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Meio Ambiente

Rios encolhem, cidades avançam: satélites mostram um Brasil em transformação

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MapBiomas indica expansão urbana de 2,4 milhões de hectares desde 1985; monitoramento via satélite se consolida como ferramenta essencial diante das metas climáticas da COP-30.

O território brasileiro vive uma transformação silenciosa e profunda. De um lado, rios que encolhem e reservatórios que secam; de outro, cidades que avançam e consomem cada vez mais espaço e recursos naturais. Essa nova configuração territorial, registrada por dados de satélite, está redesenhando o equilíbrio entre natureza e urbanização e exigindo respostas rápidas de governos, empresas e pesquisadores.

Segundo o Censo 2022, o Brasil atingiu o maior nível de urbanização de sua história: 87,4% da população — cerca de 177,5 milhões de pessoas — vivem em áreas urbanas. De 2010 a 2022, 16,6 milhões de brasileiros migraram para as cidades, enquanto a população rural caiu 4,3 milhões.

Os números se refletem no solo. O MapBiomas 2023 mostra que as áreas urbanizadas no país somavam 4,1 milhões de hectares, o equivalente a 0,5% do território nacional. Desde 1985, o crescimento foi de 2,4 milhões de hectares, um ritmo anual médio de 2,4%.

“O grande desafio hoje não é coletar imagens, mas transformar dados em decisões. A integração de satélites, inteligência artificial e informações socioambientais cria uma nova fronteira de monitoramento, permitindo agir de forma preventiva e estratégica diante de mudanças rápidas”, explica Adriano Junqueira, especialista em GIS e Sensoriamento Remoto, Ph.D. em Engenharia Mecânica (Satélites).

Seca, escassez e a importância do olhar orbital

Entre 2023 e 2024, 59% do território brasileiro foi afetado por seca, segundo levantamento da ACAPS. As regiões mais críticas incluem Acre, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins.

A observação via satélite permite detectar retrações em rios, lagos e reservatórios, além de assoreamento e variações sazonais. Índices como o NDWI (Normalized Difference Water Index) ajudam a mapear áreas onde a cobertura de água diminui, revelando pontos de alerta antes mesmo que a escassez seja perceptível no solo.

Essas informações são vitais para planejamento urbano, gestão hídrica e produção agrícola. Elas permitem que hidrelétricas ajustem o uso de reservatórios, gestores municipais antecipem crises de abastecimento e produtores adequem práticas de irrigação e plantio.

“Ao combinar imagens de alta frequência com dados de evapotranspiração e uso do solo, conseguimos prever a disponibilidade hídrica e identificar regiões vulneráveis a períodos de seca prolongada”, afirma Junqueira.

Cidades que crescem — e pressionam ecossistemas

O avanço urbano brasileiro é visível quase em tempo real. Constelações de satélites permitem acompanhar novas áreas construídas, expansão de periferias e transformações no uso do solo. Essas informações têm sido usadas por instituições como o INPE e o MapBiomas para apoiar políticas públicas e estratégias de adaptação climática.

“Os satélites permitem analisar como a expansão urbana interage com ecossistemas e recursos hídricos, revelando pressões sobre zonas verdes e habitats críticos. É o tipo de dado que pode orientar decisões equilibrando desenvolvimento urbano e conservação ambiental”, explica o especialista.

Vegetação e oportunidades de restauração

Além da urbanização, os satélites também revelam mudanças na vegetação e na cobertura natural. Índices como o NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) permitem identificar áreas degradadas, florestas em regeneração e pressões sobre biomas sensíveis.

Essa capacidade se tornou estratégica para monitorar compromissos climáticos, especialmente à medida que o Brasil se prepara para sediar a COP-30 em Belém, em 2025. Ferramentas de sensoriamento remoto ajudam a medir o cumprimento de metas de restauração florestal, redução de emissões e gestão de recursos hídricos — pilares da agenda climática global.

“Transformar observação da Terra em política pública é o próximo passo. As imagens já estão disponíveis; falta conectá-las a decisões orçamentárias, planos diretores e estratégias corporativas de sustentabilidade”, destaca Junqueira.

O futuro visto do espaço

Com a integração de satélites, IA e dados ambientais, o Brasil tem condições de mapear, prever e agir com base em evidências. Essa visão integrada mostra correlações entre expansão urbana, escassez de água e pressão sobre ecossistemas, permitindo antecipar riscos e orientar investimentos públicos e privados.

