No tatame da ALAMG, mulheres encontram força, consciência e caminhos reais para romper ciclos de violência
O esporte tem se consolidado como uma ferramenta de transformação social, especialmente quando o assunto é o enfrentamento à violência contra a mulher. Na ALAMG, projeto social que atua com modalidades de luta em comunidades, o tatame se torna um espaço de reconstrução. Mais do que ensinar técnicas, o projeto trabalha o fortalecimento emocional, a autonomia e a consciência corporal como pilares de proteção feminina.
Para a ALAMG, o papel do esporte no combate ao feminicídio começa no fortalecimento interno. Segundo o projeto, o esporte vai muito além do físico. Ele fortalece a mente, resgata a autoestima e ensina disciplina, limites e respeito. “Para muitas mulheres, é o primeiro espaço onde elas se sentem fortes, capazes e ouvidas”, explicam. Esse processo contribui diretamente para o rompimento de ciclos de violência, já que uma mulher fortalecida passa a reconhecer abusos com mais clareza e a buscar ajuda.
As transformações são percebidas desde os primeiros contatos com o projeto. Mulheres que chegam tímidas, inseguras e, muitas vezes, marcadas por experiências de medo, passam a se posicionar melhor e a confiar em si mesmas. A ALAMG observa que o esporte devolve a essas mulheres a sensação de pertencimento, força e dignidade, refletindo não apenas no tatame, mas também nas relações familiares, no ambiente profissional e na forma como ocupam espaços no dia a dia.
No tatame, o aprendizado vai além da técnica esportiva. O treino ensina controle emocional, leitura de situações e reação. Mas, sobretudo, reforça a consciência de que o corpo pertence a elas. “O tatame ensina a cair e levantar, a se defender, a dizer ‘não’ e a impor limites”, destaca a organização. Esse conjunto de aprendizados constrói uma noção real de proteção, tanto física quanto emocional, fortalecendo a autoconfiança e a autonomia feminina.
Ao longo de sua trajetória, a ALAMG acompanhou diversas histórias de mulheres que tiveram suas vidas transformadas pelo esporte. Algumas chegaram ao projeto em situação de vulnerabilidade, inclusive vivendo relacionamentos abusivos. Com o tempo, encontraram força para denunciar, recomeçar e reconstruir suas histórias. Em alguns casos, tornaram-se referências dentro do próprio projeto, inspirando outras mulheres. Para a ALAMG, essas trajetórias deixam claro que o esporte não apenas transforma, mas salva e reconstrói vidas.
A presença feminina também tem impacto direto nos núcleos esportivos e na comunidade ao redor. De acordo com o projeto, a participação das mulheres humaniza os espaços, fortalece os vínculos e cria ambientes mais acolhedores, colaborativos e conscientes. Mulheres inspiram outras mulheres, fortalecem crianças e ajudam a construir uma comunidade esportiva mais justa, respeitosa e inclusiva.
Hoje, a ALAMG atua oferecendo acesso gratuito ao esporte, aliado a acolhimento, escuta ativa e fortalecimento emocional. O projeto também planeja ampliar parcerias com a rede de proteção à mulher, além de promover rodas de conversa, ações educativas, oficinas de defesa pessoal e iniciativas que conectem esporte, saúde mental e direitos das mulheres.
Ao falar diretamente com meninas e mulheres que enfrentam medo ou violência, a mensagem da ALAMG é clara e necessária. Elas reforçam que ninguém precisa atravessar esse caminho sozinha. “O medo não define quem vocês são. Existe ajuda, existe força dentro de vocês e existem caminhos para recomeçar. Procurem apoio, falem, se protejam. Vocês merecem viver com respeito, dignidade e liberdade.”
- No tatame da ALAMG, cada treino vai além do exercício físico. É um processo de consciência, fortalecimento e reconstrução. Um trabalho silencioso, diário e consistente, que transforma corpos em territórios de autonomia e o esporte em uma ferramenta real de enfrentamento à violência contra a mulher.