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Segurança

Sequestro de menina no DF acende alerta sobre divulgação de imagens

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Imagens do sequestro e tentativa de estupro de uma criança de 12 anos no Distrito Federal foram amplamente divulgadas nas redes sociais nesta semana. A vítima foi sequestrada na última quarta-feira (28) ao sair da escola e resgatada após 11 horas de cativeiro. No imóvel, a polícia encontrou algemas e material usado para sedar a vítima. Vídeos e fotos de conteúdo pornográfico foram encontrados. Os dois suspeitos dos crimes já foram presos.

Especialistas alertam, no entanto, para os riscos de divulgação de imagens da vítima em redes sociais. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) já prevê que crianças e adolescentes devem ter proteção integral da família, da sociedade e do Estado. Para garantir esse direito, a divulgação de vídeos, fotos ou conteúdo das vítimas, mesmo com intuito de fazer um alerta, são proibidas.

“Diante de situações que envolvem violências é necessário que as pessoas entendam que elas não devem compartilhar esses conteúdos ainda que seja com o intuito de levar conscientização para as pessoas já alertar as pessoas pelas situações como essa”, disse o gerente de projetos na Safernet Brasil, Guilherme Alves.

Ele explica ainda que mesmo que haja intenção de fazer um alerta, o compartilhamento dessas imagens pode se configurar como crime. E esse conteúdo pode ser denunciado no site denuncie.org.br. Lá, os conteúdos são analisados por técnicos do Ministério Público e da Polícia Federal.

Investigações

A polícia encontrou o sequestrador após informações de testemunhas, que viram a menina entrando no carro. “Esse casal, quando praticou o crime, uma testemunha anotou a placa, essa placa foi irradiada para a polícia, a polícia descobriu o proprietário do carro, que é o autor [do crime]”, explicou o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal, João Guilherme.

Imediatamente, a polícia foi à casa do dono do carro e encontrou dentro do veículo uma mochila de criança. Questionado pelos policiais, ele decidiu confessar que a vítima estava no apartamento dele.

Agora, a Polícia Civil investiga a participação dos presos em uma rede de abuso e exploração sexual de menores no sequestro ocorrido esta semana no Distrito Federal.

Fonte: Agência Brasil

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Segurança

O que é Pressurização de Escadas e Por Que Ela é Vital para a Segurança do seu Edifício?

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Imagine um incêndio em um prédio. Qual é o seu primeiro instinto? Correr para as escadas. Agora, imagine que, ao abrir a porta, você encontra um paredão de fumaça densa e escura. A rota de fuga se tornou uma armadilha.

Essa cena, infelizmente comum, expõe um fato crucial: na maioria dos incêndios, a fumaça e os gases tóxicos são mais letais que as próprias chamas. Eles desorientam, asfixiam e incapacitam as vítimas em minutos.

Em um edifício vertical, as escadas são a única via de evacuação segura. Se elas falharem, o resultado pode ser catastrófico. É exatamente para impedir esse cenário que existe uma solução de engenharia brilhante e invisível: o sistema de pressurização de escadas.

Este artigo vai desmistificar essa tecnologia essencial. Vamos explicar, de forma clara e direta, o que é, como funciona e por que a manutenção deste sistema é um dos investimentos mais importantes na proteção de vidas.

 

O Princípio Simples: Como a Pressurização de Escadas Mantém a Fumaça Longe?

A ideia por trás do sistema é surpreendentemente simples e pode ser explicada com uma analogia: pense em um balão cheio. Se você fizer um pequeno furo nele, o ar sempre sairá, nunca entrará.

A pressurização de escadas funciona da mesma forma. O sistema utiliza ventiladores potentes para injetar ar limpo e fresco para dentro da caixa da escada. Isso cria uma pressão positiva no ambiente, ou seja, a pressão do ar dentro da escada se torna ligeiramente maior do que a pressão nos andares adjacentes.

