O compromisso com práticas responsáveis não somente protege o meio ambiente, mas também garante a viabilidade da atividade pecuária no futuro
Ao longo do processo de desenvolvimento histórico, o ser humano, além de domesticar as plantas ao tornar-se agricultor, a partir do que os acadêmicos compreendem como processo de sedentarização, também domesticou os animais.
Os laços históricos, tanto do passado quanto do próprio presente, evidenciam que a pecuária é uma atividade elementar para a existência. Hoje, considerando as mudanças climáticas e a forma acelerada como a humanidade usa a natureza, a pecuária sustentável surge tanto como um horizonte possível quanto necessário.
Mas o que é a pecuária sustentável e por qual razão sua implementação é importante?
Dadas as dimensões territoriais continentais, o Brasil tornou-se um dos grandes líderes mundiais na pecuária, abastecendo tanto o mercado interno quanto o internacional. Essa atividade, por essência, possui ligação direta com o uso da natureza.
Nesse sentido, no território brasileiro, como a demanda é exorbitante, desenvolveu-se o conceito de pecuária sustentável, um tipo de processo produtivo baseado em técnicas que visam a produção de alimentos sem exaurir a natureza. A pecuária tradicional é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa, como o metano e o óxido nitroso.
Todavia, um estudo produzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostrou que, ao adotar-se protocolos sustentáveis, é possível reduzir as emissões de metano em até 15 pontos percentuais. Outro benefício dessa prática é que também afeta diretamente o ganho de peso dos animais entre 2% e 3%.
Em relação ao manejo de pastagens, elementar na pecuária, práticas sustentáveis como recuperação de pastagens degradas, ou a própria integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), podem melhorar significativamente o uso da terra, aumentando a produtividade, além de capturar carbono.
Outro ponto que a pecuária sustentável influencia diretamente no processo produtivo é a preservação dos recursos hídricos. Tradicionalmente, a pecuária consome um volume significativo de água. No entanto, a partir de práticas de manejo sustentável e da implementação de tecnologias como sistemas eficientes de irrigação, se reduz drasticamente o consumo desse elemento.
Em suma, a pecuária sustentável afeta diretamente três esferas fundamentais para o mercado que, quando trabalhadas em simbiose, têm a capacidade de melhorar a existência em todos os sentidos: o próprio pecuarista, o sistema produtivo em sua totalidade e o meio ambiente, que nada mais é do que a natureza propriamente dita, abrangendo tanto os elementos bióticos quanto os abióticos.
No processo de implementação desse modelo produtivo, para quem não sabe o que faz um zootecnista, esse profissional é importantíssimo tanto para a implementação quanto para o monitoramento de práticas de pecuária sustentável, especialmente no que diz respeito ao bem-estar animal, à nutrição eficiente e ao manejo adequado das pastagens.
No fim, em um mundo no qual a demanda por proteína animal cresce a cada dia, tornar a pecuária mais sustentável é uma forma de assegurar tanto a qualidade de vida para o ser humano quanto para os animais que abastecem essa cadeia produtiva. Investir em pecuária sustentável não é somente uma escolha pautada na ética humana e ambiental, mas uma garantia de segurança alimentar e de conservação dos recursos naturais.