“O futuro do Brasil — entre rios que encolhem e cidades que avançam — pode ser visto do espaço. O desafio agora é transformar o visível em ação”, conclui Adriano Junqueira.

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Meio Ambiente

Com a COP30 em foco, foi hora de reconhecer o transporte ferroviário como pilar do desenvolvimento sustentável e econômico.

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Líderes globais reúnem-se em Belém (PA), na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), para discutir soluções para a crise climática. Um dos temas centrais dessa complexa equação é a transição energética.
Ei, líderes, o transporte ferroviário é um dos pilares do futuro sustentável.
Com menor emissão de poluentes, alta capacidade de transporte de passageiros e de carga e integração entre regiões, as ferrovias representam uma resposta prática aos desafios do desenvolvimento econômico aliado à preservação ambiental.
Com baixa emissão de gases de efeito estufa, os trilhos têm papel estratégico na transição energética, contribuindo diretamente para as metas de sustentabilidade e para o combate às mudanças climáticas. O modal ferroviário alia eficiência e responsabilidade ambiental, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e o tráfego nas rodovias, além de diminuir o impacto da poluição urbana.
Esse potencial ambiental vem acompanhado de uma meta ambiciosa e necessária: ampliar de forma consistente a presença das ferrovias na matriz logística nacional. O Ministério dos Transportes trabalha para elevar a participação do modal dos atuais 17% para 34%, o que representará uma extraordinária modernização da infraestrutura brasileira. Mais do que um avanço técnico, esse movimento reduz custos de transporte, aumenta a competitividade e coloca o país em sintonia com as exigências de uma economia mais verde e eficiente.
Mas a expansão das ferrovias não depende apenas de trilhos e locomotivas. Ela é sustentada pela força e competência dos ferroviários. Esses profissionais garantem que o sistema opere com segurança, precisão e qualidade, mesmo diante de desafios e transformações constantes. Cada trem que parte, cada carga que chega ao destino e cada passageiro que se desloca com tranquilidade é resultado do trabalho incansável de homens e mulheres comprometidos com o desenvolvimento do país.
Desde que assumimos a gestão do Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana, em 2022, nosso trabalho é pautado na defesa dos direitos da categoria, na valorização profissional e na luta por melhores condições de trabalho. O Sindicato, que acaba de completar 50 anos de existência, atua firmemente na representação dos ferroviários tanto ativos quanto aposentados, acompanhando de perto os processos de concessão e privatização que transformam o setor.
A malha ferroviária da região da antiga Estrada de Ferro Sorocabana hoje abrange áreas de transporte de cargas e de passageiros na capital, litoral, Região Metropolitana de São Paulo e interior paulista. Essa ampla cobertura evidencia a relevância do modal para a integração territorial e o desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo.
Mesmo diante das mudanças estruturais e dos novos modelos de gestão, o permanecemos firmes ao lado dos trabalhadores, defendendo seus direitos, valorizando sua história e reafirmando o papel essencial dos ferroviários na construção de um Brasil mais integrado e sustentável.
A COP30 reforça a necessidade de repensar o modelo de desenvolvimento do país e de priorizar soluções que combinem produtividade, inclusão social e responsabilidade ambiental. O transporte ferroviário é uma realidade é pode consolidar esse novo caminho para um Brasil mais justo, conectado e sustentável, que gere mais empregos e preserve o meio ambiente para as próximas gerações.
Graças à união, coragem e compromisso dos ferroviários, essa transformação acontece todos os dias. Juntos, somos mais fortes.

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Meio Ambiente

Instituto Aupaba leva Turismo Regenerativo para debates da COP30 nesta quinta

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Divulgação - Matsuda Press
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ONG participa de cinco painéis e cerimônia oficial da ONU Turismo

A Amazônia está no centro das atenções mundiais, e o Instituto Aupaba chega à COP30 com uma proposta concreta: mostrar que Turismo Regenerativo não é só discurso, mas ação real nos territórios. A organização, que trabalha lado a lado com comunidades locais em projetos de conservação, vai participar de uma série de debates e lançar uma publicação especial sobre a região amazônica.

A gente acredita que o Turismo pode ser uma ferramenta poderosa de regeneração quando é feito com respeito aos saberes locais e ao meio ambiente“, explica Luciana De Lamare, presidente do Instituto Aupaba, que também integra a delegação brasileira oficial na Blue Zone da conferência. Ela vai acompanhar de perto as negociações sobre financiamento climático e políticas públicas para a Amazônia.