Essa diferença de pressão, conhecida tecnicamente como pressão diferencial, cria uma barreira de ar invisível e poderosa.

Quando alguém abre uma porta para entrar na escada durante um incêndio, o ar de dentro da escada “empurra” para fora. Isso impede que a fumaça e os gases quentes do andar em chamas consigam invadir a rota de fuga. O resultado é um ambiente seguro, com ar respirável e visibilidade para uma evacuação calma e ordenada.

 

A Anatomia do Sistema: Conheça os Componentes Essenciais

Um sistema de pressurização é uma rede inteligente de componentes que trabalham em perfeita sincronia. Cada peça tem uma função vital para garantir que a rota de fuga permaneça intacta quando mais se precisa dela.

O Coração do Sistema: Ventiladores de Insuflamento 

Localizados geralmente no topo do edifício ou em uma sala técnica, esses ventiladores de alta potência são responsáveis por captar ar externo e “soprá-lo” para dentro da escada, gerando a pressão positiva necessária.

As Artérias: Dutos para Distribuição de Ar

 Uma rede de dutos metálicos transporta o ar limpo dos ventiladores até os pontos de entrega em cada andar. O projeto desses dutos é calculado para garantir que a pressão seja distribuída de forma uniforme por toda a extensão da escada.

Os Pontos de Entrega: Grelhas e Venezianas 

São as saídas de ar localizadas em cada patamar da escada. Seu design e posicionamento são cruciais para que o fluxo de ar seja liberado de maneira controlada, sem criar correntes de vento desconfortáveis, mas garantindo a pressurização correta.

O Cérebro: Sistema de Detecção e Acionamento Automático

 O sistema não fica ligado 24/7. Ele entra em ação instantaneamente ao ser acionado por detectores de fumaça ou por acionadores manuais de alarme de incêndio. Essa resposta imediata é fundamental para proteger a escada desde o primeiro momento da emergência.

A Garantia de Vida: Fonte de Energia de Emergência 

De que adiantaria tudo isso se a energia do prédio fosse cortada durante o incêndio? Para evitar essa falha, o sistema de pressurização é sempre conectado a uma fonte de energia de emergência, como um gerador ou um sistema de no-breaks, garantindo seu funcionamento contínuo.

 

Pressurização de Escadas é Lei: A Importância das Normas Técnicas

A instalação de um sistema de pressurização de escadas não é uma escolha ou um item de luxo. Em muitos edifícios, especialmente os mais altos ou com grande circulação de pessoas, é uma exigência legal.

A principal norma técnica que rege o projeto e a instalação no Brasil é a ABNT NBR 14880. Além dela, cada estado possui Instruções Técnicas (ITs) específicas do Corpo de Bombeiros que devem ser rigorosamente seguidas para a obtenção e renovação do Auto de Vistoria (AVCB).

Por que essas normas são tão rígidas? Porque um sistema mal projetado ou mal instalado é tão perigoso quanto não ter sistema algum. As normas garantem que:

  • A pressão seja suficiente para barrar a fumaça, mas não tão forte a ponto de dificultar a abertura das portas.
  • O fluxo de ar seja adequado para compensar a abertura de portas durante a evacuação.
  • Os componentes sejam de qualidade e confiáveis.
  • O sistema seja acionado de forma rápida e segura.

A conformidade com as normas não é burocracia. É a garantia técnica de que o sistema funcionará perfeitamente no momento mais crítico.

 

Manutenção Preventiva: O Elo que Garante a Eficácia do Sistema

Um sistema de segurança contra incêndio só é útil se estiver 100% funcional. Assim como você testa alarmes e recarrega extintores, o sistema de pressurização exige um plano de manutenção preventiva rigoroso.

Ignorar a manutenção é o mesmo que deixar o colete salva-vidas do navio furado.

