Mais que apenas um nicho de mercado, o slow fashion pode ser adotado como um estilo de vida e consumo
O mercado da moda é cíclico e está em constante mudança. Inovações, tendências e coleções vêm e vão — em grandes marcas, essas mudanças costumam ocorrer entre estações, mas, em algumas produções, isso pode ocorrer em intervalos de dias.
Esse método de produção acelerado da moda é chamado fast fashion — ou, em uma tradução literal para o português, moda rápida. Um sistema de produção em massa que valoriza quantidade e baixo custo em detrimento de qualidade de matéria-prima e mão de obra, o fast fashion vem tomando conta do mercado nos últimos anos com grandes marcas como Shein e Zara, por exemplo.
Ainda que permita que tendências de moda sejam comercializadas com preços mais baixos, permitindo o acesso a novos públicos, existem muitos problemas que circundam o fast fashion — sendo o maior deles a sustentabilidade. O baixo custo e a baixa durabilidade das peças fazem com que os consumidores se sintam compelidos a consumir cada vez mais, gerando cada vez mais resíduos e aumentando as produções fabris.
Em contrapartida ao fast fashion, populariza-se cada vez mais o movimento slow fashion — ou moda lenta, em português. Valorizando cada uma das etapas e profissionais envolvidos na criação de moda, o slow fashion incentiva a produção e consumo de peças duráveis construídas a partir de métodos socialmente e ecologicamente corretos.
Além de um método de produção, o slow fashion vem sendo adotado também como estilo de vida, rejeitando o consumo e valorizando peças de alta qualidade. O termo é relativamente novo e apareceu pela primeira vez na revista inglesa Georgia Straight, em um artigo escrito pela autora de moda Angela Murrills em 2004.
Assim como a moda, a reflexão sociopolítica reflete o comportamento social vivido em determinada época e principalmente nas últimas duas décadas, a questão ambiental e a luta pela sustentabilidade se tornaram urgentes e inadiáveis — fazendo repensar, portanto, o método de produção e distribuição da moda vigente. A popularização dos brechós, das pequenas marcas locais e do estilo vintage são consequências disso.
Então, como aderir ao slow fashion?
Algumas simples escolhas e trocas podem tornar os hábitos de consumo de uma pessoa mais sustentável. Um deles é investir em custo-benefício — ao invés de comprar um tênis bonito, porém construído com materiais baratos e artificiais que rapidamente vão ficar velhos e inutilizáveis, pode-se optar por um tênis Nike, por exemplo, que é igualmente bonito, porém com materiais de alta qualidade que terão uma longa vida útil.
É fato que produtos produzidos com materiais de melhor qualidade possuem um valor mais alto. No entanto, considerando o custo-benefício e a vida útil de tal produto como característica mais importante no momento da compra, produtos de qualidade superior cumprirão sua função por mais tempo, enquanto produtos mais baratos obrigarão o consumidor a comprar reposições em um curto período de tempo.
Outra forma de praticar uma moda mais sustentável é optar pelo consumo de peças de brechós. Esses estabelecimentos possuem curadorias que selecionam peças de qualidade que ainda terão muitos anos de vida útil. Ainda que uma calça jeans bem construída, por exemplo, dure entre 3 e 5 anos, essa peça pode circular dentro do mercado ao invés de se ater a apenas um usuário.
Assim, o velho para uma pessoa se torna o novo para outra e é possível renovar o guarda-roupa sem gastar muito e, mais importante ainda, dentro da lógica do slow fashion, sem gerar resíduos desnecessários.