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Ruínas falam: filme do interior de SP expõe o apagamento da memória brasileira com ficção e poesia projetada em muros

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Michelle Veloso
Michelle Veloso

Gravado em Vargem Grande do Sul, Vila Polar transforma a destruição do patrimônio em arte política e afetiva — um curta que grita contra o silêncio das demolições e pergunta: o que ainda somos quando apagam nossa história?

 

Casarões tombam. Armazéns viram escombros. Nomes de ruas mudam, placas somem, muros desbotam. E junto com tudo isso, desaparecem também memórias, afetos, histórias de famílias inteiras. Em silêncio. Sem alarde. É contra esse processo de apagamento cotidiano que o curta-metragem Vila Polar, dirigido por Paulo Tothy, ergue sua voz — ou melhor, suas imagens, suas ruínas, suas palavras projetadas em fachadas decrépitas.

O filme será lançado no dia 25 de julho, em Vargem Grande do Sul (SP), com entrada gratuita no Espaço Mais Cultura. Mas Vila Polar não é só um lançamento local: é uma obra que reverbera nacionalmente porque aponta para um problema estrutural do Brasil — a incapacidade de preservar a própria história.

Na narrativa ficcional, um carteiro percorre o bairro onde vive há anos e começa a notar estranhos sinais: aparições, mensagens, ruídos do passado. A Vila onde mora já não é a mesma. O futuro parece engolir o ontem com pressa. Mas a ficção, aqui, é apenas uma lente para olhar o real: casarões históricos de Vargem vêm sendo demolidos, dando lugar ao vazio — físico e simbólico.

“Este filme partiu da casa da minha avó”, conta o diretor. “Ela é uma personagem central da história. Ao ver a cidade perdendo parte de suas marcas, percebi que também estava perdendo algo em mim. O filme é um jeito de resistir, de transformar ruínas em linguagem.”

E é disso que se trata Vila Polar: transformar a destruição em narrativa, a ausência em presença. Com a colaboração do artista Cauê Maia, o filme projeta poemas e imagens sobre paredes prestes a desaparecer — numa espécie de despedida, mas também de denúncia. Como diz o próprio artista: “É uma memória acesa por poucos minutos, mas que permanece no imaginário de quem vê. A cidade também é feita de vestígios.”

A direção de arte é assinada por Elisa Sbardelini, arquiteta da cidade, que aponta o contraste com municípios vizinhos: “Enquanto outros lugares investem em preservar, aqui seguimos apagando. A cada prédio derrubado, uma camada da nossa identidade é arrancada.”

Viabilizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, o curta é também exemplo da potência das políticas públicas de cultura em regiões fora dos grandes centros. “A Lei permitiu que histórias locais fossem contadas com dignidade técnica e poética. Isso muda tudo. É uma revolução silenciosa acontecendo por meio da arte”, diz Paulo, que também atua como curador de cineclubes e projetos audiovisuais no Sul de Minas e interior paulista.

A noite de estreia terá ainda a exibição de Recife Frio (Kleber Mendonça Filho) e Retrato de Dora (Bruna Callegari), num programa que costura ficção, documentário e memória. Após os filmes, haverá conversa com realizadores, elenco e equipe.

Mais do que um filme sobre um bairro, Vila Polar é uma carta aberta às cidades que estão se esquecendo de si. E talvez, no país onde tudo parece começar do zero todos os dias, este seja o lembrete mais urgente: ruínas não são só restos. São pistas. São o que sobra quando tudo o mais é apagado.

SERVIÇO
🎬 Lançamento do curta-metragem “Vila Polar”
📅 25 de julho de 2025
🕢 19h30
📍 Espaço Mais Cultura — R. João Malaguti, 385, Jardim Novo Mundo — Vargem Grande do Sul (SP)
🎟️ Entrada gratuita

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Cineclube Augusto Omolu exibe ‘A Dama do Estácio’, um retrato ácido e poético sobre a velhice e a morte

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Nesta terça-feira (4), às 9h, a Casa Augusto Omolu realiza mais uma sessão da segunda edição do Cineclube Augusto Omolu – Um Olhar para a Longevidade, com o curta-metragem “A Dama do Estácio”, dirigido por Eduardo Ades, tendo Fernanda Montenegro como protagonista. A sessão será gratuita, com acessibilidade, e será seguida de bate-papo com os professores da Casa.

