A vesícula é um órgão que possui a função de armazenar a bile, líquido produzido pelo fígado. Além disso, ela controla a liberação dessa substância mediante a presença de alimentos gordurosos no intestino para auxiliar na digestão. Quando essa secreção fica com alta concentração de colesterol e sais biliares, acontece a precipitação desses componentes, dando origem aos cálculos, as temidas pedras.
De acordo com a médica especialista em Cirurgia Digestiva e Bariátrica Dra. Thayla Amaral, a origem dos cálculos biliares é multifatorial, e pode se dar principalmente pelo alto consumo de alimentos ricos em gordura e carboidratos, por questões genéticas e até mesmo quando os pacientes apresentam uma importante perda de peso em um curto período de tempo. “O tratamento é cirúrgico sempre que possível, por isso, hábitos saudáveis como a prática de atividade física e alimentação equilibrada são extremamente importantes para a prevenção da doença”, informa a especialista.
Dores embaixo da última costela do lado direito, principalmente após alimentações muito calóricas, desconforto abdominal que irradia para as costas, vômitos, náuseas pós-alimentares, coloração escurecida da urina ou fezes de cores mais claras, são os principais sintomas da colelitíase (presença de pedras).
Para evitar complicações decorrentes da doença, a indicação é que a colecistectomia (remoção da vesícula) aconteça o mais breve possível, porém, o momento mais seguro para sua realização é quando a enfermidade é diagnosticada fora da crise de inflamação, já que os riscos se tornam menores. Quando o paciente apresenta o quadro chamado de colecistite aguda (inflamação da vesícula), é necessário o uso de antibióticos que controlam a infecção até o momento adequado.
A intervenção cirúrgica é feita por meio da videolaparoscopia, um procedimento minimamente invasivo de baixo risco, com duração de aproximadamente 40 minutos. O retorno para as atividades é rápido, mas nesse período pós-operatório é indicado que o paciente consuma alimentos com baixo teor de gordura, uma vez que o corpo estará em fase de adaptação com a falta da vesícula e normalização do hábito intestinal. De modo geral, deve-se evitar esforços físicos nas duas primeiras semanas, para garantir uma melhor cicatrização dos tecidos.
O principal exame para determinar a doença é a ultrassonografia abdominal, além da ressonância, que também pode ser utilizada para complementação do diagnóstico, que pode acometer pacientes em qualquer faixa etária, sendo mais prevalente em adultos e idosos. Para as mulheres que estão no período gestacional, os cuidados devem ser redobrados. “Nesses casos, orientamos que a paciente evite alimentos que possam causar crises de dor ou inflamação, já que podem trazer risco à mãe e ao bebê caso aconteçam. Em geral, é aguardado o término da gestação para prosseguir com a retirada cirúrgica da vesícula, de preferência fora do período de amamentação”, orienta a médica.
Apesar do câncer relacionado à pedra na vesícula ter uma incidência muito baixa, podem existir outras complicações graves, que vão desde a obstrução das vias biliares, dor, inflamações, perfuração da vesícula e até o desenvolvimento da pancreatite. Com todos esses problemas causados pela doença, é importante alertar que, caso ocorra o surgimento de algum sintoma como os mencionados anteriormente, eles não devem ser ignorados, e é de extrema importância que o paciente procure um especialista, como um cirurgião digestivo, para melhor elucidação diagnóstica.