Em um período marcado por fechamentos, retrospectivas, metas e planejamentos e eventos de celebração, o fim de ano chega com uma avalanche de expectativas e cobranças de performance. À medida que o novo ano se aproxima, muitos se veem sobrecarregados pela pressão de “fechar o ano com chave de ouro” — uma busca por perfeição que muitas vezes gera frustração. Especialistas convidam à reflexão sobre as metas de fim de ano, propondo uma abordagem mais gentil e verdadeira em relação ao que desejamos para o futuro.
Muitos se veem com a obrigação de “fechar” o ano com aquela sensação de missão cumprida. O Psicanalista Raí Rocha, faz analogia com uma vida no estilo de uma lista de checks a serem marcados. “Calma, você não precisa carregar esse peso. De ter que ser tudo muito certinho, perfeito, dentro de um controle. Na verdade não precisa, precisa ser o melhor possível de si mesmo.”
Mas, e quando as metas não são atingidas? E se os sonhos parecem estar mais distantes do que nunca? Como lidar com o peso de um ano que não se encaixa nas expectativas idealizadas? Raí propõe uma reflexão em cima dessas questões, destacando que, muitas vezes, a busca pela perfeição e controle de situações nos impede de viver de maneira leve e verdadeira.
De acordo com a Gestalt Terapeuta, Sandra Salomão, “A gente tem uma cultura que massifica as pessoas a terem essa ideia de que nós nos orientamos no mundo a partir daquilo que a gente pensa, mas o que nos move é o desejo. Então, muitas vezes as promessas de fim de ano não estão verdadeiramente conectadas com aquilo que você quer.” Ela acrescenta, ainda, que “hábitos são difíceis de mudar”, e reforça que “existe uma balança quando as promessas de fim de ano estão mais relacionadas aos deveres do que aos desejos.”
Por isso, é importante refletir sobre o que realmente impulsiona as suas resoluções: o desejo de transformação genuína ou a pressão de expectativas externas? Sandra convida a se questionar se os sonhos estão mais distantes quando não atingimos as metas, e como podemos lidar com o peso que não nas expectativas idealizadas.
Se o fim de ano traz a sensação de incompletude ou insatisfação, o verdadeiro check está na aceitação do seu próprio ritmo. E essa aceitação não significa conformismo, mas sim o reconhecimento de que você está no seu caminho, com suas imperfeições e aprendizados, fazendo o seu melhor possível a cada passo.