O médico pediatra Antonio Carlos Turner afirma que incentivar a interação dos pequenos com algum tipo de deficiência com todas as crianças e valorizar o que elas são capazes de fazer são ações indispensáveis para um crescimento saudável
O capacitismo, discriminação contra pessoas com deficiência, afeta de forma cruel o desenvolvimento de uma criança. Esse comportamento se manifesta em atitudes, crenças e práticas que considera quem tem algum tipo de limitação física e/ou cognitiva como inferiores, anormais ou menos capazes do que as pessoas sem deficiência. O capacitismo não é apenas um preconceito explícito, mas também pode ser sutil e se manifestar em frases, supostas piadas e até mesmo em ações que parecem bem-intencionadas. Por tudo isso, impacta negativamente o desenvolvimento dos pequenos de diversas formas. De acordo com o médido pediatra Antonio Carlos Turner, diretor técnico da rede de clínicas Total Kids, “quando a família e a sociedade limitam a participação da criança com deficiência em atividades sociais, escolares ou lúdicas, ela pode se sentir desvalorizada e ter a sua autoestima afetada. Falas como ‘coitadinho’ ou ‘ela é tão corajosa por fazer coisas que outras crianças fazem naturalmente’ reforçam a ideia de que a criança é diferente de uma forma negativa. Isso pode levar a um ciclo de insegurança e falta de autonomia”.
Piedade não é a mesma coisa que empatia. É importante que a criança com algum tipo de deficiência seja tratada como qualquer outra, com respeito e dignidade.
“Deve-se evitar frases que a vitimizem ou a diminuam. É fundamental que a criança seja incentivada a fazer o máximo de coisas por si mesma. Deixe-a ajudar a arrumar os brinquedos, escolher a roupa ou participar de decisões simples. Isso fortalece a confiança e a independência. Cada criança tem talentos e habilidades únicas. Concentre-se no que a criança pode fazer, não no que ela não pode. Isso ajuda a construir uma identidade positiva. Mães, pais e responsáveis devem buscar oportunidades para a criança interaja com outras crianças, com e sem deficiência. Isso pode ser em parques, escolas, festas de aniversário ou outras atividades comunitárias”, ressalta o médico pediatra Antonio Carlos Turner.
Capacitismo em cima do palco
Recentemente, o cantor Nattan ofereceu uma quantia em dinheiro para que um homem beijasse uma mulher com nanismo no palco. Apesar de a mulher, que é influenciadora digital, ter afirmado que não se sentiu ofendida, a atitude gerou uma enorme polêmica e foi duramente criticada por associações de nanismo, como a Associação Nanismo Brasil (ANNABRA).
Esse caso serve como um exemplo perfeito de como o capacitismo se manifesta:
“A situação transformou uma mulher com nanismo em uma ‘atração’, em que seu beijo com um homem foi objeto de entretenimento e premiação em dinheiro, reforçando a ideia de que sua deficiência é algo incomum, que merece atenção e pode ser monetizada. A suposta brincadeira objetiva normalizar o preconceito. Embora a intenção possa parecer inofensiva, a ação demonstra uma forma de capacitismo. A situação sugere que a mulher precisa de uma compensação financeira para ser beijada, o que é uma atitude que diminui a sua dignidade e desrespeita sua individualidade”, o observa Turner, diretor técnico da rede de clínicas Total Kids, que tem unidades em Bonsucesso, Olaria, ParkShopping Campo Grande e ParkShopping Jacarepaguá.
Dizer não ao capacitismo é obrigação de toda a sociedade.
“O papel de todos é criar um ambiente de amor e aceitação, onde a criança se sinta segura para ser quem ela é”, conclui o médico pediatra Antonio Carlos Turner.
Antonio Carlos Turner
Médico pediatra e Coordenador da Rede de Clínicas Totalkids
CRM 52-46851-4
RQE 49635.