Com o objetivo de recuperar e preservar seus diversos ecossistemas, a administração do Condomínio Busca Vida (CBV), localizada numa Área de Proteção Ambiental (APA), em Camaçari, no litoral norte da Bahia, firmou uma parceria de desenvolvimento estratégico com a Cosema Consultoria Ambiental e deu início à primeira etapa de manejo e recomposição da Lagoa Busca Vida, através de diversas ações com a utilização de equipe especializada, máquinas e intenso movimento de materiais.
De acordo com Marcelo Dourado, síndico do CBV, este importante bioma passa por um processo de degradação natural e vem exigindo medidas rápidas para evitar que a lâmina de água da lagoa desapareça e se transforme num imenso espaço deserto até o final desta década. Nesta primeira etapa, a limpeza foi realizada em uma área de 10 mil metros quadrados, entre dois lotes (70 e 71), e 180 kg/m³ de plantas invasoras foram retirados da lagoa, o equivalente a 54 toneladas, considerando que a densidade média da vegetação molhada é de cerca de 300 kg/m³. Mais dois trechos, com a mesma extensão cada, foram autorizados e devem mesclar ação manual e maquinários devido às características da área, para início em breve, segundo Marcelo Dourado.
Já há alguns anos, o Grupo Multidisciplinar de Estudos da Lagoa Busca Vida vem acompanhando atentamente o crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas, muitas delas invasoras, neste ambiente aquático. Antes dessa primeira etapa de manejo ser realizada, duas campanhas de estudos científicos conduzidas pelo professor Doriedson Gomes, do Instituto de Biologia da UFBA, descartaram que o processo de poluição de corpos d’água com o crescimento de organismos vivos teve como causa a ocupação do condomínio e algum tipo de intervenção humana. Os estudos concluíram que a invasão de espécies foi um processo natural, mas que o fenômeno precisa ser revertido o mais breve possível com ações concretas para recuperar e manter a lagoa completamente viva e saudável.
Segundo Éder Brito, coordenador e gestor ambiental da Cosema, o cenário encontrado na Lagoa Busca Vida foi muito complexo, pois reúne diversos ambientes num mesmo espaço, diferentemente de outros que existem na região. “Mesmo com a apresentação de uma série de informações pelo CBV, como análises e estudos técnicos preliminares, registros fotográficos, mapeamento de topografia da área, o trabalho foi muito desafiador e de grande aprendizado a cada dia porque, durante a sondagem, encontramos diferentes níveis de profundidade, de solo e vegetação em espaços curtos de distância”, afirmou. Segundo ele, o tipo de vegetação hidrófila que hoje cobre a lagoa é bastante diversificado e por isso demanda uma atenção especial no desenvolvimento dos métodos de limpeza que precisam atender todas as questões ambientais que o envolvem, ao contrário do que é visto em algumas do litoral norte onde existem menores variações e, na sua grande maioria, apenas duas ou três espécies.
Para Éder Brito, o desafio acabou ficando muito mais interessante, tanto pela sua natureza biológica, como, também, pelos aspectos jurídicos, pois demandou um sistema bem estruturado com consultas e reuniões com profissionais e técnicos de órgãos ambientais, para a obtenção das autorizações pertinentes ao processo. “Na realidade, a limpeza envolve alterações ambientais de interesse também dos gestores das APAs e órgãos ambientais que por lá fiscalizam e licenciam novas atividades”, explica.
Marcelo Dourado acredita que apesar dos investimentos necessários e a resolução de questões técnicas, logísticas e operacionais envolvidas, a recuperação da lagoa trará uma grande contribuição para o meio ambiente e benefícios para todos os moradores de Camaçari. “O grupo voluntário de moradores que cuida dos temas relacionados à sustentabilidade tem buscado incansavelmente as melhores soluções disponíveis, tanto técnicas quanto logísticas e operacionais, para realizar o desejo antigo de ver a Lagoa Busca Vida plenamente preservada”, celebra o síndico administrador.