ao mesmo tempo. Basta olhar com o coração aberto para entender o valor que há em cada toque de atabaque, em cada ponto cantado e em cada vela acesa.
No fim das contas, conhecer a Umbanda é mergulhar em uma religião que é, ao mesmo tempo, tradição e acolhimento. É compreender que fé não precisa ser complicada, ela pode estar presente em um sorriso, em uma palavra de conforto ou em uma oferenda para entidades feita com amor e respeito. E, quando há amor, tudo se transforma.