Mudanças no padrão climático impactaram a média de chuvas e a intensidade do frio no eixo Centro-Sul do país
Junho marca a despedida do outono e a chegada do inverno, mas as incursões de massas de ar frio, registradas neste mês, derrubaram os termômetros no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Diante da imprevisibilidade, aumentou a procura pelo termo “previsão do tempo” no Google. Dados coletados pela Agência Conversion apontam para um crescimento de 100%, tendo sido 5 milhões de buscas em maio e 10 milhões em junho.
O interesse pelas previsões faz parte do comportamento social moderno, e, não por acaso, sua frequência acompanha as oscilações do tempo. Como as variações têm sido extremas, sobretudo nos últimos meses, o assunto ganha ainda mais relevância. Na capital gaúcha, por exemplo, houve um saldo em volume de chuvas 104% acima do esperado, conforme demonstra o recente boletim climatológico do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Além das chuvas, a queda na temperatura também surpreendeu outros moradores do Sul. Em Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Proteção Civil começou a emitir avisos especiais sobre a onda de frio na segunda semana de junho e mantém, desde então, os alertas sobre a sensação térmica extrema. Os comunicados se justificam pelos riscos à população, de moderado a alto, decorrentes de geadas e temperaturas negativas registradas na região.
Os informativos do INMET mostram ainda a ocorrência de friagem em parte do Centro-Sul durante todo o mês de junho. Para o período, as estimativas eram de mínimas abaixo de 8ºC nas partes mais ao sul do Sudeste e Centro-Oeste, o que foi confirmado.
Massa de ar polar
Os termômetros baixaram com intensidade, devido a passagem de uma massa de ar polar. Sua origem continental, associada a um anticiclone no Atlântico Sul, fez com que as temperaturas tivessem essa queda mais acentuada, com mínimas abaixo da média. Por isso, houve condição para a formação de geadas, fenômenos que exigem temperaturas abaixo dos 5ºC.
De acordo com o Portal Climatempo, o primeiro semestre foi marcado pela chegada de quatro ondas de frio intenso no Brasil. Destas, duas ocorreram durante o mês de junho. A primeira entre os dias 8 e 14, e a segunda entre 30 de junho e 4 de julho, com médias de 3 a 5 graus abaixo do estimado para o período.
Inverno brasileiro em 2025
Com as mínimas registradas desde meados do outono, o inverno, que oficialmente começou no último dia 20, parece estar presente há mais tempo. E o prognóstico climático para o inverno de 2025, elaborado pelo INMET, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), aponta para a continuidade das temperaturas mais baixas. Entre as áreas mais afetadas, estão as regiões Sul e Sudeste, além dos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Acre e o sul do Amazonas.
Ainda segundo o documento, mesmo que exista a previsão probabilística de frio, a estiagem é um fenômeno esperado para a região Norte. Ou seja, a ocorrência de episódios de temperaturas mais baixas tende a não dispensar o uso de equipamentos que garantem conforto térmico, como ventilador, umidificador e ar-condicionado.