Especialistas e órgãos de saúde explicam a relação entre quem teve ou está em tratamento da doença e o aleitamento materno.
O câncer de mama é o tipo da doença que mais atinge o público feminino no país, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Os receios que acompanham o diagnóstico são diversos, e para aquelas que enfrentam a doença antes ou durante uma gestação, é comum a preocupação com relação à amamentação.
Segundo o Ministério da Saúde, o leite materno é a principal fonte de nutrientes dos bebês e pode, inclusive, ajudar a tratar doenças pediátricas. O medo que pode atingir mulheres grávidas ou lactantes é a possibilidade de o tratamento do câncer de mama afetar a criança por meio da amamentação.
Segundo especialistas, a mulher que já teve a doença pode amamentar, mas as que estão em tratamento, passando por sessões de quimioterapia, por exemplo, devem optar por fórmulas ou bancos de leite para não oferecer risco aos bebês.
Relação entre amamentação e câncer de mama
A amamentação é citada como uma aliada na prevenção de tumores oncológicos. Diferentes estudos mostram que as mulheres que amamentam apresentam menos chances de desenvolver a doença no futuro.
Durante o tratamento de câncer de mama, as pacientes podem ser submetidas a diferentes métodos para tratar as células cancerígenas. Conforme informações do Ministério da Saúde, entre os métodos utilizados estão a quimioterapia, a radioterapia, a hormonioterapia e, também, os procedimentos cirúrgicos.
Em alguns dos métodos de tratamento, as pacientes têm contato com substâncias fortes que podem ser transmitidas para os bebês por meio do leite materno. Em entrevista à imprensa, a pediatra Gabriella Maria Ramos Ávila, explica que, durante as sessões de quimioterapia ou radioterapia, não é aconselhável amamentar por conta do risco de intoxicação à criança. A mesma orientação é dada no caso da hormonioterapia.
Gabriela informa que é preciso aguardar até que a medicação seja metabolizada pelo organismo da paciente, recomendando o período de espera de 60 a 90 dias. A recomendação dada pela profissional para alimentar os bebês durante essa fase é o uso de fórmulas infantis adequadas a menores de seis meses ou um ano, dependendo da faixa etária, ou recorrer ao banco de leite.
Quanto às pacientes que já tiveram a doença e, até mesmo, precisaram realizar a retirada parcial do seio devido a um câncer de mama avançado, a amamentação está liberada. Ainda de acordo com Gabriella, nesses casos, não há riscos de substâncias prejudiciais chegarem ao bebê pelo leite materno. A pediatra só recomenda buscar orientação profissional, pois cada caso deve ser analisado individualmente.
Benefícios da amamentação para a mãe e o bebê
A amamentação é recomendada pelas autoridades de saúde como um ato benéfico tanto para a saúde dos bebês, quanto das mães. Os nutrientes presentes no leite materno aumentam a imunidade infantil por conta de anticorpos que evitam infecções virais e bacterianas, como diarreias e infecção de vias aéreas superiores, como explica o Ministério da Saúde.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconizam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses e recomendam mantê-lo, mesmo após a introdução dos alimentos sólidos, até os dois anos.
Em relação às mães, a amamentação também pode auxiliar no combate a doenças, principalmente o câncer de mama. Estudo publicado na Revista Cancer Medicine mostra que cada 12 meses de aleitamento materno podem reduzir em 4,3% a possibilidade de desenvolver esse tipo de tumor.
Segundo o Inca, durante o período de aleitamento, as taxas de determinados hormônios que favorecem o desenvolvimento do câncer de mama caem. Além disso, alguns processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação e a renovação de células que poderiam ter lesões em seu material genético, diminuindo as chances da doença.
A Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) afirma que amamentar traz benefícios a curto, médio e longo prazo para a mãe e a criança. Além do laço afetivo com o filho, a mulher se beneficia pela redução de risco de câncer no ovário, diabetes e doenças cardiovasculares.