 

Com humor ácido, melancolia e potência simbólica, o filme acompanha uma protagonista que confronta o fim da vida com ironia e dignidade. A obra propõe reflexões profundas sobre o envelhecimento, o corpo feminino na velhice, o direito ao ritual da morte e os afetos possíveis no fim da estrada.

 

A Dama do Estácio ganhou mais de vinte prêmios, dentre eles o de Melhor Filme no Fest Aruanda e no Brazilian Film Festival of London, ambos em 2013.

 

Sinopse

Zulmira é uma velha prostituta. Um dia, acorda obcecada com a ideia de morrer. Ela precisa de um caixão. Em meio à sua busca, memórias e tensões emergem, revelando uma mulher que exige ser lembrada, não esquecida.

 

Sobre o filme

Com atuação marcante da atriz protagonista, o filme se destaca pela fotografia densa e narrativa provocadora. Dirigido por Eduardo Ades, o curta equilibra humor negro e poesia visual para abordar a velhice com coragem e originalidade. “A Dama do Estácio” foi reconhecido por sua abordagem sensível e provocadora sobre o envelhecer feminino e a autonomia sobre a própria morte.

 

A sessão integra a programação do Cineclube Augusto Omolu, que desde 2023 promove o acesso ao audiovisual, à memória e ao debate social com foco nas vivências da terceira idade. Em 2025, com a temática da longevidade, o projeto busca visibilizar experiências da maturidade que costumam ser invisibilizadas pelo olhar social.

 

Este projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal.

 

Serviço:

Filme: A dama do Estácio, com Fernanda Montenegro
Data: 4 de novembro (terça-feira)
Horário: 9h
Local: Casa Augusto Omolu (Rua Fortunato Benjamin Saback, 93, Baixa de Quintas – Salvador)

Entrada gratuita

Mais informações: @cineclubeaugusto.omolu

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Rodrigo Tardelli constrói trajetória sólida no Rio Webfest e se consagra como um dos atores mais indicados da história

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Com quatro indicações ao prêmio de Melhor Ator de Drama, Rodrigo Tardelli se consolida como um dos nomes mais lembrados da história do Rio Webfest, o maior festival de webséries do mundo. O artista, que celebra uma trajetória marcada por personagens intensos e produções autorais, retorna à premiação em 2025 com “Estranho Jeito de Amar”, interpretando Gael, personagem que mergulha em temas como relacionamentos abusivos, controle e dependência emocional.

Reconhecido por sua entrega emocional e por abordar temas socialmente relevantes, Tardelli tem no festival uma parte importante da própria história profissional. “Essa nova indicação, depois de tantos anos, é muito especial. O Rio Webfest sempre foi um espaço que me impulsionou a continuar produzindo, mesmo diante das dificuldades de trabalhar de forma independente. É um festival que valoriza quem faz, quem cria, quem insiste”, afirma o ator.

A primeira participação de Rodrigo no evento aconteceu em 2019, com Até Você Me Esquecer (2ª temporada), que lhe rendeu não apenas sua primeira indicação, mas também o primeiro prêmio da carreira no universo das webséries. “Foi uma fase muito marcante. Eu levantei uma produção inteira sozinho, então quando veio o reconhecimento, passou um filme na minha cabeça. O festival me deu um combustível gigantesco pra seguir em frente”, relembra.

Em 2021, ele foi indicado novamente, dessa vez por Outro Lado da Lua, interpretando o personagem Arthur. No ano seguinte, em 2022, retornou com a 3ª temporada de Até Você Me Esquecer, repetindo o sucesso com o personagem Louis, figura que, assim como Gael, aborda questões ligadas à saúde mental, tema central nas obras de Tardelli. “São personagens que falam sobre dor, sobre sinais que muitas vezes a gente ignora. Em Até Você Me Esquecer, tratamos de forma delicada alguns alertas ligados à esquizofrenia. Já em Estranho Jeito de Amar, o foco é a dependência emocional e o abuso psicológico. Gosto de trabalhar com histórias que provoquem reflexão e gerem empatia”, explica.