A manutenção periódica, conduzida por empresas especializadas, geralmente envolve:

  • Testes de acionamento: Simulação de uma emergência para verificar se os ventiladores ligam automaticamente.
  • Medição de pressão: Uso de equipamentos específicos para confirmar que a pressão diferencial está dentro dos parâmetros da norma.
  • Inspeção dos componentes: Verificação dos ventiladores, dutos, grelhas e da fonte de energia de emergência.
  • Limpeza: Garantir que as entradas de ar e grelhas não estejam obstruídas.

A responsabilidade de manter esse plano em dia é do síndico e da administração do condomínio. É uma tarefa silenciosa, mas que representa o compromisso máximo com a segurança de todos os ocupantes.

 

Conclusão: Um Investimento Silencioso que Salva Vidas

A pressurização de escadas é o herói invisível da segurança predial. Você não o vê nem o ouve no dia a dia, mas sua presença silenciosa é a garantia de que a rota mais importante de um edifício – a saída – estará protegida e funcional durante uma emergência.

Ele transforma um corredor de pânico em potencial em um caminho seguro para a vida, provando que a melhor engenharia é aquela que protege pessoas de forma eficaz e confiável.

Se você é síndico, gestor predial ou engenheiro, entender e valorizar este sistema não é apenas uma obrigação técnica, mas um dever moral.

 

Quem é Francisco Hernandes

Francisco Hernandes é um consultor e especialista em AVAC/HVAC e projetos e construções de áreas biocontidas – NB3/BSL3. Com uma ampla experiência no campo da biossegurança, ele oferece soluções completas nessa área. Sua expertise abrange consultoria, projeto, construção, manutenção e certificação de laboratórios de biossegurança NB3, biotérios e quarentenários de biossegurança NBA3/ABSL3. O principal objetivo de Francisco Hernandes é garantir ambientes seguros e em conformidade com os mais rigorosos padrões de biossegurança.

Através de seu trabalho, Francisco Hernandes contribuiu para a execução de 27 dos 58 laboratórios NB3 existentes no Brasil, demonstrando sua dedicação e conhecimento na área de biossegurança. Com sua vasta experiência e comprometimento, ele se tornou uma referência confiável para aqueles que buscam soluções completas em biossegurança.

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Segurança

Certificação de Cabines de Segurança Biológica: O Guia Vital para a Integridade do seu Laboratório

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Imagine uma falha invisível. Uma microfissura em um filtro ou um fluxo de ar descalibrado em seu laboratório. Essa brecha, imperceptível a olho nu, pode comprometer meses de pesquisa, invalidar resultados e, pior, expor sua equipe a agentes biológicos de risco. É aqui que entra a certificação de cabines de segurança biológica e fluxo laminar, um processo que vai muito além de um simples selo de aprovação.

Este guia completo irá desmistificar o processo. Vamos explicar por que essa certificação não é apenas uma recomendação, mas um pilar essencial para a proteção, a precisão e a conformidade regulatória do seu ambiente de trabalho.

 

O Que São e Para Que Servem as Cabines de Segurança Biológica (CSB)?

Pense em uma Cabine de Segurança Biológica (CSB) como a principal barreira de contenção entre o operador e os perigos microscópicos. Sua função é criar um ambiente de trabalho seguro ao manipular microrganismos, culturas de células ou qualquer material com potencial de risco biológico.

Ela faz isso através de um sistema inteligente de fluxo de ar e filtros de alta eficiência, protegendo três elementos vitais simultaneamente:

  1. O Operador: Impede que o profissional inale aerossóis potencialmente infecciosos.
  2. A Amostra: Evita que o material manipulado seja contaminado por microrganismos do ambiente.
  3. O Ambiente: Garante que nenhum agente contaminante escape da cabine para o laboratório.

A Diferença Essencial: CSB vs. Capela de Fluxo Laminar

É crucial não confundir uma CSB com uma Capela de Fluxo Laminar. Enquanto a CSB protege o operador, a amostra e o ambiente, a capela de fluxo laminar protege apenas a amostra. Ela cria uma área de trabalho estéril jogando ar filtrado sobre o produto, mas não oferece proteção ao operador contra aerossóis gerados na manipulação.

