Etarismo é a palavra do momento e tema sério em um país que está envelhecendo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados do Censo 2022 indicam que a população madura subiu para 15,1% desde 2012. A região Sudeste reúne o maior número de idosos com cerca de 17% da população total. Para debater sobre o assunto a Casa São Luiz (CSL), no Rio de Janeiro, reuniu na quinta-feira (28/09), em sua sede, Carolina Cunha, Consultora de Comunicação em Diversidade; e Eduardo Araúju, idealizador do concurso Miss Maturidade e do projeto Senhoras do Calendário. A Casa São Luiz é o residencial para pessoas idosas mais antigo do Brasil.
De acordo com Carolina Cunha a idade é um marcador social que atravessa todas as pessoas.
“Por isso, é essencial conversarmos sobre o etarismo, um tema que impacta diretamente o trabalho, as relações e a nossa existência”, explica a profissional que também tem experiência na área de Recursos Humanos.
Carolina cita informações recentes das Organizações das Nações Unidas (ONU) sobre a gravidade deste problema em todo o mundo.
“Uma em cada duas pessoas no mundo discrimina alguém pela idade. Alguns dados mostram que o mercado de trabalho apresenta atitudes etaristas com pessoas de mais ou menos 35 anos, não só a partir dos 60. O etarismo é uma realidade que acontece nos processos de seleção, dentro de empresas, principalmente quando se está próximo da aposentadoria”, disse ela.
“Dentro das próprias empresas há a exclusão. Não convidam essas pessoas para participarem de novos projetos e programas de desenvolvimento porque acham que elas irão se aposentar e que não darão exatamente a mesma importância para a carreira como as pessoas mais jovens”, completa.
Um combatente na luta contra a discriminação da pessoa idosa, o produtor Eduardo Araúju, afirma que o assunto não é “mimimi”, que o tema é importante e deve ser debatido sempre.
“É importante que não se canse de falar sobre o Etarismo porque no geral as pessoas que discriminam o idoso esquecem que também irão envelhecer. A educação e o respeito é dever de casa todos os dias”, disse o produtor que começou seu trabalho com pessoas idosas em 1991.
Sobre o retorno ao mercado de trabalho ou mudança de área de atuação de pessoas acima dos 60 anos, Carolina cita a frustração com as barreiras impostas pelo etarismo como um dos pontos vividos por esta parcela da população.
“Proponho que essas pessoas, independente de idade, pensem sobre o futuro, carreira, vida longa e tenham a humildade de aprendiz e de mestre”, recomendou a consultora.
Uma pesquisa da empresa Ernst & Young e a agência Maturi de 2022, realizada em quase 200 empresas no Brasil, mostra a gravidade desta realidade no país. Segundo a pesquisa, a maioria das companhias pesquisadas têm de 6% a 10% de pessoas com mais de 50 anos em seu quadro de colaboradores e 78% das empresas consideram-se etaristas. Em meio a onda de preconceito, números do IBGE retratam a dura realidade. Com base no Censo mais recente, o Instituto indica que em 17 milhões de famílias brasileiras, o sustento econômico fica por conta de pessoas com mais de 60 anos.