A agenda do Instituto amanhã, dia 20, está cheia. Começa às 14h com o painel “Vozes da terra: Saberes locais e regeneração no Pará”, no stand da CFQ, na Zona Verde. Logo depois, às 15h, a equipe participa do Roadshow de Iniciativas e Soluções Locais sobre Ação Climática no Turismo, organizado pela própria ONU Turismo no espaço MTUR.

Ainda pela tarde, às 16h30, tem o debate “Turismo e soluções para a transição justa”, também no stand da CFQ. E para fechar o dia, às 18h30, o Instituto marca presença na cerimônia de assinatura da Declaração de Glasgow sobre Ação Climática no Turismo, no stand do Ministério do Turismo.

A publicação “Regenerando Territórios: Amazônia viva e turismo sustentável Pará” vai estar disponível durante os dois dias de evento no stand do Ministério do Turismo. O material traz iniciativas reais e reflexões sobre como fazer Turismo de base comunitária de verdade, com desenvolvimento territorial que respeita quem vive ali.

No dia 21, a programação continua com o painel “Governança Local e Turismo Regenerativo: Desafios e Oportunidades”, às 10h, no Espaço Conheça o Brasil do Ministério do Turismo.

Confira a agenda completa do Instituto Aupaba na COP30:

Dia 20/11 (quinta-feira):

Painel “Vozes da terra: Saberes locais e regeneração no Pará” – 14h às 15h – Stand da CFQ, Zona Verde

Roadshow de Iniciativas e Soluções Locais sobre Ação Climática no Turismo – 14h às 15h – Green Zone, Espaço MTUR/ONU Turismo

Painel “Conexão pela Amazônia: PSA, Turismo e Sociobioeconomia” – 15h – Pavilhão Pará, Green Zone

Painel “Turismo e soluções para a transição justa” – 16h30 às 17h30 – Stand da CFQ, Zona Verde

Cerimônia de assinatura da Declaração de Glasgow sobre Ação Climática no Turismo – 18h30 às 20h – Stand do Ministério do Turismo, Zona Verde

Dia 21/11 (sexta-feira):

Painel “Governança Local e Turismo Regenerativo: Desafios e Oportunidades” – 10h às 10h45 – Espaço Conheça o Brasil do Ministério do Turismo, Green Zone

E nos dias 20 e 21:

O Instituto promove a distribuição de “Regenerando Territórios: Amazônia viva e turismo sustentável Pará” no stand do Ministério do Turismo, na Green Zone. O material reúne iniciativas e reflexões sobre conservação, turismo de base comunitária e desenvolvimento territorial.

Fonte: Matsuda Press

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Meio Ambiente

Mantas do Brasil destaca contribuição das comunidades pesqueiras da Baixada Santista na COP30

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Imagem: Documentário Arrasta Maré - André Souza
Imagem: Documentário Arrasta Maré - André Souza

Painel vai evidenciar como o conhecimento tradicional pode impulsionar a economia azul e as metas climáticas do país

O Projeto Mantas do Brasil, em parceria com a Petrobras e patrocínio da Autoridade Portuária de Santos (APS), empresa vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos do Governo Federal, foi convidado para participar da COP30, em Belém (PA), e marcará presença com um painel exclusivo sobre “Pesca artesanal e economia azul”, ao lado do Projeto Costamar, a convite do Instituto RedeMAR Brasil. O encontro acontece no dia 18 de novembro, das 11h às 12h30, no Prédio da Economia Criativa, na Zona Verde do evento.

O painel vai mostrar como os conhecimentos tradicionais das comunidades pesqueiras artesanais podem contribuir para políticas públicas de economia azul e ajudar o Brasil a cumprir suas metas climáticas.

O debate será mediado por William Freitas, presidente do Instituto RedeMAR Brasil, e contará com a participação de Thiago Costa, do Projeto Costamar; Paula Romano, coordenadora geral do Mantas do Brasil; Letícia Schabiuk, coordenadora executiva do Mantas do Brasil; Quêner Chaves dos Santos, do Ministério da Pesca; Líder Gongorra, liderança dos Povos do Mar; e Luena Maria, representante dos povos indígenas. Os painelistas discutirão caminhos para integrar o saber tradicional das comunidades à formulação de políticas públicas voltadas à economia azul e à conservação marinha.