O Rio Webfest é considerado um dos maiores festivais de webséries do mundo e celebra produções inovadoras em conteúdo digital, reunindo criadores e projetos de diversas partes do planeta e destacando a diversidade e o talento emergente na indústria audiovisual.

Além de reforçar a relevância de Tardelli como um dos mais conhecidos nomes da cena independente de audiovisual, a nova edição do evento ganha um brilho a mais com o patrocínio da Petrobras, fortalecendo o papel do festival na valorização de produções brasileiras e internacionais. “É muito simbólico ver o festival crescer, ganhar reconhecimento e apoio. Ele tem um impacto enorme na nossa comunidade de criadores e artistas”, completa Rodrigo.

Com um trabalho marcado pela autenticidade e por discussões sobre saúde mental e comportamento humano, Rodrigo Tardelli segue firmando seu espaço como um dos artistas mais consistentes e premiados da nova geração do audiovisual independente.


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Nesta terça-feira (28), às 9h, a Casa Augusto Omolu realiza mais uma exibição da segunda edição do Cineclube Augusto Omolu – Um Olhar para a Longevidade, com o curta-metragem “Acalanto”, dirigido por Arturo Saboia e estrelado pelos atores Léa Garcia e Luís Carlos Vasconcelos. A sessão é gratuita, acessível e será seguida de bate-papo com os professores da Casa.

Com roteiro inspirado no conto “A Carta”, de Mia Couto, o filme conduz o público por uma jornada afetiva sobre memória, ausência e escuta, temas profundamente conectados com o envelhecimento e a construção de vínculos afetivos em diferentes fases da vida.

 

Sinopse
Uma senhora analfabeta busca amenizar a saudade do filho solicitando a um conhecido que leia, repetidas vezes, a única carta que ele enviou há mais de dez anos. Com o tempo, uma amizade sensível e profunda nasce entre os dois. Acalanto é um tributo à oralidade, à escuta e à potência dos encontros silenciosos.

 

Sobre o filme
Produzido no Brasil, o curta tem recebido reconhecimento pela delicadeza de sua narrativa e pela presença marcante de Léa Garcia, ícone do cinema brasileiro, em um de seus últimos trabalhos em vida. Ao lado de Luís Carlos Vasconcelos, a atriz entrega uma atuação de rara sutileza. A direção de Arturo Saboia cria uma atmosfera intimista e comovente, explorando os não-ditos e as pausas com intensidade poética. Com classificação indicativa livre, o filme dialoga com públicos diversos, promovendo reflexões sobre afeto, envelhecimento e escuta no tempo presente.

 

Sobre o cineclube
O Cineclube Augusto Omolu promove desde 2023 o acesso à arte e à memória por meio do cinema, com sessões regulares voltadas à comunidade da Liberdade e bairros do entorno. Em 2025, com o tema Longevidade, o projeto convida o público a olhar para a maturidade com mais afeto, escuta e imaginação social. A curadoria é de Carollini Assis e Valber Teixeira, a coordenação de Bira Carvalho.

 

Este projeto foi contemplado nos Editais da Política Nacional Aldir Blanc Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura do Estado via PNAB, direcionada pelo Ministério da Cultura – Governo Federal.

 

Serviço

Filme Acalanto, de Arturo Saboia

Elenco: Léa Garcia, Luís Carlos Vasconcelos

Data: 28 de outubro (terça-feira)

Horário: 9h

Local: Casa Augusto Omolu (Rua Fortunato Benjamin Saback, 93, Baixa de Quintas – Salvador)

Entrada gratuita

Classificação indicativa: Livre

Bate-papo com professores da Casa após a sessão

Mais informações: @cineclubeaugusto.omolu

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