 

Por Que a Certificação Não é Opcional, Mas Essencial?

Um carro precisa de revisões periódicas para garantir que os freios funcionem. Uma cabine de segurança biológica, que lida com riscos invisíveis, exige o mesmo rigor. A certificação é a validação técnica de que seu equipamento opera conforme as especificações de fábrica e as normas de segurança.

Sem ela, você está operando às cegas. O uso de uma CSB não certificada pode gerar uma falsa sensação de segurança, que é ainda mais perigosa do que não usar proteção alguma.

A certificação é crucial para atender às principais normas do setor, como a NSF-49 (para CSBs), a ABNT NBR 15.767 e a ISO 14.644-1 (para áreas limpas e fluxos laminares), sendo um requisito indispensável para Boas Práticas Laboratoriais (BPL) e acreditações.

 

O “Check-up” Completo: Como Funciona a Certificação na Prática?

A certificação envolve uma série de testes rigorosos, realizados por profissionais qualificados com equipamentos calibrados. Cada teste verifica um componente crítico da segurança da cabine.

Estes são os testes fundamentais:

  • Integridade dos Filtros HEPA/ULPA: Este é o coração da cabine. O teste verifica a ausência de furos ou vazamentos nos filtros, garantindo que eles retenham no mínimo 99,99% das partículas de 0,3 mícron. Uma falha aqui significa que partículas perigosas podem estar passando diretamente para o operador ou para a amostra.
  • Velocidade do Fluxo de Ar (Inflow e Downflow): O teste de inflow mede a velocidade do ar que entra pela abertura frontal, criando a barreira de proteção para o operador. O downflow mede o fluxo de ar vertical que “lava” a área de trabalho, protegendo a amostra. Valores fora do padrão anulam a segurança da cabine.
  • Teste de Fumaça (Visualização do Fluxo de Ar): Este teste é revelador. Ele usa fumaça não tóxica para visualizar o comportamento do ar. É possível identificar se a barreira de ar está sendo mantida, se há zonas de turbulência ou se há “fugas” de ar da área de trabalho.
  • Contagem de Partículas: Mede a pureza do ar dentro da área de trabalho, classificando-a segundo as normas. Garante que o ambiente interno atinge o nível de esterilidade necessário para proteger as amostras de contaminação cruzada.
  • Alarmes de Segurança: Simula falhas para garantir que os alarmes sonoros e visuais (como o de fluxo de ar inadequado) estejam funcionando corretamente. Eles são a primeira linha de alerta do operador.
  • Níveis de Ruído e Iluminação: A segurança também passa pela ergonomia. Este teste verifica se a iluminação é adequada para um trabalho preciso e se o nível de ruído não causa fadiga excessiva ao operador.

 

Os 4 Benefícios Diretos de Manter a Certificação em Dia

Investir na certificação periódica gera retornos diretos em segurança, qualidade e eficiência.

  1. Proteção Humana Inegociável: Garante um ambiente de trabalho genuinamente seguro, minimizando a exposição da equipe a agentes patogênicos e produtos químicos perigosos. É um compromisso ativo com a saúde de seus colaboradores.
  2. Integridade Científica e Resultados Confiáveis: Previne a contaminação cruzada de amostras, o que assegura a validade e a reprodutibilidade de suas análises e pesquisas. Resultados imprecisos custam tempo, recursos e reputação.
  3. Blindagem Regulatória e Legal: Manter a certificação em dia é a forma mais eficaz de estar em conformidade com agências reguladoras (como ANVISA), auditorias de qualidade e normas de acreditação. Evita multas, interdições e passivos legais.
  4. Inteligência Preditiva e Longevidade do Equipamento: A certificação funciona como manutenção preventiva. Ela identifica desgastes, como a saturação de um filtro HEPA, antes que se tornem um problema crítico, prolongando a vida útil do seu investimento.

