Com o calor úmido do verão amazônico e o zumbido constante de retroescavadeiras ainda ecoando nos canteiros de obra, Belém se prepara para receber o mundo — e o presidente Lula está no centro dessa transformação.
Neste sábado (1º), Lula participou de duas inaugurações-chave para a logística da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que o Brasil sediará em 2025. Pela manhã, acompanhou — em cerimônia fechada à imprensa — a entrega das obras de ampliação e modernização do Aeroporto Internacional de Belém, um investimento de R$ 450 milhões feito pela concessionária Norte da Amazônia Airports. A reforma visa aumentar a capacidade de transporte aéreo da região, essencial para receber milhares de delegações internacionais no próximo ano.
Logo depois, às 11h30, o presidente esteve na inauguração do novo terminal do Porto de Outeiro, evento aberto à cobertura jornalística. A requalificação do porto é vista como estratégica não só para o escoamento da produção da Região Norte, mas também para fortalecer a matriz exportadora do Pará — um estado que responde por quase 20% das exportações brasileiras de minério e soja, segundo dados do MDIC (2024).
Nos próximos dias, Lula mergulha em uma agenda de escuta ativa: no domingo (2) e na segunda-feira (3), deve visitar comunidades quilombolas e indígenas em áreas remotas do estado. Esses encontros reforçam o compromisso do governo com os povos da floresta — atores centrais nas negociações climáticas globais.
A maratona diplomática ganha ritmo a partir de quarta-feira (5), com reuniões bilaterais não confirmadas oficialmente, mas que, segundo assessores, incluem encontros com representantes de quatro a cinco países e organismos internacionais. Na quinta (6) e sexta-feira (7), o presidente participa da Cúpula dos Líderes, evento precursor da COP30 que reunirá chefes de Estado para alinhar posições sobre justiça climática, financiamento verde e proteção da Amazônia.
O projeto, diga-se, é uma aposta ousada: posicionar o Brasil não apenas como anfitrião, mas como articulador global da agenda ambiental pós-acordo de Paris.
Após deixar Belém, Lula pode viajar a Fernando de Noronha nos dias 8 e 9 para lançar um projeto de energia solar — ainda sem confirmação do Planalto. Já sua participação na reunião birregional entre União Europeia e Celac, marcada para 9 e 10 de novembro em Santa Marta (Colômbia), não está prevista. O encontro busca retomar as negociações do acordo de livre comércio entre Mercosul e UE, paralisadas há anos por divergências ambientais.
Enquanto isso, Belém segue em obras — e o mundo observa.