Aviadores que fizeram e fazem a diferença pelo Brasil, entre os pioneiros alguns participaram do processo da criação de pilotos de prova e até da privatização da Embraer
Dia 23 de outubro é o Dia do Aviador e Dia da Força Aérea Brasileira, uma referência à data em que, no ano de 1906, Alberto Santos-Dumont realizou o primeiro voo do 14-Bis, no Campo de Bagatelle, na França. A associação INVOZ – Integrando Vozes para o Futuro tem como missão preservar a história e a cultura aeronáutica brasileira. Entre seus associados pilotos, muitos são pioneiros. Todos com sentimentos parecidos com relação à Força Aérea, que são: disciplina, oportunidade e dever cumprido.
O Major Brigadeiro José Elias Matieli, que há 40 anos pertence à FAB e atua até hoje, além de piloto é médico. Dirigiu dois hospitais e foi diretor de saúde da instituição. É categórico em dizer que tudo que há de tecnologia e progresso na medicina mundial foram agregados na Força Aérea.
“O que mais captei na Força Aérea foram a disciplina e a hierarquia com obediência inteligente. E dentro da medicina, acho interessante a evolução que ocorreu durante os anos, com a introdução do que há de melhor para exames e cirurgias. Não me vejo fora da Força Aérea”, revelou Matieli.
Affonso Henriques é grato por ter voado e vivido por quase 35 anos na FAB, vendo de perto as várias fases da instituição, desde sua criação, a experiência da guerra e a abertura para as mulheres. Ele conta sua experiência de militar e aviador com preparo ao combate, algo marcante em sua vida.
“É interessante ver a evolução da FAB. Vivi a passagem da Primeira para a Segunda Guerra, ou seja, da mudança da Força Aérea de origem para a Força Aérea com conceitos da Segunda Guerra Mundial, com absorção de novas tecnologias e avanço da TI. Essa capacidade de absorção tecnológica e a integração do corpo feminino definiram, para mim, um divisor de águas em nossa Força Aérea. Tornar-me militar e aviador, com preparo ao combate, foi marcante em toda minha vida.
Nilson Emanoel Bezerra Chaves ingressou aos 17 anos de idade na FAB. Com a experiência de piloto militar e civil, fala como é ser piloto nessas áreas.
“Sou piloto militar da reserva da Força Aérea e piloto de linha aérea com 30 anos de serviços transportando passageiros. Trabalhei 13 anos na Embraer, hoje sou piloto de ensaios em voo, treino pilotos em simuladores de voo. A Força Aérea me ensinou a disciplina, a força da hierarquia, a liderança, o patriotismo, a confiança no trabalho em equipe e o valor da missão cumprida. A aviação civil me mostrou o valor das habilidades técnicas e não técnicas para gerenciar situações complexas em voo e tomar boas decisões”.
Carlos Roberto Trannin ingressou na Força Aérea em 1983 e chegou a capitão, fez curso de mestrado no ITA e teve a oportunidade de uma grande experiência, participando da criação do primeiro centro de planos de voo do Brasil (CAIS-SP).
“Atualmente, trabalho contratado no IAE e sou grato à Força Aérea Brasileira porque deu-me os melhores amigos da minha vida e as oportunidades para eu crescer e para eu servir ao meu país, primeiro no Serviço de Tráfego Aéreo e agora no Controle Interno do IAE – Instituto de Aeronáutica e Espaço”.
Para Manoel de Oliveira, o seu maior ensinamento na Força Aérea foi a prática da mãe de todas as virtudes: a integridade. O conceito da integridade gerou o principal pilar do ITA: a disciplina consciente. E a busca contínua por atualização fez a FAB evoluir em conhecimento.
“A Aeronáutica se distingue das demais pela importância que dá à pesquisa e ao desenvolvimento. Esse processo é contínuo, de modo que a Força está constantemente se renovando. Uma das grandes evoluções é na formação básica de seus oficiais na Academia da Força Aérea”.
Cel Ricardo Wagner Roquetti trouxe uma visão filosófica sobre a atuação do piloto e sobre a aprendizagem na FAB.
“A Força Aérea tem como natureza intrínseca a Liberdade e a Igualdade. Temas aparentemente contraditórios em dias de extremismos ideológicos que tendem à violência. Tem a “Liberdade” pois o ato de voar em si já é uma ação de escolha, em negar as forças da natureza que impelem o ser humano ao chão. “Igualdade” por fazer da cabine de pilotagem um ambiente onde todos estão igualados no cumprimento da missão. E ainda, acrescentamos um terceiro item, é uma profissão de fé e honra, um crer e um dever. O espírito da Força Aérea é eterno, se você é um Aviador, sempre será um Aviador”, finalizou.
Piloto Sonhador
E claro, não podemos deixar de citar que a FAB teve um piloto sonhador, formado em engenharia aeronáutica. O Coronel Ozires Silva possui uma trajetória que vai de fundador da Embraer a ex-piloto da Força Aérea Brasileira. Hoje, ele faz parte da história do desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira e dos voos alçados por ela, conquistando o mundo e sendo a empresa pioneira com o projeto “dos carros voadores”.
Reconhecimento
Neste dia 24 de outubro de 2024, no DCTA, um desses pioneiros da aeronáutica terá um reconhecimento especial. Manoel de Oliveira, que também ajudou Ozires Silva na Embraer, atuando no financeiro da empresa e sendo um dos responsáveis pelo processo de privatização, receberá a mais alta honraria da FAB: a Medalha Ordem do Mérito Aeronáutico.