Medida do governo pode beneficiar famílias que não se enquadram em programas habitacionais populares, mas não têm condições de financiar a compra da moradia própria.
Em 2025, o cenário imobiliário para a classe média deve ser mais otimista, conforme a avaliação de representantes do setor. A expectativa é que essa camada da população volte a investir no sonho da casa própria.
Em entrevista à imprensa, divulgada pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o presidente da construtora Trisul, Jorge Curry, avalia que o segmento de produtos direcionados para a classe média, considerada carro-chefe do mercado imobiliário, está adormecido.
Curry explica que o mercado imobiliário melhorou em 2023 por conta da procura por imóveis de interesse social e apartamentos com preços acima de R$ 1,5 milhão. Dessa forma, a classe média não participou de forma ativa do avanço vivido pelo setor no ano passado.
No entanto, a expectativa é que isso mude no próximo ano, quando é esperado que esse público invista, entre R$ 350 mil e 1,5 milhão, na compra de moradia. Conforme a avaliação de Curry, a confiança está voltando, diante da queda dos juros e do aumento do poder de compra, o que tem incrementado a velocidade das vendas.
Segundo pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras (Abrainc), realizada em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), as vendas de novos imóveis residenciais cresceram 32,6% em 2023, na comparação com 2022.
Os resultados foram impulsionadas tanto pelo segmento de médio e alto padrão, quanto pelo programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida”. O presidente da Abrainc, Luiz França, diz que a entidade também espera que as vendas e os lançamentos cresçam, diante da tendência de queda na taxa de juros pelo Banco Central.
Brasileiros já iniciaram a pesquisa por imóveis
Pesquisa realizada pela Brain Inteligência Estratégica, no primeiro trimestre de 2024, revelou que 41% dos brasileiros têm a intenção de comprar um imóvel nos próximos dois anos. Entre eles, 12% já começaram a busca pelo imóvel, sendo 8% de maneira on-line e 4% presencialmente.
Para garantir preços mais baixos, adquirir imóveis em leilões pode ser uma boa alternativa. Segundo informações da Jusbrasil, os imóveis leiloados são vendidos com valores entre 40% e 60% mais baratos do que os oferecidos no mercado imobiliário tradicional.
Os leilões acontecem presencial e remotamente. Há duas modalidades: os judiciais, realizados quando os bens são penhorados pela falta de pagamento, e os extrajudiciais, organizados por bancos e sem necessidade de intervenção da justiça, como o leilão de imóveis do Itaú.
O comprador deve ter atenção às negociações e analisar os dados presentes no edital do leilão escolhido, que traz especificações sobre as condições da propriedade, a sua localização, a quantidade de cômodos e as formas de pagamento.
Para encontrar mais informações, é possível pesquisar na internet, de preferência em empresas idôneas e especializadas. Moradores de São Paulo, por exemplo, podem buscar por “leilão de imóveis em São Paulo” e analisar os resultados alinhados às suas preferências.
Antes de realizar a aquisição do imóvel, é importante considerar as taxas e os custos envolvidos para criar um planejamento financeiro, conforme recomenda a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).
Ampliação do crédito imobiliário para classe média
Em abril, o Governo federal anunciou uma iniciativa que pode transformar o cenário de compra de imóveis: a Empresa Gestora de Ativos (Emgea) terá o seu papel expandido na atuação de securitizadora no mercado imobiliário. A ação integra a medida provisória batizada de “Acredita”.
A iniciativa permitirá que os bancos ampliem a concessão de crédito imobiliário com taxas mais acessíveis para a classe média. Ao autorizar a securitização, os bancos poderão oferecer novos financiamentos imobiliários. Além disso, a Emgea terá a possibilidade de vender essas carteiras para o mercado.
De acordo com as informações do Governo, a proposta irá beneficiar as famílias que não se enquadram em programas habitacionais populares, mas não têm condições de financiar a compra da moradia própria.
“Vamos pedir ao Fernando Pimentel (presidente da estatal Emgea) que não se apresse para amanhã resolver um problema que demorou 50 anos. Vamos sentar com o sistema financeiro, com os fundos de pensão, vamos sentar com o Banco Central”, afirmou o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad.