Vivemos em um país onde a grande maioria da população não tem grau de estudo suficiente para interpretar um texto. Antes da pandemia, uma pesquisa da GfK indicava que somente 24% da população tinha estudo suficiente. Sabemos que pós pandemia o nível de educação piorou.
Em comunicação, isto significa que mensagens de vídeo e áudio se tornam muito mais efetivas para passar um conceito ao público-alvo de uma marca. No estudo Cross-Platform View da Kantar de 2023, publicado esta semana, 74% do share de audiência de vídeo está na TV (64% na aberta e 10% na paga) e 26% no Online (Youtube ~16%, Netflix e TikTok ~4%).
Mas quando nos deparamos com a forma de avaliar mídia, no on-line temos foco em conversão, até porque oferece uma vantagem única de rastreamento e mensuração precisa do retorno sobre o investimento (ROI). Por meio de ferramentas como cookies (sim, eles ainda continuam) e pixels de rastreamento, os anunciantes podem acompanhar o comportamento dos usuários desde o primeiro contato com o anúncio até a conversão final, seja ela uma venda, cadastro ou outro objetivo definido. Isso permite uma otimização contínua das campanhas, direcionando os recursos para os canais e mensagens mais eficazes, maximizando assim o retorno sobre o investimento.
Já na mídia tradicional, como televisão, rádio e OOH, e mesmo nas novas mídias como CTV (TV conectada) e streamings, olhamos basicamente o alcance. Estas mídias têm a capacidade de atingir um público amplo e diversificado. Essa amplitude é especialmente valiosa para campanhas de branding, onde o objetivo principal é aumentar o conhecimento e a familiaridade da marca entre o público-alvo.
Então, mais de 60% do investimento de mídia hoje é feito com base em alcance e não está diretamente alinhado com os objetivos de negócio. É claro que há categorias e campanhas cuja comunicação é baseada em construção de marca e conversão de médio e longo prazo. Mas como negociar o budget com o CFO sabendo que a maior parte do investimento de marketing não é medido?
Claro que há décadas temos ferramentas como MMM (Media Mix Modeling) , mas usualmente limitadas e grandes anunciantes pela complexidade de coleta de dados e custo. O interessante é que hoje existem métodos de medição para mídias tradicionais, como TV, rádio e outros meios, tão diretos quanto os métodos online, usando métricas online. Isto é possível porque a maioria das pessoas expostas às mídias tradicionais tem sua segunda tela (celular) e faz buscas no Google quando vê algo que interessa (exceto para OOH).
A capacidade de rastrear e medir o retorno sobre o investimento (ROI) em mídias tradicionais em curto prazo, como reações de busca imediata por um produto anunciado, permite otimizar um plano de mídia por programa, canal e também permite avaliar os criativos.
Essa abordagem de medição faz com que os anunciantes avaliem diretamente o impacto de suas campanhas no comportamento do consumidor. Se um anúncio de televisão, por exemplo, leva a um aumento significativo nas pesquisas online pelo produto anunciado logo após a veiculação do comercial, os anunciantes podem correlacionar esse aumento com a eficácia da campanha e tomar decisões mais informadas sobre a alocação de recursos.
Boa parte das mídias tradicionais e novas mídias (CTV, streaming) podem ser medidas da mesma forma precisa que a mídia online, permitindo aos anunciantes transitar entre objetivos de conversão e alcance, aproveitando o melhor de ambos os mundos para maximizar o impacto de suas campanhas publicitárias.
Ricardo Monteiro é especialista em Administração de Empresas e Design Thinking, pelas universidades de Stanford e Wharton, ex-vice-presidente da ABMN, conselheiro da CONAR e COO da Tunad.