Festival literário na Serra da Mantiqueira propõe reflexão sobre o papel da ficção diante da crise ambiental, em mesa com lançamentos, poesia e imaginação crítica
Como pode a literatura responder ao colapso climático em curso? Diante de um planeta em chamas, quando os desastres deixam de ser eventos isolados e se tornam rotina, que caminhos restam à linguagem? Essas são algumas das provocações centrais da mesa “Emergência Climática: os limites da palavra”, que acontece na sexta-feira, 16 de maio, às 19h, dentro da programação da FLIMA 2025 – Festa Literária Internacional da Mantiqueira.
O debate, que reúne as autoras Ana Rüsche e Prisca Agustoni, propõe uma investigação profunda sobre como a literatura pode atuar — ou falhar — diante do maior desafio do nosso tempo: o colapso ambiental e civilizatório. A mediação será da jornalista e historiadora Paula Carvalho, ex-editora da revista Quatro Cinco Um.
Mais do que uma mesa temática, o encontro se configura como uma intervenção poética e política, ao mesmo tempo em que marca o lançamento de obras inéditas que dialogam diretamente com o tema.
Ficção, ciência e o futuro que já chegou
Autora finalista do Prêmio Jabuti e pesquisadora da relação entre ecologia e ficção, Ana Rüsche lança na ocasião dois livros: o ensaio “Quimeras do agora: Literatura, ecologia e imaginação política no Antropoceno” (Bandeirola), que investiga os limites e as potências da escrita diante das transformações planetárias, e o romance “Carga Viva” (Rocco), uma narrativa distópica que entrelaça o cuidado, a linguagem e a sobrevivência em tempos de ruína.
A seu lado, a poeta e crítica literária Prisca Agustoni, vencedora do Prêmio Oceanos, apresenta o recém-publicado “Quimera” (Círculo de Poemas), livro que dá continuidade à sua trajetória de escrita sobre desastres socioambientais, especialmente em zonas de conflito e silêncio. Seu livro anterior, “O gosto amargo dos metais” (7 Letras), já havia abordado, de forma contundente, o rompimento da barragem de Brumadinho e os impactos da mineração sobre corpos e territórios.
O poder — e os limites — da palavra
A proposta da mesa não é buscar respostas fáceis ou apostar em soluções otimistas. Ao contrário: trata-se de encarar o abismo, ouvir o que a natureza e os povos impactados dizem, e refletir sobre o que a linguagem ainda pode fazer quando tudo parece desmoronar. Ao aproximar ciência, literatura e espiritualidade, Rüsche e Agustoni constroem uma conversa que ultrapassa a metáfora e se inscreve no campo da ação simbólica e do cuidado.
A mesa integra o eixo curatorial “Deslocamentos e Pertencimentos”, que guia toda a programação da FLIMA 2025, e reafirma o papel da literatura como forma de resistência, documentação e reinvenção diante das crises contemporâneas.
Um festival em plena Mata Atlântica
Com sede em Santo Antônio do Pinhal, na Serra da Mantiqueira, a FLIMA 2025 acontece entre os dias 15 e 18 de maio, com entrada gratuita e uma intensa programação de mesas, lançamentos, oficinas, feira de livros e shows. O festival homenageia o escritor Milton Hatoum e recebe nomes como Jamil Chade, Kaká Werá, Luciany Aparecida, Milly Lacombe, Juliana Linhares e Zé Pitoco, entre outros.
Desde 2018, a FLIMA se destaca por sua curadoria plural e inclusiva, e por oferecer uma programação que conecta literatura, arte e questões urgentes da atualidade. Em suas edições anteriores, o festival já reuniu mais de 60 mil participantes e contou com convidados como Ana Maria Machado, Conceição Evaristo, Daniel Munduruku, Eliane Brum e Lilia Schwarcz.
MESA 4 – EMERGÊNCIA CLIMÁTICA: OS LIMITES DA PALAVRA
📅 Data: Sexta-feira, 16 de maio
🕖 Horário: 19h
📍 Local: Auditório Municipal de Santo Antônio do Pinhal
📌 Endereço: R. Cel. Sebastião Marcondes da Silva, 2-132 – Centro, Santo Antônio do Pinhal (SP)
🎟️ Entrada gratuita – Retirada de ingressos 1h antes do início
📺 Transmissão ao vivo: YouTube da FLIMA
♿ Acessibilidade: LIBRAS, audiodescrição e legendas simultâneas
FLIMA 2025 – Festa Literária da Mantiqueira
📅 De 15 a 18 de maio
📍 Santo Antônio do Pinhal (SP)
🌐 www.flima.net.br