“Nosso objetivo é mostrar que a conservação marinha e o desenvolvimento sustentável podem caminhar juntos. As comunidades costeiras acumulam saberes valiosos sobre o oceano e precisam ser ouvidas quando se fala em futuro climático”, afirma Paula Romano, coordenadora geral do Mantas do Brasil.

O projeto defende que unir a ciência ao conhecimento tradicional é o caminho para uma economia azul verdadeiramente sustentável. “Os pescadores têm uma compreensão profunda dos ciclos naturais, dos comportamentos das espécies e da dinâmica do mar. Quando esses saberes se unem à pesquisa científica, conseguimos construir políticas públicas mais eficazes e adaptadas à realidade de cada região”, explica Letícia Schabiuk, coordenadora executiva do projeto.

Durante o evento, o Mantas do Brasil vai compartilhar experiências práticas com pescadores da Baixada Santista, como o documentário Arrasta Maré, que retrata a tradição do arrasto de praia e a vivência das comunidades costeiras. A obra conta a emocionante história do Sr. Rocha, um dos últimos pescadores de arrasto de Santos. Uma jornada que mistura tradição e sobrevivência, revelando os desafios e a resistência de uma prática ancestral em meio às transformações do mundo moderno.

“Essas histórias mostram que a conservação não precisa ser excludente. Ao contrário, quando ela é feita com as pessoas, o resultado é muito mais duradouro e justo”, destaca Letícia.

A instituição também apresentará ações voltadas à redução de impactos da pesca e ao monitoramento participativo das raias-mantas, com registros de avistamentos feitos por pescadores parceiros. “Atualmente recebemos relatos diretos dos pescadores sobre encontros com mantas. Essa troca mostra que é possível conservar e pescar de forma responsável, sem prejuízo para ninguém”, reforça Paula.

O reconhecimento de que os oceanos são aliados essenciais no enfrentamento da crise climática está no centro da criação do Pacote Azul, plano global que busca acelerar soluções baseadas no potencial das águas para regular o clima e reduzir os impactos do aquecimento global. A iniciativa, lançada na COP30, está em sintonia com o debate proposto pelo Mantas do Brasil, ao destacar a importância dos ecossistemas marinhos e costeiros na absorção de carbono e na manutenção da vida no planeta.

A participação será uma oportunidade para ampliar parcerias e fortalecer o diálogo entre ciência, comunidades e gestão pública. “Queremos firmar novos compromissos e mostrar que inclusão e conservação precisam caminhar juntas. É sobre dar voz a quem vive no mar todos os dias e reconhecê-los como protagonistas da economia azul”, conclui Letícia.

COP30

A capital do Pará, Belém, sedia a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorre de 10 a 21 de novembro. A cada ano, um país recebe o encontro, que tem como missão buscar formas de implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, adotada em 1992 para estabilizar a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.

São esperadas cerca de 50 mil pessoas. Haverá a participação de 15 mil representantes de movimentos sociais que participarão da Cúpula dos Povos. Estão confirmadas 143 delegações dos 198 países signatários dos tratados internacionais sobre o clima. A programação será dividida entre a zona azul, voltada às negociações oficiais, e a zona verde, onde estarão sociedade civil, instituições públicas e privadas e lideranças globais. Espaço em que o Mantas do Brasil marcará presença.

Realização

O painel é uma realização do Instituto RedeMAR Brasil, com participação do Projeto Costamar, parceria da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, e apoio da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), Edinburgh Napier University, ESECMJ, Parna do Cabo Orange/ICMBio e das colônias de pescadores Z-6 e Z-2.

O Projeto Mantas do Brasil, fundado há mais de 10 anos em Santos, atua na preservação das raias-manta, uma das maiores espécies de raia do mundo. Desenvolve ações de conscientização, pesquisa e educação ambiental, e é uma realização do Instituto Laje Viva, ONG criada por mergulhadores indignados com a pesca e caça ilegal no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos. A iniciativa conta com parceria da Petrobras e patrocínio da Autoridade Portuária de Santos (APS), empresa vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos do Governo Federal.

SERVIÇO

Painel “Pesca artesanal e economia azul”

Local: Prédio da Economia Criativa – Zona Verde, COP30, Belém (PA) Data: 18 de novembro de 2025

Horário: das 11h às 12h30

Participantes: Instituto RedeMAR Brasil, Projeto Mantas do Brasil, Projeto Costamar, Ministério da Pesca, Povos do Mar e representantes indígenas.

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