 

Com Que Frequência Devo Realizar a Certificação?

A regra geral, seguida pela maioria das normas e boas práticas, é clara:

  • Anualmente: Para a maioria das aplicações.
  • Sempre que o equipamento for movido: O transporte pode descalibrar a cabine e afetar a vedação dos filtros.
  • Após qualquer manutenção significativa: Como a troca de filtros ou do motor.

Não seguir essa periodicidade é correr um risco desnecessário.

 

Conclusão: Um Investimento na Excelência e na Segurança

A certificação de cabines de segurança biológica não é uma formalidade burocrática. É um procedimento técnico indispensável que funciona como a apólice de seguro do seu laboratório, protegendo o que há de mais valioso: a saúde da sua equipe e a integridade do seu trabalho científico.

Tratar este processo como prioridade é investir na base da qualidade, da segurança e da conformidade. Garante que a sua principal barreira de contenção esteja, de fato, funcionando.

Não deixe a segurança para depois. Se sua cabine não foi certificada no último ano ou passou por alguma alteração, procure uma empresa especializada e qualificada para realizar os testes. Sua tranquilidade e a precisão dos seus resultados dependem disso.

 

Quem é Francisco Hernandes

Francisco Hernandes é um consultor e especialista em AVAC/HVAC e projetos e construções de áreas biocontidas – NB3/BSL3. Com uma ampla experiência no campo da biossegurança, ele oferece soluções completas nessa área. Sua expertise abrange consultoria, projeto, construção, manutenção e certificação de laboratórios de biossegurança NB3, biotérios e quarentenários de biossegurança NBA3/ABSL3. O principal objetivo de Francisco Hernandes é garantir ambientes seguros e em conformidade com os mais rigorosos padrões de biossegurança.

Através de seu trabalho, Francisco Hernandes contribuiu para a execução de 27 dos 58 laboratórios NB3 existentes no Brasil, demonstrando sua dedicação e conhecimento na área de biossegurança. Com sua vasta experiência e comprometimento, ele se tornou uma referência confiável para aqueles que buscam soluções completas em biossegurança.

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Segurança

Como a tecnologia europeia de balizas está transformando o PTC e a segurança ferroviária nas Américas

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Por Wilson Ricardo Antunes*

Nas operações ferroviárias modernas, o desafio não é apenas mover toneladas, mas fazê-lo com segurança, confiabilidade e visibilidade operacional em ambientes complexos. No contexto norte-americano, sistemas como o Positive Train Control (PTC) representam um avanço significativo em automação e controle, especialmente em linhas principais com tráfego intenso. 

O Positive Train Control é um sistema de supervisão automática criado para reduzir falhas humanas em operações ferroviárias. Ele monitora a posição e a velocidade dos trens em tempo real por meio de dados de satélite, sensores e comunicação por rádio, intervindo quando há risco de colisão, rota incorreta ou excesso de velocidade. Adotado nos Estados Unidos após acidentes graves nos anos 2000, o PTC tornou-se um marco tecnológico do setor. Mesmo assim, sua precisão ainda depende de sinais de GPS e medições confiáveis, que podem falhar em pátios e áreas urbanas densas, exigindo operação manual temporária.

Entretanto, há um hiato crítico: nos pátios e terminais, onde os trens se dividem, reformam e cruzam em múltiplas vias, os sistemas tradicionais de rastreamento e atuação automática nem sempre têm precisão suficiente. É nesse cenário que a adoção da tecnologia de balizas, amplamente utilizada na Europa por meio do European Train Control System (ETCS), está ganhando espaço como componente essencial da nova geração do PTC.

O problema central está na geometria restrita e nas condições adversas dos pátios. Edifícios metálicos, múltiplas vias paralelas com separações mínimas inferiores a quatro metros e o ruído nos sinais de GPS ou de odometria tornam o posicionamento impreciso. Nesses casos, o sistema perde a confiança de saber em qual trilho o veículo está, limitando sua capacidade de atuar preventivamente. A baliza, dispositivo passivo instalado entre os trilhos com identificação única, oferece um ponto fixo de referência independente de clima ou obstruções, permitindo que a supervisão automática mantenha controle mesmo nas zonas mais densas.

