Home Notícias Rio de Janeiro UM VASTO TERRITÓRIO PRA CHAMAR DE SEU
Rio de Janeiro

UM VASTO TERRITÓRIO PRA CHAMAR DE SEU

Envie
UM VASTO TERRITÓRIO PRA CHAMAR DE SEU
Arnaldo Luis Miranda, escritor e compositor
Envie

Por Arnaldo Luiz Miranda*

Pensar esses vales e serras em que habitamos como um vasto e único território, rico em sua diversidade cultural, integrado, todavia de um ponto de vista econômico, a partir de seu vetor turístico, é do interesse comum de todas as comunidades da serra fluminense. Por uma questão de escala. Quando estes quinze municípios unem-se e reúnem, cada qual deles estende-se para além de sua fronteira original, cada qual se torna maior e mais forte do que é separadamente.

Uma população que se isola tende a sofrer uma simplificação cultural e um empobrecimento técnico, uma perda de conhecimento ― algo análogo ao conceito de entropia; da mesma forma, uma população que negligencia os saberes acumulados por seus antepassados tende a degradar a sua própria identidade e, por consequência, a sua capacidade competitiva em um contexto social global como o que vivemos na atualidade; nesse sentido, a cooperação com os vizinhos representa ao mesmo tempo uma troca solidária e fraterna ― motivo de festa e alegria ― e um aumento mútuo de sua capacidade criativa.

Por exemplo, um circuito integrado de turismo e cultura que leve os visitantes daqui para ali e dali para acolá, em um espaço geográfico com características bem definidas e semelhantes, em busca de conhecer a sua rica história e no desfrute de suas belezas naturais, é fonte perene (e inesgotável) de riqueza para os empreendedores desta região e, por conseguinte, fonte geradora de emprego e renda para suas populações, dentro de um conceito contemporâneo de harmonia com o meio ambiente.

Ora, a Região Serrana do Rio de Janeiro é, por assim dizer, o coração do grande bioma da Mata Atlântica. Suas florestas e rios são hoje dos maiores ativos de que dispomos nós, abençoados moradores destes vales e serras, para impulsionar o desenvolvimento econômico sustentável e assegurar qualidade humana de vida às nossas populações e aos nossos bem-vindos visitantes, proporcionando-lhes uma vivência singular, com tudo que aqui há de único e belo em termos de arte e cultura e patrimônio ambiental.

A literatura e a música popular têm uma contribuição importante a oferecer, neste sentido, porquanto somos nós, artistas ― juntamente com historiadores, professores, jornalistas ―, alguns dos principais responsáveis pela difusão e preservação da memória de nossas comunidades e o legado histórico de seus valores e crenças às gerações seguintes. Somos parte do elo entre futuro e presente.

Repito, a literatura e a música popular têm uma contribuição a oferecer para que o Brasil conheça cada vez mais e de modo íntimo os deliciosos mistérios e sortilégios da alma serrana, seus sacis, seus sagüis, seus tenros preás, grandíssimas antas, sabiás e bem-te-vis.

Eis ao que se propõe esta modesta e honesta Oficina Literária Histórias Serranas, contribuir para a percepção de que a história do lugar onde se vive é parte inerente de nossas próprias histórias pessoais, ao tempo em que a difusão de “causos” e episódios verídicos dessas comunidades a que pertencemos contribui para o fortalecimento e a expansão de seu vetor turístico dentro e fora de suas fronteiras.

A Oficina Literária Histórias Serranas é uma das ações experimentais previstas ao escopo do romance musicado “A Lenda do Senhor de Los Sueños”, atualmente em fase de revisão, que, não por acaso, se passa aonde? Onde? Na região serrana do Rio! Esse vasto território por explorar, conhecer e chamar de seu, como o faz esta fábula provinciana em tons quase épicos.

Arnaldo Luiz Miranda é escritor, compositor, poeta e dramaturgo. Formado em Sociologia e Política pela PUC/RJ, com especialização em História da Filosofia Moderna e Contemporânea pela UERJ

Inscreva-se para receber notícias sobre Rio de Janeiro

Envie
Artigo relacionado