A recente morte da jovem Isadora Belon Albanese, de 23 anos, após complicações decorrentes da extração dos dentes do siso em Porto Feliz (SP), gerou forte comoção e levantou questionamentos sobre a segurança do procedimento. Segundo informações divulgadas pela imprensa, a jovem teria desenvolvido uma infecção generalizada, um dos riscos raros, mas possíveis, quando não há os devidos cuidados.
Em nota oficial, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP) ressaltou que a cirurgia de remoção dos sisos é segura quando realizada por profissional habilitado e com os protocolos clínicos corretos. Ainda assim, o caso reforça a necessidade de atenção desde a avaliação inicial até o pós-operatório.
O cirurgião-dentista Edinei da Silva (foto), formado pela Unicamp e especialista em reabilitação oral, reforça que, apesar de rotineira, a extração dos sisos não pode ser tratada com banalidade.
“Mesmo sendo um procedimento comum, a extração do siso exige cautela. Avaliação do histórico clínico, exames de imagem, identificação de comorbidades e estrutura adequada para a cirurgia são pontos fundamentais. E o acompanhamento no pós-operatório é indispensável para prevenir complicações”, afirma Edinei.
Segundo ele, casos de infecção generalizada, como o da jovem, podem acontecer quando há falhas no controle bacteriano, tanto na condução clínica quanto na higiene do paciente após a cirurgia.
“A boca é uma área altamente vascularizada e suscetível a contaminações. Se o paciente tem imunidade baixa, doenças autoimunes ou faz uso de certos medicamentos, o risco aumenta. Nessas situações, o uso de antibióticos preventivos e orientações precisas são essenciais”, explica.
O especialista faz questão de alertar que o mesmo cuidado se aplica a qualquer procedimento odontológico invasivo — não apenas à extração dos sisos.
“Seja para retirar outro dente, realizar implantes ou mesmo fazer enxertos ósseos, todo procedimento na cavidade oral exige atenção rigorosa.
Os enxertos ósseos, por exemplo, são fundamentais para repor volume ósseo e garantir a estabilidade do implante, mas se não planejados e acompanhados corretamente podem acarretar infecções e falhas na cicatrização. Por isso, a avaliação clínica detalhada, exames de imagem precisos e o respeito às orientações no pós-operatório são essenciais para o sucesso do tratamento”, destaca Edinei.
O cirurgião-dentista também reforça que nem todos os sisos precisam ser extraídos.
“A indicação deve ser sempre baseada em critérios técnicos. Sisos que estão bem posicionados e não causam problemas podem e devem ser apenas monitorados”, conclui.