A transformação digital deixou de ser uma promessa para se tornar uma necessidade competitiva para empresas em todo o mundo, e no Brasil, esse movimento está ganhando velocidade. No centro dessa revolução silenciosa está a convergência entre inteligência artificial (IA) e computação em nuvem, uma combinação que não só impulsiona inovação, como redefine os fundamentos da operação empresarial.
De acordo com uma pesquisa recente encomendada pela IBM e realizada pela Morning Consult, com apoio da Lopez Research, 78% das empresas brasileiras pretendem ampliar seus investimentos em IA até o final de 2025. Mais do que isso: 95% das companhias já possuem iniciativas de inteligência artificial em andamento, e 48% delas relatam retorno financeiro positivo com esses investimentos. O dado indica uma maturidade crescente no uso da tecnologia, além de sinalizar que o país está se posicionando como protagonista no cenário de transformação digital global.
A computação em nuvem tem evoluído rapidamente de uma simples alternativa de armazenamento e processamento para se tornar o principal ambiente onde as inovações em IA estão sendo concebidas, testadas e escaladas. Essa transição marca uma mudança profunda no papel da tecnologia dentro das organizações. Se antes o foco era na redução de custos com infraestrutura, hoje o valor está na capacidade de inovar com velocidade, segurança e escalabilidade.
Na prática, a nuvem se tornou o habitat natural da inteligência artificial. Plataformas cloud oferecem a elasticidade e a potência computacional necessárias para treinar modelos de machine learning, processar grandes volumes de dados e executar algoritmos de forma contínua e eficiente. Com soluções em cloud, empresas conseguem experimentar rapidamente novas ideias, adaptar-se a mudanças no mercado e responder com agilidade às necessidades dos clientes.
A inteligência artificial aplicada na nuvem está promovendo uma revolução na forma como os negócios operam. Desde o uso de algoritmos para prever padrões de consumo até a automação de processos complexos e o atendimento ao cliente via chatbots, as soluções baseadas em IA estão aumentando a produtividade, reduzindo custos e melhorando a experiência do consumidor final.
Segundo especialistas, essa transformação não é restrita a grandes corporações. Um dos efeitos mais democratizantes da nuvem é justamente permitir que pequenas e médias empresas também tenham acesso a ferramentas avançadas de IA, pagando apenas pelo que usam o chamado modelo pay-as-you-go. Isso nivela o campo de jogo e estimula um ambiente de inovação mais amplo e diverso.
Apesar dos avanços, a incorporação da inteligência artificial em ambientes de nuvem ainda apresenta desafios significativos. Questões como segurança de dados, governança, compliance regulatório e transparência algorítmica estão no centro das preocupações de líderes de TI e executivos. Na mesma velocidade na qual a IA se torna mais autônoma e integrada às decisões estratégicas, é crucial que existam políticas claras de uso ético, com foco na proteção do usuário e na responsabilidade corporativa.
Outro ponto importante é a capacitação profissional. À medida que as empresas aceleram seus investimentos em IA e cloud, cresce também a necessidade por talentos qualificados que saibam interpretar dados, desenvolver modelos preditivos e garantir a governança da tecnologia. O déficit de profissionais especializados pode se tornar um gargalo no processo de transformação digital, exigindo esforços coordenados entre setor público, empresas e instituições de ensino.
O cenário traçado pela pesquisa da IBM revela um país em movimento, em que a tecnologia deixa de ser suporte para se tornar elemento central da estratégia empresarial. O avanço da IA na nuvem está remodelando setores inteiros, da indústria à saúde, do varejo aos serviços financeiros, e criando um novo padrão de eficiência e inovação.
Se os próximos anos confirmarem as projeções de investimento, o Brasil poderá não apenas acompanhar as tendências globais, mas também liderar iniciativas pioneiras em inteligência artificial em cloud na América Latina. Para isso, será necessário manter o ritmo de investimento, aprofundar a cultura digital nas empresas e adotar uma visão de longo prazo sobre os benefícios da tecnologia.
O futuro da computação em nuvem está sendo moldado agora, e ele será cada vez mais inteligente, ágil e orientado por dados. Para as empresas brasileiras, o desafio é claro: inovar com responsabilidade, transformar com propósito e crescer com inteligência.
* Por Luiz Zucas, gerente comercial de cloud da Agora Distribuidora.