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Na FLIMA 2025, a Jurema fala — e o Brasil ancestral escuta

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Com Chirley Pankará e Marcelo Leite, festival coloca saberes indígenas, ciência ancestral e resistência espiritual no centro do debate literário

Por entre espinhos e encantamentos, uma árvore sagrada da caatinga volta a florescer — não apenas nos rituais dos povos originários, mas agora também na programação de um dos festivais literários mais relevantes do país. No sábado, 17 de maio, a FLIMA – Festa Literária Internacional da Mantiqueira abre espaço para a escuta e o reconhecimento dos saberes indígenas com a mesa “Ciência Encantada – Nos caminhos de Jurema”, que marca o lançamento do novo livro do jornalista e escritor Marcelo Leite, publicado pela Editora Fósforo.

A obra, “A ciência encantada de Jurema”, é resultado de anos de pesquisa em aldeias, centros de cura e terreiros no Nordeste, e mergulha no universo espiritual, botânico e político da jurema-preta — uma planta que, por séculos, foi marginalizada pelas lentes da ciência ocidental, mas nunca deixou de ser reconhecida como mestra e guia espiritual por povos como os pankararu, fulni-ô e potiguara. O livro reconstrói, com rigor jornalístico e sensibilidade literária, a relevância da jurema como símbolo de resistência e de epistemologias que desafiam a lógica colonial.

Para lançar o livro, Marcelo Leite divide a mesa com Chirley Pankará, deputada estadual e liderança indígena que carrega a jurema não só em sua história pessoal, mas como parte viva de sua atuação política e espiritual. Chirley reforça que a planta, muito além do que os laboratórios chamam de alucinógeno, é saber que cura, ensina e resiste — uma ciência encantada, transmitida por cantos, corpos e cosmologias indígenas. A mediação será da escritora e educadora Dandara Suburbana.

A presença de Chirley na FLIMA expande a conversa para os desafios contemporâneos enfrentados pelos povos originários, do racismo religioso ao apagamento cultural. “A jurema sobreviveu à colonização, mas agora enfrenta o fundamentalismo religioso e a burocracia estatal”, ela costuma dizer. E é nesse espaço entre o saber ancestral e a luta política que o festival finca suas raízes.

A programação do sábado ainda traz, às 17h, a mesa “Poéticas de deslocamento: literatura e território”, com o escritor e ativista Kaká Werá ao lado do poeta e professor Edimilson de Almeida Pereira, com mediação de Cristiane Tavares. Na sequência, o autor Jr. Bellé, que lança um romance sobre comunidades indígenas do Sul do Brasil, também participa de outras atividades da FLIMA, fortalecendo a presença originária na cena literária contemporânea.

Na FLIMA, a Jurema fala — e o convite é claro: escutar não é apenas ouvir, mas transformar o modo como pensamos território, literatura e ciência.

📚 Mesa – CIÊNCIA ENCANTADA: NOS CAMINHOS DE JUREMA
🗓 Sábado, 17 de maio | ⏰ 15h
📍 Auditório – FLIMA 2025 | Santo Antônio do Pinhal (SP)
👥 Com: Marcelo Leite e Chirley Pankará
🎙 Mediação: Dandara Suburbana
🎟 Entrada gratuita
📘 Lançamento do livro A ciência encantada de Jurema (Editora Fósforo)

🌐 Programação completa e transmissão: www.flima.net.br
♿ Acessibilidade: LIBRAS, audiodescrição e legendas na transmissão YouTube da FLIMA

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