Lacunas evidenciadas por acidentes reais
Para ilustrar a importância prática dessa falha, vale mencionar dois incidentes recentes.

Em fevereiro de 2018, um trem da Amtrak colidiu com um trem de carga da CSX Transportation em Cayce, Carolina do Sul, após uma chave permanecer na posição incorreta e desviar o trem de passageiros para uma via de manobra. O sistema de sinalização estava fora de operação, o que impediu a correção automática do erro humano.

Em abril de 2023, no pátio de Chico, Texas, um trem da Union Pacific Railroad foi direcionado por uma chave mal posicionada em uma zona sem sinalização para uma via ocupada, resultando em colisão e ferimentos graves.

Ambos os casos ocorreram em ambientes de manobra com múltiplas vias, sistemas de detecção limitados e forte dependência de protocolos manuais. São situações em que a ausência de um posicionamento absoluto, como o fornecido por balizas ou sensores de via, reduz a capacidade do sistema de controle de intervir antes que o erro humano produza consequências graves.

Um novo paradigma de integração
A proposta técnica é clara. O rastreamento via GPS e odometria deve ser mantido nas linhas principais, em que a separação entre vias e o ambiente aberto favorece essas tecnologias. Ao se aproximar de pátios ou terminais, o controle passa a ser reforçado por uma rede de balizas. A instalação de poucos dispositivos em pontos críticos permite identificar com precisão o trilho, eliminar ambiguidades e manter o controle automatizado em manobras de baixa velocidade ou operações complexas.

Essa abordagem híbrida, que combina o alcance dos sistemas PTC com a robustez local das balizas, não é apenas uma atualização incremental. Representa o fechamento de uma lacuna estrutural na segurança ferroviária e a consolidação de um sistema de controle verdadeiramente contínuo, do trecho principal ao pátio.

A modernização da segurança ferroviária não depende apenas de novas tecnologias, mas da integração eficiente entre elas. As balizas não substituem os sistemas existentes, mas os tornam mais confiáveis em ambientes em que o PTC tradicional se torna vulnerável. A implementação requer planejamento, diagnóstico detalhado das áreas críticas, integração de software e hardware e um programa sólido de manutenção e capacitação.

No Brasil, o uso combinado de PTC e balizas ainda está em estágio inicial, mas o tema vem ganhando atenção entre operadores de carga e gestores de infraestrutura. A malha ferroviária brasileira, marcada por trechos extensos e pátios com alto volume de manobras, reúne condições ideais para a aplicação de sistemas híbridos que integrem controle digital e referência física de posicionamento. A adoção gradual dessa tecnologia pode aumentar a disponibilidade operacional, reduzir custos de manutenção e fortalecer os padrões de segurança, especialmente em corredores logísticos ligados à mineração e ao agronegócio, onde a confiabilidade do transporte é fator decisivo para a competitividade.

Nos sistemas latino-americanos, em que muitos pátios ainda operam com visibilidade limitada e infraestrutura heterogênea, a combinação de PTC e balizas pode representar um salto significativo em eficiência e segurança operacional. O objetivo é simples, mas fundamental: garantir que cada trem saiba exatamente onde está e o que pode fazer, mesmo quando o sistema convencional deixa de enxergar.

*Wilson Ricardo Antunes é engenheiro mecatrônico formado pela Escola Politécnica da USP. Possui mais de 25 anos de experiência em tecnologia e automação, com atuação destacada em projetos de sinalização ferroviária, sistemas RFID e desenvolvimento de máquinas de chave. Atualmente, é Diretor da Unidade de Negócios na Intertech Rail, onde lidera iniciativas voltadas à inovação em segurança ferroviária e integração de sistemas de controle e comunicação.  

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