De volta à Casa Branca, Donald Trump segue promovendo mudanças que prometem redefinir o rumo dos Estados Unidos. Duas frentes têm dominado as atenções globais: novas políticas de taxação e o endurecimento das regras migratórias. Nesta última, o discurso é rígido — mas os fatos mostram outra realidade. A economia americana continua profundamente dependente da força de trabalho estrangeira, especialmente a qualificada, para sustentar seu ritmo de crescimento.
“Os Estados Unidos não funcionam sem imigrantes. Isso é um fato, não uma opinião”, afirma o advogado Dr. Vinicius Bicalho, especialista em imigração, professor e membro da American Immigration Lawyers Association (AILA), além de CEO da Bicalho Legal Consulting. Ele destaca que, apesar do clima político mais hostil, setores estratégicos da economia americana continuam enfrentando escassez de mão de obra e seguem abrindo espaço para profissionais qualificados do exterior.
Os números confirmam essa demanda. Dados do Bureau of Labor Statistics (BLS), agência oficial de estatísticas trabalhistas dos EUA, projetam que só a indústria de tecnologia precisará de cerca de 377 mil novos profissionais por ano até 2033. O setor de saúde também aparece como um dos mais aquecidos, com quase 200 mil vagas anuais para enfermeiros nos próximos anos — uma demanda impulsionada principalmente pelo envelhecimento da população americana.
Apesar do endurecimento no discurso, o sistema legal de imigração permanece ativo e funcional. “Há muito ruído político, mas o sistema segue operando. Com estratégia, preparo e boa orientação jurídica, o profissional qualificado encontra espaço”, diz Bicalho.
Um dos caminhos ainda abertos é o STEM OPT Extension, que permite a estudantes estrangeiros formados nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática estenderem sua permanência nos EUA por até três anos após a graduação. Outra via importante é o visto EB-2 NIW, uma opção sólida para profissionais altamente qualificados que atuam em áreas consideradas de interesse nacional pelos Estados Unidos.
“O nosso papel é mostrar aos brasileiros qualificados que, mesmo diante de desafios, ainda há caminhos possíveis. Para quem busca mais segurança, estabilidade e melhores perspectivas financeiras, os Estados Unidos continuam sendo uma rota viável. Medidas mais rígidas não significam o fim das oportunidades — apenas exigem mais preparo e estratégia”, destaca o advogado.
O impacto positivo da imigração na economia americana é difícil de ignorar. De acordo com a organização New American Economy, imigrantes representam mais de 17% da força de trabalho do país, movimentam mais de US$ 2 trilhões em poder de consumo anual e estão por trás da fundação de cerca de 45% das empresas da Fortune 500.
Ou seja, longe de serem exceção, os imigrantes são protagonistas no modelo de sucesso econômico dos Estados Unidos.