*** Por Henrique Belumat, líder de Growth na BlinkPlanet
As NFTs (tokens não fungíveis) surgiram como uma revolução dentro do ecossistema da Web3, trazendo a promessa de digitalização e tokenização de ativos. No início, a principal aplicação estava no mundo da arte digital e dos colecionáveis, mas, com o amadurecimento da compreensão sobre a tecnologia, hoje as NFTs têm o potencial de transformar a forma como lidamos com autenticidade, propriedade e transações no mundo real. A tecnologia permite tokenizar bens digitais e físicos, garantindo autenticidade e propriedade de forma descentralizada e transparente.
No entanto, mesmo diante de todas as possibilidades, usuários se perguntam se este seria o seu fim. Por trás dessa dúvida, estão fatores válidos: a explosão inicial marcada por compras especulativas; a falta de educação sobre o uso real das NFTs, sem a compreensão de seu potencial mais amplo; e uma experiência de uso ainda complexa para aqueles que não estão familiarizados com carteiras digitais e criptomoedas.
Mas, se fôssemos dar uma resposta simples, não, nada indica que a era de ouro das NFTs esteja próxima de acabar. Ao contrário, é justamente o que está além da euforia e da especulação que irá definir o valor real dos tokens não fungíveis.
Sempre digo que, para que as NFTs mostrem sua relevância, é preciso “furar a bolha”. O paralelo com outros mercados deixa isso claro. Um exemplo são os inúmeros meios de pagamento que existem atualmente: para o usuário final, pouco importa qual é a tecnologia por trás do pix ou do cartão de crédito. O que interessa é que o dinheiro pode ser transferido de uma conta para outra realizando-se uma transação (aparentemente) simples.
O mesmo, aos poucos, vai se tornando realidade para as NFTs à medida que elas ganham utilidades claras e uso simplificado.
Não é à toa que há pessoas e empresas dobrando a aposta no mercado. O marketplace de ativos digitais BlinkPlanet, por exemplo, projeta aportar, até o fim do ano, cerca de R$ 2 milhões de reais em empreendedores, desenvolvedores e artistas que criam coleções a partir de uma visão sustentável – e não meramente especulativa.
A expectativa é mostrar que essa tecnologia é uma solução e tanto para a certificação de originalidade de itens de luxo, como bolsas e relógios; para programas de fidelidade que fortalecem a relação entre empresas e clientes; para garantir ingressos nominais e intransferíveis em eventos; e para tokenizar propriedades, como sociedades em clubes e ativos imobiliários, facilitando sua gestão e transferência.
A integração das NFTs com o mundo real, explorando formas de vinculá-las a bens e serviços tangíveis, torna seu valor inegável. Além disso, vem sendo colocado muito esforço em melhorar a experiência do usuário, tornando as plataformas intuitivas e permitindo comprar ativos digitais também com meios de pagamento tradicionais, como o próprio PIX, reduzindo a barreira técnica e de linguagem que hoje predomina na Web3.
Marketplaces confiáveis, que garantem a segurança e a autenticidade dos ativos transacionados, têm papel fundamental tanto na atração de usuários quanto de corporações que queiram se beneficiar dessa tecnologia.
Também é necessário investir em educação e soluções gamificadas, incentivando trocas e negociações seguras. Por fim, a sustentação do princípio da descentralização é essencial para garantir transparência e segurança nas transações, buscando um equilíbrio entre descentralização e facilidade de uso para novos públicos.
O futuro das NFTs não depende apenas de inovação tecnológica, mas de estratégias que tornem seu uso mais acessível, confiável e integrado ao dia a dia das pessoas. Ao focar na conexão entre o mundo digital e o mundo físico, garantir uma experiência fluida para os usuários e criar ambientes seguros para transações, as NFTs podem recuperar sua relevância e expandir seu impacto. O desafio é grande, mas as possibilidades são ainda maiores.
*** Henrique Belumat é comunicólogo pela UFMG e especializado em Advanced Growth Strategy pela Reforge. Possui 10 anos de experiência liderando times integrados de comunicação, produto e tecnologia voltados para estratégias de Product-Led Growth e experimentos baseados em dados. Atualmente, está à frente das estratégias de go-to-market da BlinkPlanet como líder de Growth.