De 5 a 7 de junho duas alunas do Projeto Imagens em Movimento vão representar o Brasil em evento internacional que acontece em Frankfurt
No dia 1º de junho, embarcam para a Alemanha duas estudantes da rede pública de ensino do Brasil com o objetivo de integrar o encontro internacional “À nous le cinema!“, em Frankfurt, Alemanha, que reunirá estudantes, educadores e cineastas integrantes de organizações de 15 países, dedicadas à pedagogia do cinema e do audiovisual. Entre as presenças já confirmadas está o diretor alemão Wim Wenders.
As estudantes Talita Santos e Letícia da Silva, que participarão do evento, são de Camaçari, na Bahia, e Várzea Paulista, em São Paulo, respectivamente, e participaram de oficinas de cinema oferecidas gratuitamente pelo Programa Imagens em Movimento (PIM). A iniciativa é resultado do trabalho desenvolvido há 13 anos no âmbito da ONG Rede de Ações e Interações Artísticas (RAIAR), fundada pela diretora e professora Ana Dillon no Rio de Janeiro. Desde 2011, já participaram do projeto cerca de 1.600 alunos, 100 educadores e mais de 200 filmes foram produzidos nas oficinas.
Talita e Letícia representarão o PIM neste evento internacional que reunirá 500 crianças e adolescentes aprendizes do cinema. Elas participarão de debates e apresentarão os curtas-metragens produzidos nas oficinas do programa.
Em Camaçari os alunos realizaram coletivamente o filme “Alice”, que conta a história de uma adolescente de 14 anos que está tendo dificuldades de lidar com as mudanças de seu corpo e conta com a ajuda de sua irmã para superar esse momento.
Já os alunos de Várzea Paulista desenvolveram o filme “Vírus”, que conta a história de uma família que se comunica apenas por meio de celulares, vivendo em silêncio. Ao assistir acontecimentos em suas vidas nos dispositivos, eles começam a questionar a realidade que estão vivendo. O filme aborda o impacto negativo do uso excessivo de tecnologia, revelando como isso pode afetar suas interações e experiências pessoais.
Programa Imagens em Movimento
O PIM – www.img-mov.com.br – é fruto de uma parceria pioneira na América Latina com uma rede de 16 organizações internacionais dedicadas à pedagogia do cinema, chamada “Cinema, cem anos de juventude” – www.cinemacentansdejeunesse.org- que conta com a orientação geral de Alain Bergala, cineasta e professor, considerado uma referência mundial no campo da pedagogia do cinema. No âmbito desta rede internacional, a cada ano é elaborada de forma colaborativa uma metodologia de iniciação ao cinema, e todas as organizações participantes compartilham também seus resultados, em um grande intercâmbio de experiências culturais e audiovisuais. Além disso, o programa brasileiro desenvolve seus próprios eixos temáticos que, este ano, estão voltados à identidade, ao território, à cultura afro-brasileira e à questão de gênero.
“Significa bastante para nós oferecer a estudantes da rede pública brasileira a oportunidade de vivenciar a experiência crítica e criativa do audiovisual, criando narrativas a partir de seus pontos de vista sobre a realidade que vivem, e de intercambiar estas produções com jovens de contextos socio-culturais tão diversos, em condição de igualdade”, frisa Ana Dillon.
Formada pela PUC-RJ em Comunicação Visual e pós-graduada na Universidade Sorbonne Nouvelle em Pedagogia do Cinema, Ana Dillon fundou a RAIAR, Organização da Sociedade Civil que tem como missão promover a arte e a cultura no âmbito da Educação Pública, com foco em experiências criativas e artísticas vivenciadas através da linguagem audiovisual. Desse caldo surge o Programa Imagens em Movimento (www.img.com.br). A meta é o desenvolvimento de práticas educativas inovadoras no contraturno da grade oficial de aulas no ambiente escolar.
Trata-se de uma pedagogia baseada no incentivo ao protagonismo das crianças e dos adolescentes ao longo do processo de experimentação artística, que visa proporcionar um ambiente de acolhimento e reflexão que as estimule a produzir conteúdos audiovisuais a partir de suas próprias histórias, sonhos, questionamentos, favorecendo a representatividade, a noção de pertencimento e a intervenção na realidade.
Ao final das oficinas de cinema, os estudantes realizam um curta-metragem que é concebido e produzido por eles passando por todas as etapas: roteiro, filmagem, direção e edição. Para isso, o projeto oferece equipamentos audiovisuais e as aulas são conduzidas por profissionais da área do cinema. As oficinas oferecidas ocorrem no contraturno escolar para grupos de 15 a 20 estudantes, cada, definidos por interesse de adesão ao projeto. Já participaram do projeto cerca de 2 mil alunos, 200 educadores e mais 200 filmes foram produzidos nas oficinas.
Partindo de uma abordagem teórico-prática, a equipe trabalha com conceitos fundamentais da linguagem cinematográfica, análise de filmes e criação de exercícios, propiciando aprendizados para a criação e análise de conteúdos audiovisuais que resultam na produção de curtas-metragens concebidos e realizados pelos estudantes. Estes filmes são selecionados para diversos festivais e mostras nacionais e internacionais, e podem ser vistos no link https://vimeo.com/raiar.