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Literatura, território e memória: Festa Literária da Mantiqueira pratica escuta às vozes que resistem ao apagamento

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Festival reúne nomes como Luciany Aparecida, Edimilson de Almeida Pereira, Kaká Werá e José Henrique Bortoluci para debater religiosidade, deslocamento e identidade no Brasil contemporâneo

A literatura como ferramenta de cura, memória e reinvenção. Essa é a tônica de dois encontros centrais da FLIMA 2025 – Festa Literária Internacional da Mantiqueira, que neste ano dedica parte essencial de sua programação à escuta de vozes negras e indígenas que têm transformado a escrita brasileira.

Em um país marcado por deslocamentos forçados, apagamentos históricos e uma espiritualidade constantemente perseguida, o território se torna palavra, e a palavra, território. É nesse cruzamento que as mesas de sexta e sábado ganham força, reunindo autoras e autores que pensam o Brasil desde seus abismos e reencantamentos.

Quando um povo é forçado a se deslocar, sua literatura encontra caminhos para permanecer. É nessa escuta ancestral que se inscreve a obra de Edimilson de Almeida Pereira, poeta e pesquisador que constrói pontes entre o sertão mineiro, os terreiros e a memória negra. Sua produção literária é feita de deslocamentos afetivos, espirituais e linguísticos — um mapa de sobrevivência da cultura afro-brasileira.

Ao seu lado, Kaká Werá, escritor e educador de origem tupi-guarani, compartilha sua trajetória marcada pela revalorização da cosmovisão indígena. Em seus livros e falas, ele propõe a reconexão com o sagrado da natureza, com os ciclos da terra e com os ensinamentos ancestrais dos povos originários.

A mesa, mediada por Cristiane Tavares, propõe uma travessia poética entre raízes e caminhos, enfrentando o apagamento com palavras que resistem e religam. O território aqui não é apenas geografia: é espírito, pele e memória.

A literatura brasileira sempre foi construída por vozes em deslocamento — e essa mesa trata exatamente disso. Luciany Aparecida, vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura 2024, investiga em seus livros as memórias fragmentadas do corpo negro, as ausências maternas, os silêncios da história oficial. Sua escrita é uma tentativa de recompor o que a colonialidade rasgou: a linhagem, a palavra, a fé.

José Henrique Bortoluci, por sua vez, olha para a história social e o trabalho como elementos estruturantes da experiência brasileira. Em suas obras, os deslocamentos internos, os afetos de classe e o Brasil que sobrevive entre ruínas e esperanças aparecem como matéria-prima de uma literatura profundamente comprometida com o agora.

Sob a mediação de Maria Carolina Casati, a conversa propõe uma reinvenção da memória — não como nostalgia, mas como gesto político. Porque lembrar, no Brasil, é também um ato de resistência.

Na FLIMA 2025, deslocar-se não significa perder-se — mas reencontrar-se nas palavras de quem, há séculos, escreve o país a partir das margens. Com a presença marcante de pessoas pretas, indígenas e periféricas, a programação reafirma o compromisso do festival com uma literatura viva, plural e profundamente enraizada nas lutas e sonhos de quem fez — e segue fazendo — este Brasil possível.


📍 FLIMA 2025 | Auditório Municipal | Santo Antônio do Pinhal (SP)
🎟 Entrada gratuita

🌿 SEXTA, 17 de maio – 17h

MESA: POÉTICAS DE DESLOCAMENTO – LITERATURA E TERRITÓRIO
📍 Auditório da FLIMA
👤 Com: Edimilson de Almeida Pereira e Kaká Werá
🎙 Mediação: Cristiane Tavares

🧳 DOMINGO, 18 de maio – 14h

MESA: MEMÓRIA E (RE)INVENÇÃO – EXISTIR PELA PALAVRA
📍 Auditório da FLIMA
👤 Com: Luciany Aparecida e José Henrique Bortoluci
🎙 Mediação: Maria Carolina Casati


 

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