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Raízes Daqui encerra outubro com oficinas de Frevo e prepara grande final com Bumba-meu-boi

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Mestre Beto Lemos na escola Municipal Nilo Peçanha - Foto: Howard Cappelletti / Divulgação Raízes Daqui
Mestre Beto Lemos na escola Municipal Nilo Peçanha - Foto: Howard Cappelletti / Divulgação Raízes Daqui
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Projeto de educação patrimonial atinge cerca de 1.500 alunos em escolas públicas do Rio e ganha destaque na imprensa com iniciativa que vai além do forró

O projeto Raízes Daqui concluiu mais um mês de atividades com resultados expressivos. Em outubro, as oficinas de Frevo movimentaram escolas públicas do entorno da Feira de São Cristóvão, consolidando a proposta de ampliar a percepção da cultura nordestina no Rio de Janeiro. A iniciativa, que funciona de terça a quinta-feira, atende estudantes das escolas municipais Nilo Peçanha, Gonçalves Dias, Alice do Amaral Peixoto, Floriano Peixoto e do Colégio Pedro II.

Com mestres vindos de Pernambuco e Alagoas, além de integrantes do Grupo Frevo da Feira , as oficinas levaram para dentro das escolas a energia contagiante do ritmo pernambucano, reconhecido como Patrimônio Imaterial da Humanidade. O pernambucano Lucas dos Prazeres, mestre de cultura popular e guardião dos saberes do Quilombo dos Prazeres, foi um dos educadores que ensinou os passos tradicionais aos estudantes cariocas. Ao seu lado, trabalharam Beto Lemos, Negadeza, Romeu Silva, Josué Júnior, João Soares e Kira dos Prazeres .

Imprensa reconhece importância da iniciativa

A repercussão do projeto ultrapassou os muros das escolas. O jornalista Márcio Anastácio, da coluna Oxente, Rio! , do Jornal Extra, destacou o trabalho de Lucas dos Prazeres : “Mais do que ensinar uma dança, o trabalho de Lucas dos Prazeres representa a continuidade de uma pedagogia ancestral que valoriza os saberes populares. Ao difundir o Frevo no Rio de Janeiro, ele ajuda a fortalecer a presença cultural nordestina na cidade, que vai muito além do forró.”

Jorge Rodrigues, do portal Sopa Cultural, entrevistou Gilberto Teixeira, diretor e curador do Raízes Daqui , que explicou a proposta do projeto: “O Raízes Daqui nasceu da necessidade da gente realçar outras representações nordestinas no Rio. As pessoas só falam forró, forró pé de serra, forró de plástico… Mas a riqueza do Nordeste é um leque muito maior, é abrangente demais.” Teixeira comparou a diversidade cultural à variedade de sotaques da região, ressaltando que “é que nem achar que todo sotaque nordestino é igual. A diferença é assim, entre o Rio Grande do Norte, a Bahia, o Maranhão, o Ceará…”

Culminância de outubro reuniu 300 crianças em festa

No dia 24 de outubro, o Restaurante Asa Branca, dentro da Feira de São Cristóvão, recebeu a culminância do mês. Cerca de 300 crianças de todas as escolas participantes celebraram o aprendizado com apresentações, trio pé de serra e performance do grupo folclórico da feira.

O ator e influenciador Efraim Esmério, um dos convidados para o evento, definiu a experiência: “Poder vivenciar a cultura nordestina e ver crianças de todas as escolas do Rio de Janeiro e regiões recebendo informações sobre o Nordeste e misturando a cultura afro numa dança típica de mistura entre Frevo e capoeira foi algo surreal e inimaginável. Pois mostrar para crianças que todos são iguais e todas as culturas devem ser respeitadas é algo muito lindo de se viver.”

Para Efraim, a iniciativa deveria se expandir: “É algo extraordinário e deveria virar lei para todas as escolas do Rio de Janeiro participarem desse projeto.”

Mestre Beto Lemos celebra o trabalho coletivo

O mestre Beto Lemos, que conduziu várias oficinas ao longo do projeto, destacou a parceria com João Soares nas atividades de Frevo: “Nessa vivência do Frevo, eu tive o auxílio luxuoso do João, que tem como sua base multiartista e a dança, e aí, nossa, foi riquíssimo, porque ele tem uma vivência com o corpo que foi muito contagiante para as crianças ver um passista, de fato, um profissional dessa área ali na frente deles, fazendo, ensinando.”

Segundo Beto, o ritmo acelerado e festivo do Frevo favoreceu o engajamento dos estudantes: “O Frevo por si só já é uma festa. O ritmo é envolvente, é um pouquinho mais rápido do que as outras coisas que a gente vinha trabalhando, e mexe muito com o corpo naturalmente, então ferve, como a palavra já induz, e é muito festivo, é muito da brincadeira.”

O mestre também refletiu sobre a motivação de participar do Raízes Daqui : “O que mais me motiva nesse momento para fazer projetos como esse é justamente proporcionar um primeiro contato com uma das culturas do nosso Brasil, no caso nordestina, mas proporcionar esse primeiro contato para crianças. Eu acho fundamental, eu acho que era uma coisa que tinha que ter de forma regular na escola.”

Novembro fecha projeto com Bumba-meu-boi

Para o último mês do projeto piloto, novembro trará oficinas de Bumba-meu-boi, outra manifestação tradicional nordestina. As atividades já começaram no dia 27 de outubro e seguem até o dia 19, onde terá a última oficina, na escola Floriano Peixoto, mantendo a dinâmica de turmas da manhã e tarde com lanches integrados à programação. A culminância de novembro será no dia 28, no Restaurante Conexão Mandacaru, na Feira de São Cristóvão.

Gilberto Teixeira revelou que as perspectivas futuras são animadoras: “A própria prefeitura está observando e parece que no futuro a própria prefeitura pode absorver o projeto, porque a gente está levando isso para as escolas públicas. As perspectivas são as melhores.” O diretor do projeto também afirmou que, embora esta seja uma edição piloto, “a gente já sabe absolutamente que deu muito certo.”

O Raízes Daqui é uma realização do Instituto Cultural da Feira e Ministério da Cultura/Governo Federal, com apoio da Prefeitura do Rio/RioTur, viabilizado através de emendas parlamentares do deputado Chico Alencar e da deputada Jandira Feghali. A iniciativa comprova que a cultura nordestina no Rio de Janeiro é plural, rica e merece ser conhecida em toda sua diversidade pelas novas gerações.

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