Geólogos identificaram pela primeira vez a fragmentação da placa Juan de Fuca ao largo da costa oeste da América do Norte — um fenômeno que altera a dinâmica sísmica da região e pode influenciar a ocorrência de terremotos e erupções vulcânicas.
Destaques:
- Detalhes do estudo geológico inédito
- O que é o “megasistema” de subducção
- Impactos para a prevenção de desastres naturais
Em uma faixa de 75 km ao redor da ilha de Vancouver, cientistas conseguiram mapear com precisão inédita o encontro entre três placas tectônicas — um feito que, diga-se, reescreve parte do que se sabia sobre a geodinâmica do Pacífico. Utilizando sonar de alta resolução durante o Cascadia Seismic Imaging Experiment (CASIE21), em 2021, uma equipe de 20 pesquisadores de universidades dos Estados Unidos e Canadá escaneou o fundo oceânico e descobriu que a placa Juan de Fuca está se fragmentando.
Esse processo — lento, mas contínuo — está gerando “pedaços” no leito marinho à medida que a placa se desloca sob a placa norte-americana, juntamente com a menor placa Explorer. Apesar de a fragmentação reduzir parcialmente a atividade tectônica local, a região permanece altamente ativa, com forte ligação a vulcões e terremotos de grande magnitude.
Os resultados, publicados em artigos científicos em junho e setembro de 2024, descrevem a área como um “megasistema” de subducção: um ponto onde placas se sobrepõem com imensa liberação de energia, capaz de gerar fissuras profundas e eventos sísmicos devastadores. Esse tipo de interação, até então mal compreendido, agora passa a ser base para novos modelos de previsão de riscos geológicos.
Segundo os autores, o sistema tectônico que se estende do sul do Canadá até a Califórnia ainda guarda segredos — mas o que já se sabe é suficiente para reforçar a necessidade de monitoramento contínuo. Afinal, a energia acumulada nessas zonas não desaparece; apenas muda de forma.
Com o financiamento da National Science Foundation (NSF), o CASIE21 representa um salto metodológico na sismologia moderna. E, para os brasileiros que acompanham os impactos globais das mudanças geológicas — especialmente em um mundo cada vez mais interconectado —, entender esses processos é mais do que curiosidade científica: é uma questão de resiliência coletiva diante de desastres naturais.
Fonte: Artigos publicados em junho e setembro de 2024 nos periódicos da American Geophysical Union (AGU).